sexta-feira, janeiro 27, 2006

As artes a que temos direito

A partilha das artes já está feita, de comum acordo e com muito senso-comum (a baixo de bom-senso e de bom-gosto, portanto).
Há cinquenta anos. Pois é. Ainda no Estado Novo, a criação artística foi entregue, numa bandeja, à esquerda (comunistas, católicos progressistas e outros artistas). Pensaram — alguns brilhantes estrategas pré-marcelistas — que, assim, a esquerda não conspiraria politicamente e se manteria entretida. O resultado viu-se. Entrou-nos pela casa dentro...!
Coisa triste esta de entender as artes como algo de acessório sem perceber que as revoluções políticas são sempre precedidas de revoluções culturais. A esquerda sabe-o e pratica-o.
Por outro lado, a direita-torta a que temos direito, passou a dedicar-se, nestas coisas das artes, às antiguidades. Conservadora que é, faz conservação e restauro. Restauro de trecos, entenda-se, que a Restauração Nacional dá muito trabalho!
O resultado prático desta situação continua: as novas gerações são formadas esteticamente pelos símbolos produzidos pela esquerda — da Arquitectura ao Cinema, da Pintura ao Teatro —, e os meninos e meninas da "não-esquerda" entretêm-se nos salões de velharias...

2 Comentários:

Blogger Flávio Santos said...

Infelizmente o exemplo de António Ferro não frutificou e viu-se o resultado.

4:05 da tarde  
Blogger Je maintiendrai said...

Nem a filha lhe vale quanto mais os outros...?!

12:31 da manhã  

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