quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sociologia

Num dia assim, com esta luz e este céu azul da cor do mar, Lisboa até parece uma bela cidade para se viver e trabalhar; mas, olhando em volta e tendo de lidar com a gente que agora a povoa — tristes mas contentinhos, baixinhos mas empertigados, indolentes mas "com muito trabalho", todos sempre com a desculpa na ponta-da-língua para as suas incompetências —, é obrigatório concluír que esta nova arraia-miúda (do fidalgo indigente ao plebeu desconfiado, passando pelo burguês usurário) não é digna da grande cidade. Se nunca tivessem saído das suas terras, talvez fossem felizes na sua humildade; assim, não passam de incomodativos mosquitos que temos de enxotar a toda a hora do dia. Graças a Deus, à noite desaparecem.

1 Comentários:

Blogger Rodrigo N.P. said...

He:), a mim, confesso, o que me alegra é saber que pelo menos quando entardece posso fugir de Lisboa...ou talvez, lendo a prosa do Mendo, o meu problema com Lisboa seja precisamente não estar lá à noite e poder descobrir que a cidade afinal é outra...não sei.

12:33 da manhã  

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