segunda-feira, julho 31, 2006

Cenas do terrorismo de Estado

Vox Populi

Ouvido na semana passada, numa repartição de finanças lisboeta, sem ar condicionado, onde um único funcionário atendia dezenas de pessoas, cheias de calor. Numa parede, um cartaz gabava as virtudes do Simplex.

Senhora: «Desculpe, dá-me uma informação?»
Funcionário: «Ó minha senhora, desculpe, mas estou aqui só eu e tenho essas pessoas todas para atender.»
Senhora: «Mas é só uma informação...»
Funcionário: «Tenha paciência, mas se começo a dar informações a toda a gente só saímos daqui à noite, essas pessoas todas têm senha e ainda vamos no número 65.»
Senhora: «Porque é que não põem mais gente aqui a atender?»
Funcionário:«Ó minha senhora, os meus colegas foram almoçar e mesmo quando vierem, ainda somos poucos para tanto trabalho.»
Senhora (apontando para o cartaz): «Então e aquilo do Simplex?»
Funcionário: «Se quer que lhe diga, minha senhora, nós estamos é todos cada vez mais lixadex!»

Homenagem

Velas pelos mortos nos ataques israelitas, acesas na noite de Beirute.

domingo, julho 30, 2006

Canaã, 30 de Julho


«Mais de 50 pessoas, 37 delas crianças, foram mortas num bombardeamento israelita a uma cidade do sul do Líbano» (BBC News). Apenas um desejo: que nem um soldado português vá para o Líbano derramar o seu sangue pelos interesses de um Estado terrorista, nascido do terrorismo e governado por assassinos calculistas.

sábado, julho 29, 2006

Ler no Verão

Um novo livro que decerto merecerá o interesse de «liberais» e «miguelistas»: «D. Miguel e o Fim da Guerra Civil - Testemunhos» (Centro de História da Universidade de Lisboa/Caleidoscópio).

sexta-feira, julho 28, 2006

Revoltante

A maneira como as palavras «liberdade» e «democracia» saem violentadas, poluídas e deformadas das bocas de George W. Bush e Tony Blair.

“Tampas”

Praia Grande, 27-VII-2006.

É mais uma que levo. “Enfin c’est de bonne guerre.” Desde os meus 14/15 anos que tenho muitas inscritas no cadastro. As primeiras, aliás, numa praia aqui bem perto desta. No fundo, devem ser da mesma natureza do primeiro amor. São as que fazem mais mossa. Como dizia Cyril Connolly, aliás, “Palinurus”, no seu esplêndido “The Unquiet Grave” — diário que escreveu em plena II Guerra Mundial, ao fazer 40 anos —, que comparava os outros amores a “sóis de Setembro”, que até podem enganar quanto à temperatura, mas amor, à séria, há só um. Tórrido de Sol ou gelado, porque o gelo também queima.
Não tenho, de todo, espírito de coleccionador de troféus, não mantendo as “tampas” em vitrina, com ou sem iluminação, directa ou indirecta, não tendo assim também que pagar à mulher-a-dias de semana para lhes limpar o pó.
Mas lá que as há, de “tampas”, há. Tal como as bruxas.

quinta-feira, julho 27, 2006

Sangue e petróleo (2)

A mancha de petróleo referenciada no «post» das 12.45 de ontem já cobre mais de 60 por cento da costa do Líbano. Terrorismo ecológico com o patrocínio de Israel.

Olha que três

O inenarrável George W. Bush a repetir a cassete desconjuntada e distorcida da «democracia no Médio Oriente» e a fazer a sua interpretação canastrona de pau mandado de Israel ; o palonço Aznar a afirmar que é preciso continuar com os bombardeamentos no Líbano; o espertalhufo ministro Luís Amado a pôr-se de bicos de pés para Portugal mandar tropas para o vespeiro libanês. Três faces de uma mesma desgraça.

quarta-feira, julho 26, 2006

Os dias da rádio

O cidadão Manuel Alegre de Melo Duarte, vulgo «poeta Alegre» ou «cobertor de papa», vai passar a receber, a partir de dia um de Agosto, uma pensão de 3.219,95 euros (645.542 escudos) por mês, como aposentado da Radiodifusão Portuguesa SA. Mas para que justiça seja feita plenamente aos dias do éter de Alegre, ainda lhe falta receber a pensãozinha da Rádio de Argel. Imaginem só os retroactivos...

Morte nem sempre teme amor

Praia Grande, 25-VII-2006

A cara Flor devia saber que amor e morte estão tão intimamente e inexoravelmente ligados como a vida e a morte. A morte nem sempre teme o amor como os Antigos ensinavam e a melhor literatura ocidental reflecte, dando-nos exemplos de amantes que, juntos, também a chamam e ela vem. Seria, talvez, duvidar da sua cultura estar agora a exemplificar, aqui. Estou certo que conhece essas histórias, belas e terríficas.
Sem grandes urgências e com a fantasia de que formos capazes, se quiser servir-me de sereia, estou pronto a internar-me consigo, à hora que escolher, nu como vim ao mundo, num mar em que prometo não me cansar poupando as forças para as partilhar em terra firme. Só não preciso é do Saramago a nadar de conserva connosco, pois só iria atrapalhar.

Sangue e petróleo

E com os bombardeamentos, vem a poluição. Uma enorme mancha de petróleo está espalhada por mais de 40 por cento da costa libanesa, provinda de petroleiros alvejados pela aviação de Israel na zona de Jyyeh, a sudoeste de Beirute. Mais fotos em http://beirutupdate.blogspot.com/2006/07/pics-of-environmental-damage-oil-slick.html

terça-feira, julho 25, 2006

Protesto


A esquerda portuguesa mexe-se para protestar contra o terrorismo de Estado de Israel. E a direita alérgica ao «sistema», não-curva, anti-«neocon», nacionalista ou não, conservadora ou libertária, vai só ficar a ver?

segunda-feira, julho 24, 2006

O livro do Bruno

Praia Grande, 23-VII-2006

Acabo de ler, com todo o interesse, o recém-saído livro de Bruno Oliveira Santos “Nova Frente – Textos da Blogosfera”, Antília editora, Julho de 2006, 263 páginas.
Incisivo, amplo e profundo, tudo expresso em português abejado e de lei, o Bruno é, de facto, um temível polemista, dobrado de um poeta da prosa (e não só, ao que creio). Por uma vez, forma e conteúdo equivalem-se. A ironia que salpica o texto – coisa bem rara entre nós – é, aqui e ali, compensada com algum sarcasmo pois o autor, além de ser inteligente e, portanto, capaz da primeira, também é bom português.
Alguns textos são de pura antologia, como, por exemplo, a “homenagem” a Otelo Saraiva de Carvalho (“A defesa de Abranhos”, pág. 160 e seguintes).
Quanto à que toca ao actual chefe do governo de Espanha, que deve o lugar às asneiras do Aznar, cometidas nas horas que se seguiram aos atentados de Madrid, Zapatero (“Vampiros y mariquitas”, pág. 63), só acrescentaria ao retrato físico, esboçado por Bruno Oliveira Santos, o seguinte sobre a arquitectura facial do espanhol, que, aliás, me impressionou logo às primeiras imagens que dele vi: a parte inferior do rosto é significativa pois, prática e proporcionalmente, quase não apresenta queixo. No âmbito da sapataria, seria como se a um sapato, engraxadinho e brilhante, faltasse simplesmente o tacão. Isto numa altura em que se procuram, com necessidade crescente, mas em vão, na Europa, além de crânios, calcâneos fortes e decididos.

Nótula: Este apontamento não pretende, obviamente, ser uma recensão, de resto, inteiramente merecida, deste livro, mas, tão somente, uma chamada de atenção.

O sapateiro

José Luis Zapatero, presidente do governo espanhol, a quem o cargo caiu no colo graças à chantagem dos terroristas do 11 de Março, continua a fazer das suas. Primeiro assumiu-se como rojo, numa altura em que a esquerda tenta rescrever a História da Guerra Civil e dos seus antecedentes, ajudando a abrir, ainda mais, feridas que muitos não querem ver saradas, numa atitude impensável para o titular de um cargo com as responsabilidades como o seu. Agora decidiu usar publicamente um lenço palestino. O que pensará um familiar de alguma das vítimas mortais do 11-M? Uma coisa é criticar o terrorismo de estado a que Israel habituou o mundo, outra coisa é passar a imagem de militante pró-islâmico. Será que é um agradecimento pelos resultados eleitorais que lhe garantiram a cadeira? Um triste ideia, que lhe valeu a ridícula acusação de anti-semitismo.

Atitudes como estas mostram que as esquerdas, mesmo quando se apresentam como moderadas, têm sempre a utopia de defender causas estranhas, mesmo que sejam contra o seu povo e o seu país.

domingo, julho 23, 2006

Bem Bond

Ursula Andress, eleita Melhor 'Bond Girl' de Sempre pelos leitores da revista «Empire». No papel de Honey Ryder em «007-Agente Secreto» (1962), de Terence Young. Pormenor: foi Andress que concebeu o biquini da personagem.

sábado, julho 22, 2006

Tiro ao alvo

O «tiro ao alvo» dos militares israelitas no Líbano visto por Garland no «The Daily Telegraph».

sexta-feira, julho 21, 2006

Vozes livres e lúcidas

«O ataque de Israel a um Líbano indefeso - rebentando com pistas de aeroportos, depósitos de combustíveis, postos de gasolina, estações eléctricas, faróis, pontes, estradas e com o comboio de refugiados avulso - deixou clara a loucura de Bush ao ter subcontratado a Telavive a política externa norte-americana, entregando assim a Israel a custódia da nossa reputação e dos nossos interesses no Médio Oriente».

Patrick Buchanan, www.theamericancause.org

«O que teria acontecido se o impotente governo libanês tivesse desencadeado ataques aéreos a Israel da última vez que as tropas israelitas entraram no Líbano? E se a força aérea libanesa tivesse então morto 73 civis em raides aéreos a Ashkelon, Telavive e à zona israelita de Jerusalém? E se um caça libanês tivesse bombardeado o Aeroporto Ben Gurion? E se um avião libanês tivesse destruído 26 pontes em Israel? Não se lhe chamaria um acto «terrorista»? Acho que sim. Mas se Israel fosse a vítima, seria também provavelmente a Terceira Guerra Mundial».

Robert Fisk, «The Independent»

«Em Gaza, um soldado é raptado ao exército de um Estado que frequentemente arranca civis das suas casas e os mantém presos durante anos, com ou sem julgamento - mas só nós é que podemos agir desta forma. E somos os únicos a ser autorizados a bombardear centros de populações civis».

Gideon Levy, «Haaretz»

quinta-feira, julho 20, 2006

Ir ao mar

Praia Grande, 18-VII-2006

Fui ao mar ontem, pelas seis da manhã, e internei-me quilómetros, só, absolutamente só. Quando decidi fazê-lo, foi menos por ter observado, daqui alcandorado, que "o mar estava bom", mas mais por ser impulsionado pelo que me levou, há décadas, a ter lá quase ficado, uma noite, por estas bandas. Mas isso é já outra história como diria o Conrad, que também gostava do mar.
É claro: de correntes está ele cheio, de que sempre têm o cuidado de nos prevenir os acorrentados de terra. Como se não percebessem que é, em parte, para nos afastarmos deles que vamos para o largo, incorrendo, se necessário, em afrontar as tais correntes, que até podem ser fatais. Fatais mas não iguais.
Para ir ao mar desta maneira é preciso sentir o mar por dentro, o seu apelo branco e, sobretudo, glauco, que é a "cor" que se vê quando se nada e se ousa olhar para o fundo sem fundo. De facto, para ir ao mar à séria, há que ter o mar dentro de si; também há os que vão, por snobe ou fome.

quarta-feira, julho 19, 2006

Blogues pelo Líbano

terça-feira, julho 18, 2006

«Está cá um bafo!»

Porque é que o calor dos tempos da nossa infância e juventude era diferente do da idade adulta? Porque a memória assim o faz, mas também porque era realmente diferente, por causa dos sítios onde o sentimos e a que nunca mais voltámos, e daqueles que o sentiram connosco e depois foram desaparecendo. Recordo-me do Verão quente durante o «Verão quente» de 1975, na casa da família, no Ribatejo. A minha avó de bata leve como ela gostava, atarefada na cozinha e a beber «mazagran», ajudada pela minha mãe e pela formidável criada Beatriz, a minha irmã, ainda miúda, a brincar no terraço com um ringue de borracha, a cadela a deitar os bofes pela boca e a deitar-se à sombra da cadeira de campismo onde eu lia ficção científica, os gatos a restolhar lá em baixo no jardim, o primo Arlindo, que jantava «sempre pela fresca», a chamar os pombos para os alimentar, sob a latada de uva moranga, e as aves quase que paralisadas no voo pela caloraça, o primo Jacinto a vir da estação só para anunciar que lá ainda estava «mais quente do que aqui» e para dizer mal dos comunistas que queriam «dar cabo disto tudo», o ar pesado, a tremer, quase que se podia tocar, a prima Laureana, toda de preto, a lamentar a canícula, a prima Maria a dizer que se continuasse assim o Tejo ficava «quase só poças» e que a «Estrudes» tinha desmaiado no Largo da Bomba por causa do sol, «vejam lá, coitadinha», a Dona Gina, encaloradíssima, a ligar à minha mãe para se queixar, «Ó filha, nem no sofá da sala consigo estar, vê lá!». E o meu pai, acabado de sair do duche, à espera do Telejornal na RTP a preto e branco para dizer cobras e lagartos do Vasco «Louco» e do Cunhal, vestido com uma camisa de manga curta que ainda guardo numa gaveta, a sentar-se noutra cadeira ao pé de mim, uma Sagres gelada numa mão e um livro sobre betão armado na outra, e a dizer: «Está cá um bafo!». Saudades das férias de três meses e da casa grande e fresca, saudades desse Verão duplamente quente, saudades desse calor que quase secava o Tejo, fazia os pombos como que parar no ar e as velhotas desmaiar na rua, saudades dos meus mortos.

Líbano 2

Que corajoso David este, que tão ameaçadores Golias ataca sem dar quartel.

domingo, julho 16, 2006

Líbano


Perigosos terroristas afugentados pelos certeiros bombardeamentos das intrépidas forças israelitas.

sexta-feira, julho 14, 2006

Um crime dos “bons”

O Paulo lembrou ontem o assassinato de José Calvo Sotela, quando passam 70 anos deste acto de cobardia vergonhoso que foi a gota que fez transbordar a Guerra Civil em Espanha. É muito importante manter viva a memória deste e de outros trágicos acontecimentos, numa altura em que é politicamente correcto colar-se aos rojos, contra os “fascistas”, claro está. Estes democráticos louvam a Frente Popular, mesmo que esta tenha “ganho” as eleições de 1936 num ambiente a tresandar a golpe de estado. Nessa altura, as esquerdas — hoje santificadas — “eram maioritariamente messiânicas e totalitárias”, nas palavras de Pío Moa, cuja entrevista ao Minuto Digital aconselho. Nada que choque, ou sequer perturbe, o esquerdalho instalado que hoje se arroga dono da verdade e da razão.

quinta-feira, julho 13, 2006

Sócrates no Parlamento

O homem vendia frigoríficos aos pinguins, aquecedores aos berberes, tapetes aos vendedores de tapetes do Cairo. Só que enquanto ele fala, nós é que estamos a ser vendidos aos bocadinhos.

quarta-feira, julho 12, 2006

Os impunes

Eles fazem tudo o que querem e ninguém os mete na ordem.

segunda-feira, julho 10, 2006

As palavras misteriosas

Enquanto todo o mundo discute o que terá Marco Materazzi dito a Zinedine Zidane para este rematar a sua carreira futebolística com uma carga tauromáquica, o Jantar das Quartas adianta algumas possibilidades sobre as palavras misteriosas que fizeram o craque "bleu" ver vermelho:

1 - "A tua irmã não anda no curso nocturno na Rua Saint Denis?"
2- "Há calções desses, mas para homens, lá no vosso balneário?"
3 - "Zizou, isso é diminuitivo que te deram nos banhos turcos?"
4 - "Tu é que és o treinador de mergulhos do Thierry Henry?"
5 - "Quando te reformares, passas para o futebol de praia?"
6 - "Gostas mais de guiar carros ou de lhes pegar o fogo?"
7 - "Olha o Le Pen ali na bancada!"

Fine

Viva os verdadeiros azuis!

domingo, julho 09, 2006

União nacional

O único homem que consegue unir os portugueses é um treinador de futebol brasileiro. O Brasil é o futuro de Portugal.

sexta-feira, julho 07, 2006

Mais um “fascista”

O eurodeputado polaco Maciej Marian Giertych, da Liga das Famílias Polacas, elogiou Salazar e Franco durante uma sessão plenária do Parlamento Europeu pelo papel anticomunista e de defesa dos valores católicos de ambos. Claro está que foi prontamente marcado com o ferro “fascista”, para que se distinga bem dos outros. Num parlamento politicamente correcto não se querem aqueles que desafinam a balada do pensamento único, mesmo que democraticamente eleitos. Por cá, as críticas fazem todo o sentido. Neste país onde se dá pensões aos “anti-fascistas”, o que interessa não é a democracia mas o “fascismo” — que aqui só existiu na historiografia marxista —, já que se enaltecem publicamente aqueles que queriam instalar em Portugal ditaduras de tipo soviético e outras.

quinta-feira, julho 06, 2006

Ainda a bola…

Interrogações em fim de Mundial: Será mesmo necessário haver um jogo para decidir o terceiro e quarto lugar? Não será uma “tortura desnecessária” como já alguém a definiu? Não podia ser decidido por vitórias ou golos, por exemplo?

De volta ao mundo real


A «paz» dos eleitos segundo Chard.

quarta-feira, julho 05, 2006

Enigma nacional

Porque será que os portugueses não conseguem mobilizar-se desta forma, ter um tão grande impulso de participação colectiva, dar uma expressão tão enfática e sentida da sua identidade, e encarar a adversidade de forma tão positiva noutras situações que não relacionadas com o futebol em geral, e a selecção nacional em especial?

segunda-feira, julho 03, 2006

A selecção «francesa»

Com «bleus» desta «genuína» cepa gaulesa, ainda se queixam do Deco?

sábado, julho 01, 2006

Problemas de coluna

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, professor Freitas do Amaral, no seu gabinete, passando em revista a actuação na pasta e reflectindo sobre o seu percurso político, pouco tempo antes de apresentar a demissão ao primeiro-ministro.