sábado, setembro 30, 2006

Hemingway, o criminoso de guerra


Primeiro, foi o Prémio Nobel da Literatura alemão Günter Grass a revelar que tinha sido das SS no final da II Guerra Mundial, embora tenha jurado que nunca disparou um tiro. Agora, descobre-se que outro Prémio Nobel da Literatura, o americano Ernest Hemingway, não só matou prisioneiros de guerra alemães na II Guerra Mundial após a invasão da Normandia, como admitiu ter gostado da sensação. A notícia já veio no jornal argentino "El Clarín", no italiano "Corriere della Sera" e no brasileiro "Estado de S. Paulo": um jornalista alemão da revista "Focus", Rainer Schmitz, enquanto recolhia material para um livro de histórias pouco conhecidas, curiosidades e anedotas sobre escritores famosos, descobriu duas cartas escritas por Hemingway. Nelas, o autor de "Adeus às Armas" não só descreve como matou vários soldados alemães prisioneiros de guerra - um total de 122, segundo o próprio contabilizou em 1950 -, como se gaba de tais actos e salienta "sim, tive prazer em matar". Num dos episódios, Hemingway conta que alvejou um "jovem soldado alemão que tentava fugir numa bicicleta e que devia ter a idade do meu filho Patrick". Noutro ainda, quando um SS - referido como um "kraut" - o desafia e fala na Convenção de Genebra, o escritor alveja-o três vezes à queima-roupa, no estômago e na cabeça, e vê "os miolos sairem-lhe pela boca". Não se conhecem testemunhas destes actos e sabe-se que Ernest Hemingway gostava muito de se gabar, cultivava cuidadosamente uma imagem machista e tendia a exagerar histórias da sua vida e embelezar dados biográficos. Mas a verdade é que o escritor teve não só a oportunidade como também o poder para fazer o que disse nas cartas e obviamente, ficar impune. Além disso, sempre gostou de armas, sabia usá-las e tinha o prazer da caça. Num artigo publicado em Abril de 1936 na revista "Esquire", escreveu esta frase arrepiante: "Certamente nenhuma caça se pode comparar à caça ao homem, e quem caçou homens armado, por um longo período de tempo e com prazer, nunca mais se interessou por outra coisa depois dessa experiência". O correspondente de guerra Hemingway juntou-se ao exército americano em meados de 1944, por altura da invasão da Normandia, como oficial, estava com as primeiras tropas que entraram em Paris e trabalhou para a OSS, antecessora da CIA, podendo assim interrogar prisioneiros de guerra. Na segunda das duas cartas referidas, datada de 1950 e enviada ao seu amigo Arthur Mizener, professor de literatura na Universidade de Cornell, Ernest Hemingway escreve: "Fiz alguns cálculos e posso afirmar com exactidão que matei 122 alemães". Resta ver como reagem os indignados profissionais das "atrocidades" dos derrotados na II Guerra Mundial, a esta revelação de que um dos mais ilustres nomes literários da banda dos vencedores deste conflito foi um criminoso de guerra. Só que do lado dos "bons".

sexta-feira, setembro 29, 2006

Já agora...

A própósito do cancelamento da encenação, alegadamente ofensiva para os muçulmanos, do 'Idomeneo' de Mozart, na Deutsche Oper de Berlim: porque será que há sempre tantos medinhos, tantos não-se-pode-fazer e tanta auto-censura com qualquer abordagem artístico-cultural de tudo o que envolva Islão e judaísmo, e qualquer diva pop cana rachada, qualquer artista "conceptual" bedungoso pode dar tratos de polé à iconografia e às figuras do cristianismo, que é logo aclamado pelas massas, defendido pelos media e apaparicado pelas pseudo-elites? Estou à vontade para perguntar isto porque: a) não sou crente; b) sou contra a censura. Mas se a Madonna se pode "crucificar" estilizadamente num concerto usando uma coroa de espinhos de néon, e se se pode pintar Jesus Cristo a comer um Big Mag e a beber Fanta por uma palhinha, então também se pode passear um mono de Maomé no palco enquanto se lhe dá pauladas e serra a cabeça, ou fazer um número de malabarismo com a Tora disfarçado de rabi transexual e a contar piadas sobre Auschwitz.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Sinais que não enganam

As sobras do número 2 do 'Sol' nas bancas.

Elitismo insolente



Abaixo os «Morangos com Açúcar» do José Eduardo Moniz, viva os «Morangos Silvestres» de Ingmar Bergman!

terça-feira, setembro 26, 2006

De «referência»

O "El País", tão lido, admirado e apontado em Portugal como modelo de jornal de «referência», noticia nestes termos, na edição de hoje, a venda em leilão, numa vila da Cornualha, de algumas aguarelas pintadas por Adolf Hitler durante a I Guerra Mundial: "Não são de um artista qualquer [estas obras], mas sim de Adolf Hitler, o assassino nazi (...)". "Uma série de 21 obras do responsável pelo holocausto (...)", "(...) atribuídas ao maior assassino do século XX (...)". Um belo naco de objectividade e isenção jornalística, tendo em conta que se trata de uma mera notícia e não de um artigo de opinião (e mesmo assim...). De "referência", sim senhor.

Para quando a proibição das bifanas?

segunda-feira, setembro 25, 2006

Campanha eleitoral no Brasil-"Best of"



E de onde estes vieram, há muitos, muitos mais...

domingo, setembro 24, 2006

Campanha eleitoral no Brasil (8)



Vote Adão Pinguim!

Campanha eleitoral no Brasil (7)



Maurício do Avestruz!

Campanha eleitoral no Brasil (6)



Meu nome é Patrícia!

Campanha eleitoral no Brasil (5)



Peroba neles!

Campanha eleitoral no Brasil (4)



Coronel Gondim, governador da segurança!

Campanha eleitoral no Brasil (3)



Super-Moura, contra a Corrupção e o Mensalão!

Campanha eleitoral no Brasil (2)



Dr. X por uma Bahia mais feliz!

Campanha eleitoral no Brasil (1)



Aposentado não está morto, não!

sábado, setembro 23, 2006

Pálido 'Sol'

Tal como eu suspeitava, o 'Sol' do arquitecto Saraiva não merece que nos levantemos no sábado de manhã a pensar que nos vai iluminar de alguma forma. Não passa de uma versão 'dumbed down', tablóide e graficamente pirosa do 'Expresso'. Ainda por cima, menospreza gritantemente a cultura, as artes e os espectáculos, e tem uma agenda política assustadora por trás. Resta saber apenas quando tempo demorará a dar o estoiro, e até lá, quantos milhões de euros consumirá aos seus investidores. Por mim, ainda não é desta que vou voltar a dar dinheiro por um jornal português.

Nostalgia televisiva



Uma das melhores séries da história da televisão, com um dos mais brilhantes e memoráveis genéricos de sempre. Sempre tive um fraquinho pela Diana Rigg e sempre quis ter um chapéu-de-chuva com estoque como o do Patrick Macnee.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Boas alunas



No final dos anos 70 e no início dos anos 80, tive várias colegas na Faculdade de Letras de Lisboa que bem podiam ter sido «centerfolds», como a desta grande canção da J. Geils Band, de 1981. Aqui fica 'Centerfold', em homenagem a todas elas e em memória desses agitados mas bons tempos, e das vezes em que a dançámos em discotecas que já não existem.

Um que não se corta

O realizador inglês Ken Loach, um socialista à moda antiga, apoiante do "Old Labour" e execrador de Tony Blair, que não pode ser acusado de "fascismo" ou "anti-semitismo", decidiu juntar-se ao boicote académico mundial de Israel e recusou participar no Festival Internacional de Cinema de Haifa. Loach, que ganhou este ano o Festival de Cannes com 'Brisa de Mudança', declarou na sua mensagem: «Apoio o apelo dos artistas e produtores de cinema ao boicote das instituições israelitas subsidiadas pelo Estado de Israel e peço aos outros que se juntem a esta campanha. Os Palestinianos foram constrangidos a lançar este apelo de boicote após 40 (??) anos de ocupação da sua terra, a destruição das suas casas e o assassínio dos seus cidadãos, sem que tenham qualquer esperança que esta repressão cesse. Enquanto cidadãos britânicos, devemos reconhecer a nossa responsabilidade pessoal, e denunciamos o governo britânico e o governo dos EUA pelo apoio militar e bélico que dão a Israel. Devemos opor-nos ao terrorismo dos governos ilegítimos da Grã-Bretanha e dos EUA."

quinta-feira, setembro 21, 2006

Budapeste, 1956-2006



Há 50 anos, protestaram contra a mão dura do comunismo soviético, hoje protestam contra a mentira desvendada do comunismo "soft".

quarta-feira, setembro 20, 2006

História militar



A pedido de algumas famílias, um pouco mais de Marinha Imperial Japonesa.

terça-feira, setembro 19, 2006

Mentiroso

O primeiro-ministro da Hungria não é notícia porque mentiu ao povo. É notícia porque mentiu ao povo e foi apanhado.

Ainda o Brasil

A ganância da TV Cabo, que por mesquinhas questiúnculas de cifrões tirou do ar o canal GNT para o substituir pelo TV Record, privou-nos do "Manhattan Connection", um dos melhores programas de debate de todo o espectro televisivo, onde pontificava o acutilante, destemido e desformatado Diogo Mainardi (ver "post" O Brasil Vai a Votos, abaixo), digno sucessor dos imensos Nelson Rodrigues e Paulo Francis. Agora, ao fim da noite, apanhamos com as arengas dos "pastores" futricas da IURD.

domingo, setembro 17, 2006

Nelson e o Brasil



E como quem fala em Brasil fala em Nelson Rodrigues, uma dele, tirada de "Flor de Obsessão": «Eis o nosso dilema - ou o Brasil ou o caos. O diabo é que temos a vocação e a nostalgia do caos».

O Brasil vai a votos



As próximas eleições além-Atlântico glosadas com o humor, a imaginação e o sentido musical que só os brasileiros possuem. Apesar da falência política e moral do lulismo, da corrupção generalizada no PT e na contra-elite de esquerda e de, como escreve Diogo Mainardi na "Veja" desta semana, os lulistas comprarem tudo - «Compram jornalistas, compram deputados, compram nordestinos pobres» -, o Brasil resiste. E continua a troçar do poder que primeiro o ilude e depois o desilude. E continua a rir.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Quase no fim...



E porque o Verão está mesmo a acabar, uma das grandes canções de Verão de sempre: 'The Boys of Summer', Don Henley (1984). Quantos Verões já se passaram desde então...

quinta-feira, setembro 14, 2006

S.O.S. Racismo

O Teatro Nacional de São João do Porto, institução pública sustentada com o dinheiro dos contribuintes, vai iniciar hoje a sua nova temporada com uma encenação da peça 'Os Negros' (1958), da autoria do escritor delinquente "maldito" Jean Genet, que os bons ofícios de Jean Cocteau, Pablo Picasso e Jean-Paul Sartre, entre outros, livraram, em 1949, de uma condenação a prisão perpétua por malfeitorias variadas. Genet esclareceu que 'Os Negros' não era uma peça "a favor dos negros, mas sim contra os brancos". Ora imaginemos agora que um teatro português, nacional ou outro, decidia levar à cena uma peça definida como sendo "não a favor dos brancos, mas sim contra os negros". Nem a ensaios iria, tal o alvoroço, tal o escândalo, tal a indignação que se levantaria, tal o 'tsunami' politicamente correcto que se abateria sobre ela. O mais certo era toda a gente envolvida na produção acabar na cadeia, sob a acusação de xenofobia e incitação ao racismo. Mas 'Os Negros', o texto anti-branco, racista, de Jean Genet, vai abrir hoje, com toda a pompa, a nova temporada do Teatro de São João do Porto. Teatro Nacional. Sustentado pelos contribuintes.

terça-feira, setembro 12, 2006

Israel, os espiões e o 11 de Setembro (2)



Continuação da interessante notícia da Fox News.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Israel, os espiões e o 11 de Setembro (1)



De reparar que a reportagem é da Fox News, uma estação habitualmente apoiante da política da Casa Branca e dos "neocons", e de Israel.

11 de Setembro de 2006

"A nossa política no Médio Oriente, traduzida num apoio incondicional a Israel e a déspotas locais, é virtualmente um cartaz de recrutamento para a Al-Qaeda. A guerra do Iraque, a invasão do Líbano, a ameaça crescente à Síria e ao Irão - se Bin Laden está a dizer ao mundo muçulmano que os Cruzados se estão a movimentar para varrer o Islão da face da terra, então as nossas acções confirmam este prognóstico todos os dias."

Justin Raimondo, www.antiwar.com

Espantado, eu?

O Estado que tanto se esforça a perseguir e intimidar os cidadãos fumadores que pagam os seus impostos, é o mesmo Estado que vai abrir salas de chuto nas cadeias e permitir a delinquentes e toxicodependentes que se droguem à vontade à custa dos cidadãos contribuintes, fumadores e não-fumadores.

domingo, setembro 10, 2006

Futebolândia

Sabemos que vamos para Portugal quando...

a fila do «check-in» no aeroporto de onde vamos sair está cheia de gente a falar de futebol em voz alta.

Sabemos que chegámos a Portugal quando...

só se ouve gente a falar de futebol aos berros enquanto esperamos pelas malas no aeroporto de destino.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Cambada de fachos!

A dois meses das eleições, o presidente norte-americano deixa de lado o vago conceito de “guerra contra o terrorismo” e insiste no ataque aos “islamofascistas”. Decididamente, este neologismo, muito utilizado pela extrema-direita israelita, não deixa de ser igualmente difícil de definir, mas em campanha é melhor um bom slogan que ideias claras.

Por outro lado, para a grande maioria no mundo islâmico os “fascistas” são os judeus. Em vários programas difundidos pela Al-Manar, o canal de televisão do Hezbollah, o estado de Israel é considerado “nazi” e comparado ao III Reich. Bush também não escapa, esse “fascista” é amiúde comparado a Hitler pela propaganda islâmica, o que faz as delícias das esquerdas europeias.

E no nosso caso? Os nacionalistas, os identitários, os saudosistas e os conservadores, os que apenas se afirmam “à” ou “de” direita, ou, por fim, aqueles que, longe de qualquer ideologia ou filiação partidária, criticam o politicamente correcto, o pensamento único e a imposição do multiculturalismo? São também “fascistas”, com certeza.
Somos todos “fascistas”!

quinta-feira, setembro 07, 2006

A invasão imigrante e os “novos europeus”

A manchete do último número da revista norte-americana «Newsweek» é “The New Europeans”, sendo a capa ilustrada com uma fotografia de imigrantes dominicanos em Espanha. Só por si, este título reflecte a atitude de baixar de braços que actualmente caracteriza os autóctones da Europa. Ao admitir que as vagas invasoras constituem os “novos europeus”, admitimos também, por oposição, que os “velhos” europeus — nós — estão inevitavelmente condenados à extinção e, consequentemente, a nossa civilização condenada ao desaparecimento.

Apesar de politicamente correcta, a revista não deixa de apontar elementos interessantes, como salientar a importância do factor étnico naquele que considera o “verdadeiro choque de civilizações”, registando “o aumento de uma guerra étnica, que põe grupo contra grupo, raça contra raça”. Sobre esta escalada de violência, aborda casos como o dos gangs latino-americanos em Madrid, ou os motins de afro-magrebinos em França. No plano de políticas nacionais de imigração, dá conta da preferência que é dada pelos países e pelos empregadores aos trabalhadores do Leste europeu, recusando os imigrantes do terceiro mundo e os seus descendentes, mesmo que nascidos na Europa, que apesar de por vezes terem a vantagem partilharem a língua do país de acolhimento não se integram numa sociedade europeia. Como era de esperar, na conclusão insiste-se que o “desafio para a Europa é a construção de uma sociedade onde todos sintam que é possível beneficiar”, mas termina com uma possibilidade pessimista — que talvez seja já um abrir de olhos daqueles que só viam lados positivos na imigração —, “se isso falhar, as vagas de imigrantes de sítios, fés, raças e culturas diferentes serão deixadas a voltar a sua ira uns contra os outros e, muito provavelmente, contra as terras prometidas onde as suas promessas morreram”.

Outro artigo bastante interessante na mesma edição é “Roads to nowhere”, sobre as vagas de imigração dentro do terceiro mundo, que estão a igualmente a provocar conflitos sociais e étnicos. Dos vários casos citados refiro aqui o de um angolano que imigrou para o Brasil, por causa da proximidade linguística e na falsa esperança de que “iria ser tudo amor e fraternidade, como uma telenovela brasileira” mas, como noutras situações, não foi bem o que aconteceu. Ainda nesse artigo e segundo um gráfico sobre movimentos migratórios mundiais, verificamos que, em termos percentuais, os movimentos Sul-Norte e Sul-Sul se equivalem. No extremo-oriente, o caso do Japão é analisado no artigo “This is the new Japan” — atente-se à mesma constatação derrotista que na Europa —, no qual vagas de imigrantes começam a alterar radicalmente esta sociedade conservadora.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Os piratas de Lapouge

Praia Grande, 3/IX/06

Ao deixar, mais uma vez, a tórrida Lisboa, passando antes de ontem pela Fnac do Chiado, dei com “Os Piratas”, de Gilles Lapouge, em tradução portuguesa acompanhada de gravuras, editado pela Antígona.
Lembro-me quantas vezes, pelos meus doze anos, me entusiasmei e sonhei com as façanhas e aventuras dos piratas, tanto por variadas leituras que fazia, como pelos filmes que via, quase todos de origem anglo-saxónica. Barcos, combates, saques, o brilho dos tesouros, a ética que podia até chegar a código de honra, dos fora-da-lei, e, sobretudo, a liberdade selvagem que se escondia na garra dessas imagens.
Desta feita, agradou-me agora ver o magnífico livro de La Pouge — que, aliás, conheci em Paris, apresentado por um colega brasileiro, o Fernando Dil, e em casa de quem estive nos anos 80 — ilustrado e vertido para português.
Li-o quando saiu em França, exactamente naquela década de 80, e impressionou-me muito, ajudando-me a compreender melhor o que havia no fundo dessa sacudidela: a sombra desesperada do fulgor dos incêndios, o sabor a sal e o cheiro a enxofre das violações, o sonho abrasado de glória, a liberdade do Inferno, o fascínio da Destruição.
Tudo descrito por um francês bem educado, que não deixou que as boas maneiras lhe embaciassem o fulgor do estilo, nem que o conhecimento filosófico e histórico, que é grande, lhe aparasse as asas da imaginação.
Escrevo este bilhete e vem-me à ideia que, de certo modo, o destino dos amantes é como o dos piratas: o esplendor que cega o mito, a luz do impossível. Sabem que não podem viver se desfizerem radicalmente o pacto com o mundo, mas só sentem que vivem quando atravessam essa fronteira de fogo e respiram o último sopro do instinto de sobrevivência.
É esse, creio, o sentido de uma ária da “Tosca” de que muito gosto: “Vissi d’art, Vissi d’amore”.

sábado, setembro 02, 2006

Postal de Itàlia - O muro

O presidente da Camara da cidade de Pàdua, na zona do Veneto, em Itàlia, mandou erguer um muro em redor de uma urbanizaçao degradada, originalmente construida para instalar estudantes mas que hoje alberga imigrantes e que se tornou num foco de criminalidade e de tràfico de droga. O dito autarca é de um partido de esquerda e nao um perigoso "racista e xenòfobo de direita", e defende a construçao do muro como forma de protecçao dos cidadaos contra o crime e o tràfico de droga associados à urbanizaçao. Muitos dos imigrantes legais e com empregos legitimos que vivem na zona também aplaudiram a medida, porque se sentem igualmente ameaçados pelos delinquentes e nao querem ser identificados com eles aos olhos da populaçao local e dos italianos.