quinta-feira, janeiro 31, 2008

A cultura do radical 'chic'

Como a cultura não é preocupação prioritária de Sócrates, os protestos do establishment do sector foram (pelo menos temporariamente) estancados com a entrega da respectiva pasta a um homem da esquerda chic, radical e cosmopolita, daquela que consegue compaginar as preocupações com os descamisados e o amor pelas petty causes na moda, com os cargos confortáveis nas administrações de grandes empresas públicas ou instituições cuturais privadas. Pinto Ribeiro navega politicamente naquele estreito entre a ala mais radical do PS e o Bloco de Esquerda, pelo que podemos esperar o pior quando ele começar a meter as mãos na massa cultural. Há muita gente por aí que ainda há-de sentir saudades de Isabel Pires de Lima.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Aquisição

Será a nova ministra da Saúde o Makukula de Sócrates?

terça-feira, janeiro 29, 2008

O progresso

Ontem, a SIC mostrou uma longa e elucidativa reportagem sobre os portugueses que vão, cada vez em maior número, trabalhar na construção civil em Espanha durante largas temporadas. Os vários entrevistados, todos operários qualificados, declararam-se muito satisfeitos com os ordenados altos, as boas condições de trabalho e os vários privilégios paralelos de que gozam, caso da habitação paga, dizendo ainda que trabalhavam "com muito mais gosto" na Galiza ou em Valladolid (entre outros sítios) do que por cá, mesmo que tivessem que dar mais horas de trabalho por dia aos patrões. É este o "Portugal que progride" de Sócrates? Progride, para onde? Para Espanha?

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Leitura recomendada


Nas livrarias mesmo a tempo para assinalar, no dia 1 de Fevereiro, os 100 anos da tragédia que nos fez perder o século XX. "Era um homem independente, sensato e corajoso, capaz de suportar grandes pressões e de tomar decisões arriscadas quando se impunham. Morreu por causa das suas qualidades, não por causa dos seus defeitos".

Pouca fé

Lembrava ainda agora, na SIC Notícias, Medina Carreira, a propósito do "combate" às corrupção em Portugal: "Começou em 1983 com o coronel Costa Brás, quando Mário Soares criou a Alta Autoridade Contra a Corrupção. Em 1983! Passaram 25 anos e ainda não foi apanhado nenhum corrupto". Mas então Medina Carreira não ouviu o ministro Alberto Costa dizer ontem, muito sorridente, que "as instituições estão a funcionar"? Ele há gente de tão pouca fé, não há?

Paz e unidade

Enquanto em Lisboa, Cavaco Silva punha a tampinha na cabeça e ia prestar vassalagem aos detentores do exclusivo do sofrimento, na guetizada Faixa de Gaza os pretensos exterminados prosseguiam com a sua desumana, metódica e impune política de extermínio dos palestinianos. Um belo exemplo de como atingir a "paz universal" e a "unidade na diversidade" tão queridas ao senhor Oulman Carp, presidente da comunidade israelita em Portugal, que falou antes de Cavaco Silva ter enfiado a touca... perdão, posto a tampinha.

domingo, janeiro 27, 2008

Uma noite na ópera

Parece que foi um desastre de público, a megalómana e dispendosíssima iniciativa de transmitir via satélite, e em simultâneo para não sei quantos teatros da província e ilhas, a estreia mundial da interminável (quatro horas!), abstrusa e "vanguardista" ópera Das Märchen, de Emmanuel Nunes. Se querem levar a ópera ao povo, não valia mais retomar as récitas que havia dantes no Coliseu dos Recreios, a preços mais apetecíveis do que os do São Carlos, e que costumavam esgotar lotações? Mas parece que Vieira de Carvalho, o musicólogo e secretário de Estado da Cultura, cuja cabeça foi "feita" na ex-RDA e é o principal responsável pelo fracasso de Das Märchen, prefere dissipar o dinheiro dos contribuintes em loucuras destas. Ou talvez a culpa seja dos rústicos ignaros de Ponte de Lima, Leiria, Coimbra ou Faro. Não souberam dar valor à pérola musical que, via satélite, lhes foi atirada da capital.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Lareiras? Proteja-se já!

Diz aqui o Victor Abreu, que a sempre imaginativa polícia higiénica prepara razões para nos entrar em casa. A grande preocupação, desta vez, são as lareiras. Algo que, como é sobejamente sabido, constitui um perigo comparável ao do "terrorismo internacional". Antecipando-me a outras leis abusivas, que estarão certamente a caminho, aconselho a todos os que não querem tamanha ameaça no seio dos seus lares a comprar um dos objectos mais estúpidos alguma vez produzidos: o DVD Lareira!

'Dai, Italia!'



O governo de Romano Prodi perdeu um voto de confiança no Senado e caiu. Bronca escancarada no areópago. Grande Itália! Ao menos o valor de entretenimento dos seus políticos é bastante alto, como se pode ver pelas imagens. Em Portugal, não passam de uns monos pomposos.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Tudo a bem da saúde

Conta-me um amigo que no último Prós & Contras, aquele senhor Georgeovitch que preside ao Soviete da Saúde, afirmou que as lareiras faziam muito mal às pessoas e que até deveriam ser proibidas. Reparem bem o que está implícito numa afirmação destas: "Um destes dias, começamos a entrar em vossas casas para vos protegermos das lareiras que tanto mal vos fazem. E aproveitamos para vos proibirmos de fumar no remanso dos vossos lares. É tudo para serem mais saudáveis, quer queiram, quer não". Pois se eles já violam a privacidade dos cidadãos para apreenderem computadores e livros...

terça-feira, janeiro 22, 2008

Entretanto, em Gaza...


No meio das discussões sobre a lei anti-tabaco e dos trambolhões das bolsas mundiais, convém não esquecer a política de extermínio (este autêntico) que os ocupantes da Palestina continuam a levar a cabo, impunemente, na Faixa de Gaza.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Premiado

Bipartidarismo

O extremo-centro (PS/PSD) quer um sistema político de alternância democrática do tipo "vira o disco e toca o mesmo" e de rotativismo gastronómico à maneira do "ora agora como eu, ora agora comes tu". Não é novidade, mas neste momento é descarado.

A aplicação da norma legal que exige a manutenção de pelo menos 5 mil filiados para a existência de um partido político tenciona eliminar do esprectro várias pequenas mas incómodas vozes, a curto prazo. O irónico deste processo é que alguns dos que hoje se julgam grandes verão, de seguida, a sua vida em risco. Veja-se o caso do CDS que, em reposta ao Tribunal Constitucional, apresentou 6232 militantes, ou o caso das contas por apresentar do BE, cujo silêncio alguns tentam explicar com a possibilidade de extinção. Imagine-se agora o cenário, bastante provável, apresentado por Garcia Pereira: quando os "pequenos" conseguirem os 5 mil filiados, a lei será alterada e passará a exigir 7500 ou 10 mil.

Junte-se, por fim, outro ingrediente de peso: a nova lei autárquica. Com esta, o bipartidarismo tornar-se-á uma realidade na maioria dos municípios portugueses. Esta mudança levará a que a filiação em partidos que não os do extremo-centro seja cada vez menor. Está, assim, aberto o caminho para um sistema político onde — como previa um amigo meu há dias em conversa —, para além de dois partidos sem diferenças substanciais e ideologicamente vazios, sobrevive apenas (por quanto tempo?) o dinossáurico PCP, mercê da implantação local nalguns pontos do país.

Ainda o fumo

O JPG citou integralmente o meu post anterior no Apdeites, o que volto a agradecer. No seu comentário disse, sobre os dísticos, que «estes letreiritos deveriam ter apenas os dizeres "permitido fumar" ou "proibido fumar", o que facilitaria enormemente a tradução. Como estão, além do erro em Inglês, significam não ser permitida a entrada a fumadores, mesmo que estes não fumem lá dentro, ou que os não fumadores não podem armar em penetras nos guetos para viciados.»

Estou inteiramente de acordo. Como lhe respondi, a proibição é de um acto, não da presença de pessoas que habitualmente o praticam. O melhor seria, sem dúvida, "Proibido fumar", à semelhança aliás de "No smoking" ou "Défense de fumer".

domingo, janeiro 20, 2008

Onomástica

Se o encerramento das urgências continuar a ter as consequências trágicas que se vêem, o ministro Correia de Campos terá que mudar o nome para Cadeia de Campas.

Homenagem a Bobby Fischer

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Bobby Fischer (1943-2008)


Génio, lenda e reinventor do xadrez, desafiou o governo do seu país, que o mandou perseguir para ser deportado como um vulgar criminoso. Bobby Fischer renunciou à cidadania norte-americana e morreu islandês. Como não podia deixar de ser, os obituários nos media não se esquecem de realçar o seu "anti-semitismo" (leia-se: as críticas à submissão canina dos EUA aos interesses de Israel e ao lóbi sionista) e a sua reacção sardónica aos atentados do 11 de Setembro, que tem que ser entendida neste contexto de denúncia. Bobby Fischer era um patriota revoltado e repugnado por aquilo em que os EUA se transformaram.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Pois, pois...

Aproveitando a recente visita de George W. Bush a Israel, o rabi-mor local, Yona Metzger, agradeceu pessoalmente ao pau-mandado do seu governo na Casa Branca, o facto dos EUA terem invadido o Iraque, e o apoio que têm dado a Israel. Pois, pois, foram as armas de destruição maciça, foi por causa do petróleo, foi para "derrubar o tirano"...

terça-feira, janeiro 15, 2008

Não fumadores

Com o recente alvoroço proibicionista anti-tabágico, pensei que tivessem sido corrigidos os dísticos utilizados em Portugal. "Não fumadores" em inglês diz-se "non-smokers". O problema não é de hoje, mas parece que nem um primeiro com formação superior em inglês técnico reparou nisso...


O coração (socialista) tem razões...


Segundo as notícias de fim-de-semana, o lateiro que manda na Venezuela anda a arrastar a asa à top model Naomi Campbell, que o foi entrevistar a Caracas e terá ficado pelo beicinho. Será que el presidente não sabe que a moça é uma agressora contumaz da criadagem, useira e vezeira em atirar telemóveis à cabeça das empregadas e dar-lhes valentes chapadões e fortes repelões de cabelo, tendo já sido condenada por um tribunal de Nova Iorque a prestar serviço à comunidade, após uma sessão de maus tratos mais violenta? Ou nestas coisas do coração, até o mais empertigado e destemido socialista perdoa ao objecto das suas afeições o facto de maltratar quem lhe limpa a casa, faz a cama, lava a roupa, prepara as refeições e atura os caprichos de celebridade mimada para lá do admissível?

domingo, janeiro 13, 2008

Foi coincidência (2)

Eu escrevi "debate público" no postal anterior? Tive um lapso de optimismo. Devia ter escrito, como é óbvio, "protestos desgarrados".

sábado, janeiro 12, 2008

Foi coincidência

Repararam como o anúncio da localização do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete, seguido do de uma terceira ponte sobre o Tejo, veio mesmo a tempo para desviar o debate público, da recusa governamental de fazer um referendo ao país sobre o Tratado de Lisboa, para a "importância nacional" e a "complexidade técnica" das novas obras? Deve ter sido só coincidência...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

O aeroporto

O novo aeroporto de Lisboa vai para Alcochete. A velha Portela sempre me serviu, e bem, para as viagens de avião ao estrangeiro. Agora mesmo, na SIC Notícias, João Soares está a recordar, e bem, que desde a década de 60 que são publicados estudos a prever o "esgotamento" da Ota para daí a poucos anos - o mais recente apontava 2005 como limite - e ela ainda lá está a funcionar. O Bochechas Júnior lembra também que não houve, até agora, nenhum estudo convincente sobre as vantagens do abandono da Portela. Concordo, fica muito em cima da cidade, mas chega-se lá, e vem-se de lá à chegada, depressa e bem. Nunca fiquei metido em nenhum engarrafamento a caminho ou à vinda da Portela, nunca perdi nenhum avião por questões de distância ou imprevistos de trânsito. Um aeroporto novo na outra banda? De futuro, com quantas horas de antecedência passaremos a ter que sair de casa, à cautela? E quanto demoraremos a vir de lá, quando chegarmos, exaustos, de viagem? E se quisermos ou precisarmos de apanhar um táxi, de quanto será o rombo na carteira? Chamem-me o que quiserem, ou expliquem-me entusiasticamente todas as vantagens, oportunidades e maravilhas da Ota. Eu cá, continuo muito agradado com a boa e velha Portelinha.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Ron Paul for President!



Qual Obama, qual Giuliani, qual McCain! "Ron Paul for President!".

Tratado e tratantes

Das gazetas: "O primeiro-ministro prepara-se para propor a ratificação do Tratado de Lisboa pela Assembleia da República. A ratificação por via parlamentar é a tendência dominante entre os países-membros da União Europeia". Entenda-se: o tratado fica nas mãos dos tratantes.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

A "informação" que temos e Pacheco

Com aquela previsibilidade pavloviana, espírito de rebanho e raquítica imaginação que os caracteriza, os telejornais, gazetas e a agência de desinformação estatal fizeram questão, ao darem a notícia da morte de Luiz Pacheco, de frisar que o escritor tinha sido "contra a censura e o Estado Novo". Claro que foi, mas claro que também nenhum desses "meios" se lembrou de citar uma frase do mesmo Pacheco numa das últimas entrevistas que deu: "O velho Salazar (...) não era tão mau como isso... não era tão mau como isso... era péssimo, mas enfim... era péssimo, mas também não era como estes merdas que há agora".

Shoah business

Depois de Annie-O Musical na Broadway, chega agora Anne-O Musical, em Madrid. Anne, como em "Anne Frank". Uma companhia teatral espanhola vai adaptar ao formato de musical O Diário de Anne Frank, e já visitou o Museu Anne Frank, em Amesterdão, para se "inspirar". A estreia está marcada para dia 28 de Fevereiro. Como dizia o outro: "There's no business like shoah business!".

domingo, janeiro 06, 2008

Segurem-se bem

Há pedaço, na televisão, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos, depois de um conselho de ministros extraordinário, dizia "aos portugueses" que "o pior já passou". Portugueses, segurem-se bem. Quando eles dizem isto, é porque o pior vem aí.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Observatório africano


O crime organizado também está a evoluir em Angola, e já não se limita à cleptocracia que governa o país.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Portuguesices

Num restaurante japonês oiço, na mesa de teppanyaki contígua, um francês explicar a um português que os primeiros europeus a chegar ao Japão foram os portugueses. O nacional fingiu interesse e mudou de conversa. É natural, num país onde o deslumbramento vai para coisas como "a maior árvore de Natal" ou o "o maior fogo de artifício"...

A primeira pergunta do ano

O que é que aconteceu àquela grande bandeira nacional que estava ao topo do Parque Eduardo VII? Será que a Câmara Municipal a tirou de lá? Ou terá voado com o mau tempo?

terça-feira, janeiro 01, 2008

Smoking/No smoking (3)



Realmente, o cinema - e especialmente o cinema americano - é uma escola de vícios, com o do tabaco à frente. E que dizer da escandalosa canção que acompanha esta montagem, Smoke! That Cigarette, de Tex Ritter?

Smoking/No smoking (2)



O mesmo para este, Café e Cigarros, de Jim Jarmusch. Uma das personagens até enrola o seu próprio cigarro!

Smoking/No smoking



Fumo, de Wayne Wang e Paul Auster. Não tarda nada, um filme com um título destes e tanta gente a fumar, só poderá ser visto às escondidas.