terça-feira, janeiro 31, 2006

Casamento lésbico

Anda por aí um enorme reboliço por causa das duas lésbicas portuguesas que querem casar-se e até já dão entrevistas nos jornais de referência e vão falar do seu caso "ao Goucha". Não tenho nada contra a ideia, desde que as duas senhoras sejam assim como a Sharon Stone e a amiga íntima dela no filme «Instinto Fatal»; e que ponham o vídeo da noite de núpcias na Internet. De outra forma, oponho-me completamente a tal união.

Ao VL: Homem de Artes e Letras — artista-gráfico e tudo!

Outro paradoxo

As mulheres são contraditórias: não gostam de divulgar a idade, mas ofendem-se quando esquecemos o seu aniversário.

Paradoxo

O paradoxo é o consenso da democracia.

Maravilhas da ciência

O menino robusto de hoje pode ser a rapariga delicada de amanhã.

A Sério...


Pin-up de Walt Otto

Nascido a 31 de Janeiro

Uma presidencial

Será que Cavaco Silva vai ser o Presidente de todos os portugueses, ou será que lhe vai dar para imitar Jorge Sampaio, e ser o Presidente de todos os portugueses, de todos os imigrantes e de todos os ilegais?

Tipicamente português (3)

O culto patego do deus-telemóvel.

Tipicamente português (2)

A fixação doentia em José Mourinho.

Tipicamente português

A reverência saloia de governo e media perante Bill Gates.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Promoção da homossexualidade e outros fundamentalismos

Interessante reflexão de João César das Neves, hoje no Diário de Notícias, que compara os promotores da homossexualidade aos criacionistas americanos e que sobre essa instituição de disseminação do pensamento único, o Parlamento Europeu, conclui: «O Parlamento Europeu não é para levar a sério. Ao tentar impor dogmas alheios a toda a legislação dos países civilizados, ao acusar de violação de direitos humanos todas as sociedades modernas, só se desprestigia a si mesmo.»

Diálogos Doutrinários (em Memória de Rodrigo Emílio)

— Eh, pá! Tu conheces bem a História!...
— Sou Tradicionalista, do ponto-de-vista Histórico.
— Afinal, não estás agarrado à cultura da tourada e do fado...
— Sou Vanguardista, do ponto-de-vista Cultural.
— Como é que consegues ser desprendido das coisas materiais?
— Sou Aristocrático, do ponto-de-vista Espiritual.
— É estranho... Tens referências de que eu gosto...
— Sou Cosmopolita, do ponto-de-vista Estético.
— Mas tu não és pelos ricos e contra os pobres?
— Sou Justicialista, do ponto-de-vista Social.
— Eu pensava que tu eras conservador...
— Sou Revolucionário, do ponto-de-vista Ontológico.

Olha como ele sabe!...

«É difícil reeducar as pessoas que cresceram no nacionalismo para a ideia de renunciarem a parte da sua soberania em favor de um órgão supranacional.»
Príncipe Bernhard, fundador do Clube Bilderberg

domingo, janeiro 29, 2006

Batem leve, levemente...

Está a nevar em Lisboa, pela primeira vez em mais de meio século, e para grande espanto e alegria dos alfacinhas. Resta saber a quem devemos este raro presente: se à acção dinâmica do governo do engenheiro Sócrates, se à histórica eleição de Cavaco Silva para Presidente da República.

Neve em Lisboa!

A última vez que a tinha visto e sentido numa Capital, tinha sido em Londres.

Europa, desperta!

Tamara de Lempicka (1898 — 1980)
Mulher adormecida, 1935
Óleo sobre tela, 33 x 42 cm

Da Música

Ouvindo Mozart (na Antena 2) — nestes dias não se lhe consegue escapar, Graças a Deus! —, pergunto: como é possível, nos tempos que correm, as elites deixarem os seus filhos ouvir os grotescos sons tribais que para aí pululam? Até quando durará a cafrealização da nossa juventude?

Falta de memória

Aos que andam muito preocupados pelo facto do Hamas ter ganho as eleições palestinianas: já se esqueceram dos grupos e acções terroristas que estão na origem do Estado de Israel... e de nem sequer ter havido eleições nessa altura?

Pelo ralo abaixo

As repetidas humilhações e a ignóbil perseguição ao general Augusto Pinochet, o homem que salvou o Chile de uma guerra civil e de uma ditadura comunista, e à sua família, por um lado, e a eleição, na Bolívia, de um índio rafeiro, «cocalero» e socialista antediluviano, pelo outro, dizem bem do estado a que chegou a América Latina. Está a ir pelo ralo abaixo.

sábado, janeiro 28, 2006

Soluções para Portugal (III)

Rebobinar a cassete do Marcelismo e gravar por cima.

Soluções para Portugal (II)

Rebobinar a cassete do PREC e gravar por cima.

Soluções para Portugal (I)

Rebobinar a cassete dos últimos trinta anos e gravar por cima.

Um Artista assassinado

Dom Carlos de Bragança (Rei de Portugal) (1863 — 1908)
Praia de Cascais, 1906
Aguarela

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Cultura de serviço público

O excelente canal Mezzo da TV Cabo está, à hora que escrevo, ainda a transmitir a «maratona mozartiana» de 24 horas que propõs aos seus espectadores - um dia inteiro só com Mozart, incluindo vários concertos emitidos em directo de cidades como Salzburgo e Praga! -, no dia em que se assinalam os 250 anos do nascimento do compositor. A RTP, entretanto, nem os mínimos de serviço público cultural faz: limita-se a cumprir calendário, calaceira, banhuda e filistina como é. Passa o muito discutível «Amadeus» de Milos Forman na 1, e um documentário biográfico na 2:. Quanta imaginação! Tanta criatividade! Nem um programa produzido «em casa» sobre Mozart, nem um concerto transmitido em directo ou diferido, nem umas rubricazinhas especiais, como muito bem tem feito a SIC Notícias, canal com muito menos meios e obrigações que o mostrengo estatal. Para a RTP, fazer serviço público significa pôr a insofrível Fátima Campos Ferreira a moderar uns debates geralmente flatulentos, montar uma cobertura «exaustiva» e gabarola dos actos eleitorais e, claro, dar futebol, debates sobre futebol, tricas do futebol, noticiário picuinhas de futebol e burgessos do futebol aos pontapés na gramática até à indigestão. Para a RTP, serviço público, só o da politicada e da futebolada. Mozart? Esse gajo não era um político nazi? Ou será que jogava na Bundesliga?

Três Referências Culturais

Três Homens Cultos

1 + 1 + 1 = 3

Três Verdades Permanentes

Eficiência autárquica (2)

Impõe-se igualmente fazer uma reforma da fiscalidade autárquica no sentido de contemplar formas de tributação que aumentem a quota-parte dos impostos cobrados localmente. Mas a carga fiscal dos contribuintes deverá permanecer inalterada, o que implica a diminuição do imposto aplicado pelo Estado, por forma a compensar o valor da derrama de afectação municipal.
Deste modo, os munícipes, que suportam localmente com os seus impostos uma parte acrescida das despesas, terão uma maior apetência para analisar como os seus dinheiros foram gastos. Estarão, portanto, mais aptos para sancionar negativamente com o seu voto a gestão camarária, quando sejam detectadas ineficiências ou desvios da política municipal.
Teria, também, todo o interesse, numa nova concepção de gestão municipal, que as grandes prioridades estratégicas da política autárquica fossem referendadas localmente. A adopção de referendos sistemáticos sobre as principais opções das autarquias permititia aos autarcas desenvolver uma gestão mais adaptada às expectativas das respectivas comunidades.
A concretização destas medidas, ao proporcionar uma maior eficiência e transparência da gestão municipal, possibilitaria aos cidadãos escolher a autarquia mais capaz de satisfazer as suas necessidades e ambições. Estariam, deste modo, criadas as condições para o desenvolvimento de uma saudável concorrência entre as diferentes autarquias, com o correspondente acréscimo de eficiência que daí necessariamente resultaria.

As artes a que temos direito

A partilha das artes já está feita, de comum acordo e com muito senso-comum (a baixo de bom-senso e de bom-gosto, portanto).
Há cinquenta anos. Pois é. Ainda no Estado Novo, a criação artística foi entregue, numa bandeja, à esquerda (comunistas, católicos progressistas e outros artistas). Pensaram — alguns brilhantes estrategas pré-marcelistas — que, assim, a esquerda não conspiraria politicamente e se manteria entretida. O resultado viu-se. Entrou-nos pela casa dentro...!
Coisa triste esta de entender as artes como algo de acessório sem perceber que as revoluções políticas são sempre precedidas de revoluções culturais. A esquerda sabe-o e pratica-o.
Por outro lado, a direita-torta a que temos direito, passou a dedicar-se, nestas coisas das artes, às antiguidades. Conservadora que é, faz conservação e restauro. Restauro de trecos, entenda-se, que a Restauração Nacional dá muito trabalho!
O resultado prático desta situação continua: as novas gerações são formadas esteticamente pelos símbolos produzidos pela esquerda — da Arquitectura ao Cinema, da Pintura ao Teatro —, e os meninos e meninas da "não-esquerda" entretêm-se nos salões de velharias...

Eficiência autárquica (1)

O Estado possui, em Portugal, uma estrutura dirigista e centralizada, mal preparada para servir os cidadãos. A inversão desta situação passa por aplicar à organização do Estado o princípio da subsidiariedade. Neste domínio a regra de ouro deverá ser a de que tudo o que puder ser eficazmente resolvido a um nível inferior não necessita de ser decidido a um nível superior.
Estudos efectuados nos Estados Unidos da América consideram que uma gestão autárquica eficiente exige circunscrições municipais com populações reduzidas, situadas entre os 30 e os 50 mil habitantes.
O grau de eficiência da gestão autárquica vai-se diluindo à medida que a dimensão populacional vai aumentando. Grandes cidades americanas têm vindo a ser organizadas de acordo com este princípio. É o caso de São Francisco, cuja área metropolitana abrange uma série de municípios de reduzida dimensão. Santiago do Chile está também subdividida numa série de muncípios, sendo também neste domínio um caso paradigmático.
Em Portugal, muitas das autarquias têm uma população superior aos níveis citados, em particular as que se situam nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Trata-se de casos que, pelo seu gigantismo e ineficiência, deveriam ser subdivididos em diferentes circunscrições municipais, à semelhança do que se verifica noutras grandes cidades espalhadas pelo mundo.
Com efeito, é imperioso efectuar uma reorganização administrativa do País, com especial incidência nas áreas metropolitanas, de modo a obterem-se circunscrições municipais com dimensões populacionais mais adequadas.

E cuidadinho com os extremistas

do centro.

Sinistra também e feita de encomenda

é a recém-parida "não-esquerda".

Pior do que a esquerda

só a direita-canhota que convém à sinistra.

Contra a ditadura cultural de esquerda

a resistência faz-se aqui, assim, sem mais nem menos.

Outra (grande) frase do dia

«Existem centenas de milhões de possuidores de armas neste país e nenhum deles terá um acidente hoje. O único mau uso de armas acontece em ambientes onde há drogas, bebida, maus pais e crianças indisciplinadas».

Ted Nugent, músico norte-americano

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A (grande) frase do dia

«Uma arma é tão boa ou tão má como a pessoa que a utiliza»

Alan Ladd, «Shane»

Legítima defesa

“Lei do Faroeste” foi como foi prontamente adjectivada a recente “lei sobre a legítima defesa que permite aos cidadãos dispararem sobre assaltantes, em casa ou no local de trabalho, sempre que se sentirem ameaçados, agredidos ou julguem em perigo os seus bens”, aprovada pela Câmara dos Deputados italiana. Para além desta crítica, a “esquerda” considera que o Estado se demite das suas funções de assegurar a segurança dos cidadãos. Concordo que essas funções pertencem naturalmente ao Estado, mas penso que, quando este não as consiga assegurar, os cidadãos possam defender-se.

O multiculturalismo e a imigração maciça geraram inevitavelmente conflitos sociais e trouxeram novas formas de criminalidade. Assistimos, paralelamente, à descredibilização e à falta de autoridade e capacidade das forças de segurança, controladas por um poder político cada vez mais toldado pelos ditames do politicamente correcto. Neste caso concreto, as cidades do Norte de Itália têm sido palco de um crescente número de assaltos perpetrados por imigrantes ilegais, na sua maioria albaneses, e por isso esta lei foi proposta pela Lega Nord.

Ainda bem para os italianos que, desta forma, perante a impossibilidade de actuação da polícia, se podem agora defender. Pior para países como o nosso, onde nem nos defendem nem nos deixam defender.

Diz-me como falas...

A "não-esquerda" portuguesa perdeu a guerra das palavras.
É ouvi-la, toda contente — reconfortada pela dose q. b. de politicamente correcto —, dizer: "Ponte 25 de Abril"; "Guerra Colonial"; "Ditadura de Salazar"; "Fascista" e "Neo-Nazi" (a torto e a direito); e, por aí fora...
Pela boca morre o peixe e assassina-se uma Nação.
É sinistro!

Platina e chumbo

O «rapper» norte-americano Cassidy (verdadeiro nome: Barry Reese) foi ontem condenado em tribunal por homicídio involuntário e agressão, após um homem ter sido morto num beco por trás de sua casa, em Filadélfia. A polícia encontrou quatro armas e munições de AK-47 na residência do «rapper». Cassidy terá que cumprir entre um a dois anos de prisão, mas os seus agentes querem que ele grave um novo álbum o mais depressa possível. «Ele é muito carismático. Pensamos que o disco possa chegar a multi-platina», disse um daqueles, não percebendo que o rapaz Cassidy é mais «top gun» do que «top ten».

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Afinidades


Pickpocket
(França, 1959)
Um Filme de ROBERT BRESSON
À semelhança do BOS, também eu tenho o meu jansenista preferido. Será ao gosto do nosso solitário esteta?

Anda por aí o «português de todos os Presidentes»

Opiniões que contam

Estes tertuliantes dizem coisas interessantes...

Desvitalizado

Vital Moreira disse ou escreveu que Cavaco Silva foi eleito com a menor margem de sempre de todas as eleições presidenciais. Vital já não é militante de carteirinha do PCP, mas ficou-lhe aquele tique bem comuna de apoucar mesquinhamente toda e qualquer vitória de quem não marche nas fileiras da canhota.

Fim

O Pensamento sem Acção é impotente e a Acção sem Pensamento é estéril.

Meio

Sempre tive desinteresse pela actualidade. Prefiro os temas Intemporais.

Princípio

Se eu não tivesse um Ideal, ía-me embora e já não voltava.

Os novíssimos bárbaros

Num canal de televisão musical francês, perguntam a um «rapper» o que ele pensa de Mozart. A resposta: «Mozart? Mozart, c' était un vieux blanc con! Il était même pas black, quoi!»

terça-feira, janeiro 24, 2006

Essa faz-me lembrar aquela

Apreciei a citação de Fernando Pessoa dedicada ao J.A.Xerez. Lembrou-me que em 1969 Eduardo Freitas da Costa organizou para a empresa de publicidade Cinevoz uma colectânea das colaborações de Fernando Pessoa na "Revista de Comércio e Contabilidade" fundada e criada pelo seu cunhado Francisco Caetano Dias. A Revista só tinha tido seis números, de Janeiro de 1926 em diante e Pessoa colaborou em todos. E.F.C. chamou a essa compilação "Textos para dirigentes de Empresa". "Embora alguns destes textos de Fernando Pessoa tenham sido já reeditados" - dizia então, na sua nota introdutória, o meu pai - é a primeira vez que se faz a sua edição integral e ordenada".
"Os homens dividem-se na vida prática, em três categorias - escrevia Pessoa num dos textos - os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando."

Da vida moderna

Estilistas, costureiros, modelos, desfiles: agora a moda é a própria moda.

Da coerência

Para quê contraditar um político? Mais tarde ou mais cedo, ele muda de opinião.

Da função pública

Os funcionários imbecis respondem sempre da mesma maneira: «Desculpe, são as ordens que eu tenho».

E, a propósito, ainda há uma França francesa?

E, já agora, algumas das compras culturais...

Livros: «L'Incendie-L'Allemagne sous les bombes, 1940-1945», Jorg Friedrich (Éditions de Fallois), «Mémoires de Madame la duchesse de Tourzel, gouvernante des enfants de France de 1789 à 1795» (Mercure de France), «Les idées des autres», Simon Leys (Plon).
DVD: «Le Doulos», «Le Deuxiéme Souffle» (Jean-Pierre Melville), «Pickpocket» (Robert Bresson), «Le Bossu» (André Hunebelle), «Le Crabe-Tambour», «L'Honneur d'un Capitaine» (Pierre Schoendoerffer).

Rápidas impressões de uma breve viagem a Paris (4)

No «Le Monde», um artigo de página inteira sobre a familiarização dos novos comissários da polícia francesa com a «diversidade» e a «discriminação positiva». Na rádio, um polícia negro conta: «Estive no Exército, agora sou agente da ordem, e por usar este uniforme e ter orgulho nele e fazer o meu dever, no meu bairro há quem me chame 'traidor' e me faça pelas costas o gesto do dedo que passa pela garganta como uma faca. Mas não tenho medo deles».

Rápidas impressões de uma breve viagem a Paris (3)

Numa das principais televisões, em horário nobre, passagem diária de uma série de 10 curtas-metragens, feitas por liceais, tendo como tema: «Contra o racismo e o anti-semitismo».

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Rápidas impressões de uma breve viagem a Paris (2)

Nas ruas, maior número de polícias, aos pares e mais armados. Grandes lojas com vigilância discretamente reforçada. Embaixada dos EUA muito protegida. Presença africana e magrebina cada vez maior, e por toda a parte. Dupla revista no aeroporto. Queixa de um prestável e afável taxista africano: «Eu trabalho 15 horas por dia, e esses miúdos árabes não querem fazer nada, só queimar carros e queixarem-se do governo. Não é bom. Isto vai acabar mal».

Rápidas impressões de uma breve viagem a Paris

Alguns «grafitti» das paredes e muros dos bairros suburbanos, lidos do comboio que liga o Aeroporto Charles De Gaulle à capital francesa:

- «Jihad pelo fogo»
- «Paris será um imenso subúrbio»
- «Paris vai arder»
- «Paris em chamas»
- «Biko, Biko»
- «Biko connosco»
- «Sarkozy espanca-nos, vamos 'partir' uns brancos»
- «Ódio»

Uma nova Segurança Social (2)

O sistema deverá ser obrigatório para todos os trabalhadores que acedam de novo ao mercado de trabalho. Para os trabalhadores abrangidos pelo actual sistema, deverá ser-lhes facultada a hipótese de poderem optar pelo novo sistema, desde que a respectiva idade se enquadre dentro de parâmetros pré-definidos.
Em paralelo com o desconto para o sistema de pensões de reforma, os trabalhadores efectuarão contribuições mensais destinadas a cobrir os riscos associados à morte prematura, à incapacidade física e ao desemprego, devendo a oobertura destes riscos ser efectuada através de apólices de seguros de vida.
A transição do antigo para o novo sistema, coloca alguns problemas. Haverá, assim, que calcular o valor dos direitos adquiridos quando os trabalhadores transitam do antigo para o novo sistema. O Estado poderá liquidar esses direitos através de obrigações de cupão nulo, emitidas a taxas de juro de mercado, negociáveis em mercado secundário e reeembolsáveis na idade da reforma. Uma outra forma que o Estado tem de assegurar os custos da transição, será a de manter, durante um período intercalar, uma fracção do diferencial existente entre as contribuições pagas pelos traballhadores no antigo e no novo sistema. Convirá referir a este propósito que no novo sistema de capitalização, as contribuições a liquidar pelos trabalhadore serão inferiores às suportadas num regime distributivo, como o actualmente adoptado no nosso país.
Para além dos aspectos focados o novo sistema tem uma vantagem decisiva. As verbas depositadas nas contas de poupanaça serão aplicadas pelas instituições financeiras no mercado de capitais. Convirá referir a este propósito qua a taxa de rentabidade real de longo prazo das acções de grandes empresas situa-se históricamente nos 7-7.5, enquanto a rentabilidade real das obrigações de empresas privadas se situa à volta dos 3.5. Neste contexto as contas de poupança poderão ter facilmente rentabilidades reais superiores a 5%, incomparavelmente superiores às que o Estado tem vindo a proporcionar no contexto do actual sistema.
O novo sistema permitirá ainda disponibilizar recursos imensos para serem aplicados no mercado de capitais, o que permitirá não só a dinamização deste mercado, mas também um acréscimo significativo da poupança interna e dos recursos necssários ao investimento e à modernização da nossa estrututa produtiva.
A este propósito será de referir que Martin Feldstein, ilustre economista americano, concluiu que os sistemas de segurança social redistributivos conduzem a baixos ritmos de formação de poupança, dado que as pessoas não se sentem estimuladas a fazê-lo. Para os Estados Unidos Feldstein estima que a quebra de poupança resultante da adopção de sistemas de segurança social redistributivos é de 10% ao ano e que a quebra do ritmo de crescimento do produto é de 1% ao ano.

Uma nova Segurança Social (1)

A globalização exige um novo sistema de segurança social. O novo sistema terá, em primeiro lugar, que ser personalizado, para que as pessoas possam planear a sua vida e a sua reforma de acordo com os seus interesses.
O novo sistema deverá, ainda, ser o mais flexível possível, por forma a corresponder às múltiplas exigências do sistema global, em particular as que resultam da aceleração do ritmo de mudança de emprego ou de uma maior flexibilidade em relação à idade de reforma.
O sistema de seguurança social existente em Portugal não satisfaz estes pressupostos, uma vez que se fundamenta numa concepção de segurança social estatizada e com uma forte componente redistributiva.
As pensões de reforma não são a consequência directa e exclusiva do esforço desenvolvido por cada um dos cidadãos, mas antes de transferências efectuadas pelo Estado, dos mais novos para os mais velhos, tendo por base pressupostos de solidariedade intergeracional.
Por outro lado, o aumento da esperança de vida e a diminuição da natalidade tornam insustentável a manutenção a prazo do actual sistema, que caminha inevitavelmente para uma situação de ruptura.
Acresce, ainda, que a taxa de rentabilidade das contribuições pagas ao Estado e por este liquidada sob a forma de pensões será certamente muito mais baixa do que aquela que o mercado poderia proporcionar.
Todos estes factos aconselham à criação de um novo sistema de segurança social e de reformas no nosso país.
Neste sistema, as pensões de reforma serão geradas pelos trabalhadores e pelos respectivos rendimentos. Uma percentagem mínima destes rendimentos deverá ser mensalmente depositada e capitalizada numa conta de poupança-reforma, aberta numa instituição financeira.
A percentagem contributiva a suportar integralmente pelos trabalhadores será definida tendo em conta, designadamente a idade prevista para a reforma, a rentabilidade média estimada para os fundos depositados e a relação existente entre o valor da pensão de reforma e o das últimas remunerações obtidas.
Os trabalhadores poderão reforçar as suas contas com contribuições superiores ao mínimo exigido, sendo-lhes permitida a respectiva dedução para efeitos fiscais até determinado montante.
Neste sistema, os trabalhadores poderão antecipar a idade de reforma, quando estiverem preenchidos determinados condicionalismos, ou interromper o trabalho durante determinado período de tempo, e depois reiniciá-lo, sem que haja prejuízo para o funcionamento do sistema.
Para os trabalhadores que à data da reforma não estejam em condições de obter a pensão mínima, o Estado deverá assegurar a cobertura do diferencial existente.
(continua)

Pura Doutrina II

Consequentemente, a Realeza a restaurar não é a a Realeza liberal, constitucional, democrática, parlamentar, que aí tivemos a abrir a catástrofe de 1910 — mas a outra, a Realeza que vem de 1128 a 1820, a quem se deve a formação, a consolidação, o prestígio de Portugal; a quem se devem os fundamentos sobre que repousa a Nacionalidade; a quem se devem as fronteiras portuguesas, no continente europeu e no Ultramar.
ALFREDO PIMENTA in «Três Verdades Vencidas — Deus, Pátria, Rei»

É a economia, estúpidos!

Em 40 anos de regime, vamos levar com 20 anos de Cavaco.

domingo, janeiro 22, 2006

Quentes e boas

Para acompanhar o Freak Show eleitoral é só sintonizar o Nova Frente e o Último Reduto. Ao vivo e a cores — com toda a adrenalina do directo!

Pura Doutrina

Por isso nós, os integralistas, partilhamos da opinião do marquês de la Tour du Pin. Não somos conservadores, — dada a passividade que a palavra ordinàriamente traduz. Somos antes renovadores, com a energia e a agressividade de que as renovações se acompanham sempre. O nosso movimento é fundamentalmente um movimento de guerra. Destina-se a conquistar, — e nunca a captar. Não nos importa, pois, que na exposição dos pontos de vista que preconizamos se encontrem aspectos que irritem a comodidade inerte dos que em aspirações moram connosco paredes-meias.
ANTÓNIO SARDINHA in «Ao Princípio era o Verbo»

Diálogo eleitoral

Filho: - Pai, o que é votar?

Pai: - É algo muito menos divertido que um golpe de estado, mas mantém as pessoas contentes...

Quem te avisa teu amigo é

É preciso explicar à nossa gente o que é a democracia para que não volte a caír em tentação.

JOSÉ DE ALMADA-NEGREIROS in «Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX»

sábado, janeiro 21, 2006

As coisas sem causas

Muito ricos, mas pouco finos.
Muito finos, mas ignorantes.
Muito inteligentes, mas tolos.
Classe média, "cultura" dos media.
Gente mediática, meia-tijela.
Conversadores, como papagaios.
Calados, e desastrados.
Gente simpática, mas pouco séria.
Aperto-de-mão, olhar no chão.
Pobretes, mas alegretes.

«Votar é preciso!»

Dia de reflexão (sem Vénus)

Não voto. Não reflicto. Para quê? Já tenho uma ideia muito apurada sobre cada um dos seis mamarrachos. Mas estou curioso de ver como o VL, daqui a pouco, vai retratar o resultado prático da reflexão lusa.

Dia de reflexão

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Três apontamentos de café

Gente que arrasta cadeiras é gente rasteira.
Têm um ar apressado; e, no entanto, nada têm para fazer.
Não sei o que mais me enjôa: se a esquerda mal-cheirosa ou a direita mal-perfumada.

Olhò balão... a esvaziar-se!

O “morto”

Ao ler sobre o insólito e burlesco caso dos “Avôs Metralha”, não resisto a fazer um paralelo inspirado na campanha que felizmente hoje termina. Se a festa eleitoral acaba à primeira volta, como prevêem as sondagens, quem será o “morto” a culpar?

Dom Sebastião (n. 20 - I - 1554)

Cristóvão de Morais (act. 1551—1571)
Dom Sebastião, 1571
Óleo sobre tela, 99 x 85 cm

São Sebastião (m. 20 - I - 288)

Vasco Fernandes (Grão Vasco) (1501—1540)
São Sebastião
Óleo sobre madeira, 220,5 x 237 cm

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Artistas portugueses

Durante as campanhas eleitorais, os malabaristas das leis são substituídos pelos malabaristas dos números.

Para lamentar

Dos jornais: "Uma resolução contra a homofobia na Europa foi aprovada no Parlamento Europeu por esmagadora maioria". E se os senhores do Parlamento Europeu tratassem de coisas sérias e se deixassem de mariquices?

Portugal Maior

Ambiente em mercado livre (2)

Os problemas detectados nos Estados Unidos e Canadá são extensíveis ao nosso país, onde os parques naturais têm vindo a atravessar inúmeras vicissitudes, em particular as que resultam da crónica insuficiência de recursos financeiros. Tal facto tem impedido os investimentos necessários ao correcto desenvolvimento de tais parques.
Veja-se, por exemplo, o que se tem passado nos últimos anos ao nível dos incêndios verificados em parque naturais, por falta da necessária limpeza das matas.
Dados os manifestos resultados negativos gerados pelos políticas ambientais intervencionistas, um número crescente de especialistas nestas matérias tem vindo a rejeitar o modelo das falhas de mercado , orientado-se para a adopção de políticas de ambiente articuladas com o mercado, baseadas nos direitos de propriedade, na sua livre troca e na aplicação das regras normais de direito.
Enquanto os ambientalistas intervencionistas pendem para a proibição e para a produção de regulamentos como forma privilegiada de solucionar os problemas ambientais, os ambientalistas de mercado pretendem criar soluções institucionais de feição privada.
Nesta lógica, o modelo aplicável à gestão dos parques naturais nos Estados Unidos e no Canadá mudou de forma significativa nos últimos anos. Os parques naturais deverão procurar atingir a necessária autonomia financeira, por forma a que se possam libertar progressivamente da tutela do Estado. A prossecução deste objectivo passa pela dinamização das múltiplas actividades dos parques e pela cobrança de preços pelos serviços prestados. Muitas destas actividades poderão ser desenvolvidas em parceria com entidades privadas.
As políticas ambientais no nosso País deveriam, também, adaptar-se aos novos tempos e ser mais amigas do mercado. Para começar, a política de auto-sustentação prevista para os parques naturais americanos e canadianos deveria ser rapidamente aplicada em Portugal, por forma a que os nossos parques possam ultrapassar a humilde condição em que têm vivido.

Ambiente em mercado livre (1)

Os sistemas de planeamento e de direcção central ruíram fragorosamente. Mas a política de ambiente continua, na maior parte dos países, a viver à custa do Estado e de uma miríade de legislação que impede o funcionamento do mercado .
Os ambientalistas convencionais advogam que o mercado se revela incapaz de solucionar de uma forma eficaz os problemas do ambiente, propondo a intervenção do Estado como a forma mais adequada para suprir os problemas ambientais advenientes das falhas do mercado.
Tendo por base a tese das falhas do mercado, os intervencionistas ambientais construíram um verdadeiro sistema de direcção central ambientalista. A centralização e a colectivização conduziram no passado a sistemas pesadíssimos e ineficientes que caíram vergados ao seu próprio peso. O mesmo se está a passar com os sistemas ambientalistas centrados na intervenção e no Estado.
Os maus resultados das políticas ambientais intervencionistas estão à vista e demonstram que o Estado é um péssimo gestor dos recursos naturais e ambientais.
Os exemplos negativos resultantes das más políticas ambientais desenvolvidas pelo Estado são detectáveis nos mais variados países onde estas têm vindo a ser aplicadas. Os Estados Unidos e o Canadá, percursores das políticas ambientais, desenvolveram desde o fim do século XIX uma política de criação sistemática de parques naturais centrada na propriedade pública, bem como num modelo de gestão e controlo efectuado pelo Estado.
Os resultados deste modelo de gestão são considerados negativos, já que a sujeição sistemática da gestão dos parques à inconsistência das decisões dos gestores públicos e à insuficiência dos recursos financeiros atribuídos pelo Estado, lhes retirou qualquer possibilidade de realizarem os investimentos necessários à produção de políticas ambientais eficientes.
(continua)

Do Nacional-Sindicalismo ao Surrealismo

António Pedro (1909—1966)
Rapto na Paisagem Povoada, 1946
Óleo sobre tela, 121 x 122 cm

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Da democracia 3

A votar nunca se vai ao longe.

Da democracia 2

Fia-te no candidato e partes o nariz.

Da democracia

Quem muito vota pouco aproveita.

Da contrafacção

O boato é a moeda falsa dos intriguistas.

Evangélica

O que me entusiasma no cristianismo é a noção de pecado.

O preço da coerência

As ideias são uma prisão sem grades.

Identidade

O que diz Pátria mas não diz Glória,
com um silêncio de cobardia,
e ardendo em chamas chamou vitória
ao medo e à morte daquele dia;

A esse eu quero negar-lhe a mão,
negar-lhe o sangue da minha voz
que foi ferida pela traição
e teve o nome de todos nós.

E o que diz Pátria, sem ter vergonha
e faz a guerra pela Verdade,
que ama o Futuro, constrói e sonha
Pão e Poesia para a Cidade;

A esse eu quero chamar irmão,
sentir-lhe o ombro junto do meu,
ir a caminho de um coração
que foi de todos e se perdeu.

ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA

terça-feira, janeiro 17, 2006

Coisas do demo

Na ida semanal ao quiosque — para adquirir «O Diabo» —, dou de caras com o dito fechado e com Cruz à porta e tudo.
Logo hoje, no dia em que Walter Ventura refere — no seu O Diabo a Sete — este «Jantar das Quartas», recém aparecido na "Rede", mas que já alimenta o espírito de muito boa gente.
(Vou ali, continuar a ver A Filha do Duce, e já volto.)

No cinema

Amanhã de manhã vou a uma projecção privada de «Munique», o novo e alegadamente «controverso» filme de Steven Spielberg sobre a operação secreta de retaliação da Mossad contra os membros da organização Setembro Negro, que mataram 11 atletas israelitas durante um sequestro nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972. Dessa projecção darei notícia mais tarde. Por agora, deixo aqui a opinião do avisado crítico de cinema da revista «New Yorker», Anthony Lane, sobre o filme: «Spielberg não é um artista político. É um 'showman' humanitário e a maior parte do seu público, apesar das acusações de imparcialidade vindas dos dois lados em causa no filme, não irá ver 'Munique' pela pose da sua atitude política. Tudo o que o filme faz é acrescentar mais uma história muito pouco verosímil a mitologia bloqueada do problema do Médio Oriente (...)»

Planeamento urbano flexível (2)

Nos Estados Unidos da América existem diversas cidades que não estão sujeitas ao planeamento urbano imposto por entidades públicas, sendo de salientar os casos de Houston, no Texas e Phoenix, no Arizona. Os empreendimentos destas cidades têm um estatuto semelhante aos nossos condomínios, regendo-se por regulamentos elaborados pelos respectivos promotores.
A utilização mais global dos espaços urbanos resulta de acordos voluntariamente celebrados entre os referidos condomínios. Esta orientação urbanística só é susceptível de ser aplicada em novas zonas de desenvolvimento, já que se revela impossivel elaborar e aplicar regulamentos em zonas antigas.
Uma outra metodologia, utilizada em algumas cidades americanas, é a do planeamento flexível (performance zoning), que passa pela definição de um conjunto de parâmetros objectivos (performance standards). Estes parâmetros visam preservar aspectos fundamentais da vida urbana, como sejam o baixo nível de congestionamento de tráfego, a protecção do ambiente, a preservação da privacidade. A sua definição é feita de uma forma compreensiva, por forma a que diversas soluções de construção sejam possíveis.
A apreciação dos projectos urbanísticos é feita pelas autoridades tendo exclusivamente em conta os referidos parâmetros, conferindo ao processo de aprovação um sigificativo grau de automatismo, de transparência e de rapidez.
Este sistema prevê a criação de um mercado onde se transacionam os direitos resultantes dos parâmetros previamente definidos. Por exemplo, a fixação de um limite superior para a poluição sonora faculta aos proprietários abrangidos o direito a serem protegidos de níveis de poluição sonora de valor superior ao definido..
Netes termos, um proprietário que pretenda desenvolver um projecto com um nível de poluição sonora superior ao parametrizado, poderá comprar os correspodentes direitos aos vizinhos, sem que a poluição sonora global do empreendimento seja aumentada.
Um planeamento urbanístico flexível e adaptado ao mercado será certamente a via a seguir nas novas orientações urbanísticas. A nossa legislação deveria ser desregulamentada, por forma a possibilitar às autarquias a adopção de novas metodologias de urbanização, que poderão ir desde a liberalização intregal até ao planeamento flexível.

Planeamento urbano flexível (1)

O planeamento centralizado tem vindo a ser abandonado, a nível global, em favor do mercado. Curiosamente, o mercado ainda mal chegou à propriedade e ao seu uso, que continuam submetidos a um "modelo de planeamento urbano" que interfere com os estilos de vida e as preferências dos cidadâos.
As políticas de planeamento urbano centralizado e dirigista, que têm vindo a ser adoptadas, são as principais responsáveis pelo desenvolvimento despersonalizado e massificante, tão característico das nossas áreas metropolitanas.
Os condicionalismos impostos pelo planeamento limitam a oferta de solos urbanizáveis e conduzem a uma oferta imobiliária desajustada dos perfis de procura. Os complexos regimes legislativos, que orientam o nosso planeamento urbano, tornam os processos de aprovação dos empreendimentos morosos e permitem aos poderes públicos um grau de discricionaridade intolerável.
Estes factores determinam a ineficiência do mercado imobiliário, contribuindo para o aumento dos custos e dos preços de comercialização.
As opções urbanísticas adoptadas pelos poderes públicos, associadas aos significativos custos do imobiliário, fazem com que as pessoas vivam engaioladas em andares pequenos, situados em bairros onde a densidade de construção é excessiva e os índices de congestionamento de tráfego elevados.
Os poderes públicos são, em regra, maus administradores dos recursos disponíveis, pelo que seria preferível deixar funcionar o mercado imobiliário, libertando-o dos espartilhos regulamentares a que tem estado submetido nas últimas décadas. O mercado é mais inteligente que os políticos, os burocratas e que todos os urbanistas.
Uma das hipóteses a adoptar seria a de liberalizar completamente o desenvolvimento dos espaços urbanos.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Chamar os bois pelos nomes sem ter medo

«Há alguma dúvida de que Israel não seja o nosso menino bonito? Apesar de Sharon & Companhia terem pisado mais resoluções da ONU do que Saddam Hussein alguma vez conseguiu, embolsaram 100 biliões de dólares em ajudas e agora estão a pedir este ano um bónus de mais dois biliões, mesmo apesar de termos sofrido a devastação do Katrina. E alguém dúvida que o terão?»

Pat Buchanan, in «The American Conservative», Janeiro de 2006

Só para homens

Filosofia, Música erudita, Xadrez.
Já repararam que não existem mulheres nestas três superiores formas de expressão?

Lexical

Deve dizer-se "preto", "negro" ou "homem de cor"?
Eis um ponto que ainda não está claro.

Rifões

Gosto destas sentenças que se escrevem em cinco segundos, mas que demoram várias horas a compor.

Sina lusitana

Conseguiu todos os objectivos a que se propôs na vida, excepto nos planos pessoal e profissional.

Portugal Maior

É um slogan eleitoral que já foi usado e volta ao serviço. Ninguém nos ofereceu nem se atreve a oferecer-nos um "Portugal mais pequeno" - mas foi o que arranjámos. Comparem-se áreas, população, riqueza: é mesmo dos mais pequenos que temos tido - e muito menor que o de 24 de Abril de 1974. Em compensação, estamos "orgulhosamente acompanhados", na frase do Presidente da República que sai. Não é saudosismo. É aritmética: contas de diminuir.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

Caspar David Friedrich (1774—1840)
O Viandante sobre um Mar de Névoa, c. 1818
Óleo sobre tela, 98,4 x 74,8 cm

Ano Mozart

Ouvido ontem, ao início da noite, numa loja de revistas da Baixa de Lisboa:
Primeiro adolescente: «Olha, uma revista sobre o Mozart...»
Segundo adolescente: «Quando é que ele viveu? Foi no século XIX, não foi?»
Primeiro adolescente: «Sei lá, pá! Foi há bué, no mundo antigo...»

Entre cervejas

Ouvido num domingo à tarde, ao balcão de uma cervejaria do centro de Lisboa:
Primeiro homem : «O Marx é que percebeu tudo, pá, tenho os livros dele todos lá em casa: a mais-valia, o índice de exploração, o capital industrial, o, o... foi o Marx, pois foi.»
Segundo homem: «E depois os tipos do dinheiro pegaram nisso tudo e viraram tudo contra os trabalhadores! Esses gajos, o Belmiro, o Amorim, e o outro, aquele do banco BCP... sabes quem é, não sabes?»
Primeiro homem: «E o Mário Soares, pá, o Mário Soares também está cheio dele!»
Segundo homem: «Obrigado!... O Bin Laden é que a sabe toda. O Bin Laden é que vai dar cabo desses filhos da puta todos!»
Primeiro homem: «O Bin Laden não é parvo nenhum! Filhos da puta! Vai rebentar com esta porcaria toda!»
Segundo homem: «Visto ontem o jogo? O Sporting não jogou um corno! Aquilo é só gastar dinheiro e nada!»
Primeiro homem: «E o Belenenses? E o Belenenses? Porra, aquilo é uma desgraça...»
Segundo homem: «Filhos da puta!...»

domingo, janeiro 15, 2006

Dúvidas eleiçoeiras

— Porque será que todos os candidatos ao poleiro máximo espumam da boca quando falam?
— Porque usam eles só quarenta palavras quando a Língua Portuguesa tem largas centenas?
— Qual é afinal o papel das mulheres, companheiras ou lá o que são?
— Tomarão eles banho todos os dias?
— Para quê tanto barulho se vão caber em meia página da História de Portugal de Veríssimo Serrão?

O melhor da campanha

Bem sei que ainda não acabou, mas o melhor desta campanha eleitoral têm sido as frases de Garcia Pereira que começam com: «Nem no tempo da PIDE...»

Interlúdio Cinematográfico II

O futuro do cinematógrafo está numa nova raça de jovens solitários que filmarão e apostarão até ao último cêntimo sem se deixar derrotar pelas rotinas materiais do ofício.
ROBERT BRESSON

Orientações

Quanto mais envelhecemos, mais exigentes somos com o vinho que bebemos, os homens que frequentamos, os autores que lemos. Nem o vinho, nem os homens, nem os autores os queremos de má casta e de má catadura.
JOÃO BIGOTTE CHORÃO

Em Memória de Jacques Faizant

sábado, janeiro 14, 2006

A caneta de Faizant parou de desenhar

O desenhador, humorista e cartoonista francês Jacques Faizant morreu sábado de manhã, em Paris, aos 87 anos. Era um dos monumentos do «cartoon» em França, com uma carreira de mais de meio século, grande parte dela nas páginas do diário «Le Figaro», para onde entrou em 1960 e que só deixou no final do ano passado, para se reformar. Também colaborou abundantemente nas revistas «Le Point» ou «Jours de France». Os seus desenhos fazem parte da história do jornal e através deles podemos seguir, a rir, as convulsões da política francesa, e do mundo, nos últimos 45 anos. Um «cartoon» (ou «charge») de Faizant geralmente valia por um editorial ou um artigo de opinião. Homem de direita, conservador gaulista, Jacques Faizant nunca deixou que as suas convicções políticas o impedissem de «picar» em todas as direcções do espectro político. «Raramente digo que sou desenhador; digo que sou jornalista; faço passar aquilo que tenho vontade de dizer através do desenho; antes que tudo, sou jornalista; a seguir, tenho que ilustrar o acontecimento de forma clara, verdadeira e divertida, como um cronista.», explicou certa vez numa entrevista. Entre as suas personagens, e além dos políticos que elegia como alvo mas que fazia questão absoluta «de nunca arrastar pela lama», constam, entre outras, todas elas popularíssimas, as velhotas viúvas comentadoras da actualidade, o vagabundo copofónico filosófico, a própria Mariana e o seu gato falante. Jacques Faizant publicou mais de 40 álbuns e sete romances, bem como banda desenhada no início da sua carreira.

Leituras de fim-de-semana III

Estou a reler «As Farpas», de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, e parece-me que estou a ler crónicas sobre a actualidade (houvesse alguém que hoje assim escrevesse nos jornais...).

Leituras de fim-de-semana II

Estou a ler «Os Cantos», de Ezra Pound, e estou a ficar exaltado!

Leituras de fim-de-semana I

Estou a ler «Exercícios de Passamento», de José-Augusto França, e estou a ficar passado.

Leituras

O livro é o salva-vidas da solidão.
RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Viva a música

Lê-se nas gazetas que os médicos que estão à cabeceira de Ariel Sharon puseram Mozart como música ambiente enquanto o tentavam tirar do coma em que ele se encontra. Um bocadinho de Wagner é que não tinha sido má ideia...

Mais Quadrantes Musicais muito meus

Richard Strauss e Steve Reich;
Chet Baker e Stan Getz;
Heróis do Mar e Joy Division;
Kraftwerk e Kruder & Dorfmeister.

Pergunta séria, resposta a sério

P: «O que unicamente importa é isto: estamos perante um mundo em ruínas. E o problema a pôr é este: há ainda homens de pé no meio dessas ruínas? E que coisa devem, que coisa podem eles fazer ainda?» .
Julius Evola

R: - Antes de mais, não cair.

Camarada polícia

«PJ em greve pode não prender depois das 17.30», lê-se hoje na manchete do DN. É para rir, mas também para levar a sério: são os efeitos extremos da proletarização da polícia em Portugal, e do peso absurdo e danoso do sindicalismo mais esquerdista nas nossas forças policiais.

Ordem de mérito à estopada

Para o pobre agente da PJ que teve de escutar os telefonemas de Jorge Sampaio.

Quadrantes Musicais muito meus

De Richard Wagner a Philip Glass;
De Ramones a Pixies;
De Cocteau Twins a Portishead;
De José Campos e Sousa a Rodrigo Leão.

Estado socialista

O governo do polvo, pelo polvo e para o polvo.

O «onze» ideal

Dois reforços de peso sentam-se à mesa: o inestimável Eugenio de Laugerud e o caríssimo VL. Agora somos onze como na bola.

Mandamentos do homem moderno para dar nas vistas e ter sucesso:

1. Comprar sempre o livro que está no 1º lugar do top de vendas.
2. Usar gravatas tipo palhaço.
3. Dizer às amigas que tem amigos gay.
4. Andar em cursos de danças latinas.
5. Ir ao Brasil todos os anos.
6. Falar alto nos restaurantes in.
7. Ler a "Visão".
8. Ver exposições de arte contemporânea.
9. Andar de "jeep" na cidade.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Pergunta dramática

Porque é que há tão pouco teatro nacional no Teatro Nacional?

O voto é a arma do povo

Apetece-me muito votar nas eleições presidenciais... do Irão.

Produtividade

Já ganhei muitas horas a perder tempo.

ily :-*

Que se pode esperar de uma juventude que ama por SMS?

Dúvida existencial

É preciso amar a humanidade, de acordo, mas começo por quem?

Voulez-vous danser avec moi?

DANÇAS COM LOBOS


Género: Drama. Ano: 1990.

DANÇAS COM PEIXEIRAS


Género: Comédia musical. Ano: 2006.

Interlúdio Cinematográfico I

René-François-Ghislain Magritte (1898—1967)
Les Amants, 1928
Óleo sobre tela, 54 x 73 cm

Competitividade fiscal

"Dizem que o mundo se tornou demasiado complexo para que as soluções sejam simples. Estão enganados. As boas soluções não são fáceis, mas são simples". Esta frase foi proferida em 1964 por aquele que se viria a tornar Presidente dos EUA, Ronald Reagan.
Vem a propósito do nosso sistema fiscal, que está completamente desfasado da economia global em que nos inserimos, necessitando portanto de uma solução simples.
Para que a nossa economia seja competitiva ao nível do mercado global é imperioso que o nosso sistema fiscal seja, também, competitivo, o que exige uma redução gradual da elevada carga fiscal existente, bem como uma simplificação significativa da estrutura fiscal.
O ritmo de redução da carga fiscal e de simplificação da estrutura tributária dependem em primeiro lugar das reformas introduzidas no sector público, no sentido de reduzir o peso das despesas públicas.
Mas para além disso exige também o repensar de alguns impostos, com particular incidência nos impostos sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) e das pessoas colectivas (IRC).
O IRS e o IRS são, de um modo geral, impostos ineficientes e complexos.
O IRS contempla vários escalões de tributação, bem como um sistema de taxas progressivas e bastante elevadas. Acresce, ainda, que abrange toda uma série de deduções, isenções e benefícios, que distorcem não só o cálculo da matéria colectável, como dificultam a sua determinação. Para além disso, tributa alguns tipos de rendimento, previamente tributados em IRC, como sejam por exemplo os dividendos, conduzindo à dupla tributação.
O IRC tem também uma taxa relativamente elevada em termos internacionais, consagrando, ainda, diversas normas que introduzem significativas distorções no cálculo do lucro tributável. Possibilita, por exemplo, a dedução à matéria colectável dos encargos financeiros, mas não concede igual tratamento ao dividendos, estabelecendo portanto um tratamento fiscal preferencial à Dívida em detrimento do Capital. Por outro lado, os custos dos investimentos são imputados e deduzidos aos lucros através das regras de amortização e de depreciação. Trata-se de regras necessariamente subjectivas e administrativas, que distorcem o cálculo dos lucros anuais, interferindo na tomada das decisões de investimento das empresas.
Por forma a obviar a estas insuficiências, alguns países têm vindo a adoptar o um sistema de impostos sobre o rendimento designado por "Flat Tax" (Taxa Única).
O "Flat Tax" visa introduzir uma taxa única de tributação para todas as formas de rendimento. Os rendimentos continuam a ser tratados separadamente consoante sejam produzidos pelas empresas ou pelos indivíduos, mas a taxa aplicável a todos os rendimentos é uniforme.
Neste sistema, o imposto a liquidar pelas pessoas singulares resulta da aplicação da taxa única aos salários, ordenados e pensões, estando apenas contemplada uma dedução para as pessoas de baixos rendimentos, variável com a dimensão do agregado familiar. Todas as restantes deduções e isenções são eliminadas, o que leva ao alargamento da base tributária e à diminuição da taxa aplicável.
Quanto ao imposto a liquidar pelas empresas, o mesmo resultará da aplicação da taxa única ao valor das vendas deduzido dos fornecimentos terceiros, dos salários, ordenados e pensões, bem como do valor de compra das máquinas e equipamentos. A dedução imediata dos investimentos encoraja a formação de capital, eliminando a subjectividade e a burocracia induzidas pelas tabelas de amortização.
Acresce, ainda, que o sistema em análise, ao orientar-se para uma lógica de tributação dos rendimentos em função do cash-flow elimina as formas de dupla tributação de rendimentos, bem como os desincentivos à poupança e ao investimento daí advenientes.
Um sistema fiscal com uma taxa única reduzida para todos os níveis de rendimento será certamente um factor de simplicidade e de competitividade para o conjunto da economia, capaz de promover de forma significativa o trabalho, a poupança e a iniciativa empresarial.

Para acabar com a juventude

E finalmente, os mandatários para a juventude recomendados para os vários candidatos:

Cavaco Silva - Soraia Chaves, na condição de nunca, mas nunca, abrir a boca.
Manuel Alegre - O pequeno Saúl, infinitamente mais articulado e castiço que o Pacman.
Mário Soares - O Harry Potter, porque só com feitiçaria é que ele consegue ser eleito.
Anacleto Louçã - O Nélito dos «sketches» de Herman José.
Jerónimo de Sousa - Qualquer camarada que saiba quem é Elvis Presley.

Errar é humano...

... como disse o Dr. Mário Soares ontem em latim rançoso, num comício. Dado o adiantado da hora, e porque ontem foi quarta-feira e houve jantar, meti os pés pelas mãos e dei ao Anacleto Louçã o que é do Dr. Mário Soares, embora apenas «emprestado» para as presidenciais - ou seja, Joana Amaral Dias como mandatária para a juventude. Já agora, o Anacleto Louçã não tem mandatário para a juventude por duas razões. A primeira, é que a única moça apresentável, com banho tomado e roupa limpa e ar não-ganzado lá do Bloco de Esquerda é precisamente Joana Amaral Dias, e ela foi cedida, qual jogador de futebol, ao Dr. Mário Soares, por uma breve temporada. A segunda, é que o conceito de mandatário para a juventude configura uma atitude paternalista, burguesóide e fascizante, que nenhum jovem bloquista deve aceitar.

E ainda mais jovens

Para sermos justos, os mandatários para a juventude dos outros candidatos também não são lá grande espingarda. O professor Cavaco tem a fadista-médica Katia Guerreiro, que para fazer boa figura deve abrir a boca estritamente para cantar. O Anacleto Louçã tem Joana Amaral Dias, que é assim como que a Marisa Cruz da esquerda «loony», só que sem o João Pinto. E dizem que Jerónimo de Sousa não tem mandatário para a juventude, mas eu sei que tem, sim senhor, embora a candidatura tudo tenha feito para manter o segredo. Como nós sabemos, o PCP é um partido muito envelhecido e por isso o conceito de «juventude» é lá invulgarmente lato. Daí que as 65 primaveras do mandatário da juventude de Jerónimo não tenham aguentado o ritmo da pré-campanha, e por isso o camarada recolheu a casa com uma travadinha.

A malta é jovens

Há uma contradição abismal na candidatura de Manuel Alegre. Então o candidato é homem de letras e de versos, pessoa lida e culta, e tem como mandatário da juventude aquele rapaz com nome de jogo de vídeo que não consegue articular duas frases, e que no outro dia, num jantar-comício de campanha, assassinou a golpes de «hip hop» tribal a «Trova do Vento que Passa»? Juventude por juventude, até o pequeno Saúl fazia melhor figura.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sociologia

Num dia assim, com esta luz e este céu azul da cor do mar, Lisboa até parece uma bela cidade para se viver e trabalhar; mas, olhando em volta e tendo de lidar com a gente que agora a povoa — tristes mas contentinhos, baixinhos mas empertigados, indolentes mas "com muito trabalho", todos sempre com a desculpa na ponta-da-língua para as suas incompetências —, é obrigatório concluír que esta nova arraia-miúda (do fidalgo indigente ao plebeu desconfiado, passando pelo burguês usurário) não é digna da grande cidade. Se nunca tivessem saído das suas terras, talvez fossem felizes na sua humildade; assim, não passam de incomodativos mosquitos que temos de enxotar a toda a hora do dia. Graças a Deus, à noite desaparecem.

Jantarada

Estamos ainda nas entradas e já tivemos mil visitas. Como será quando chegarmos aos pratos principais?...

PLS

Será que não há ninguém capaz de dizer a Pedro Santana Lopes que já tem idade a mais e cabelo a menos para andar a fazer o número do «rebelde sem causa» lá do partido?

Pausa Poética II

CAMÕES — Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (1946)
Um Filme de JOSÉ LEITÃO DE BARROS

terça-feira, janeiro 10, 2006

Pequenas grandes satisfações

Metam os pés ao caminho, metam-se no Metro, metam-se no carro, entrem no El Corte Inglés, subam ao andar dos brinquedos e apontem à zona dos modelos. Lá, recuarão 40, 30, 20 anos no tempo, à vista dos carrinhos clássicos da colecção «Cararama» da Dida, disponíveis em pelo menos duas escalas. (A minha favorita é a 1/72). Metidos em resistentes caixinhas de plástico e cartão, ao preço da uva mijona, lá estão eles: os Mini Cooper, os BMW Isetta (os famosos «ovos», que deram um «gag» famoso num dos álbuns do Spirou), os Mercedes-Benz Sport, os Land-Rover, as carrinhas Vokswagen, etc. Há-os em caixas individuais, que cabem no bolso do casaco, da gabardine e do sobretudo, ou colectivas - um punhado de Minis, cada um de sua cor, meia-dúzia de Porsches idem, etc, etc. São os carros das nossas brincadeiras de infância e juventude, das velhas e boas bandas desenhadas que líamos, das aventuras fantasiadas, dos filmes vistos nas matinés. Podem ser postos nas secretárias de casa ou do trabalho, alinhados nas estantes do escritório ou da biblioteca, empilhados na mesa de cabeceira. Claro que são «made in China», mas são perfeitinhos, «who cares!». É que dão todo um sabor especial e um significado fundo à palavra nostalgia.

Ao José Alberto Xerez

A excessiva intervenção do estado na vida individual é uma característica das civilizações imperfeitas ou decadentes.
FERNANDO PESSOA

Pausa Poética I

«EPÍGRAFE»

A sala do castelo é deserta e espelhada.

Tenho medo de Mim. Quem sou? De onde cheguei?...
Aqui, tudo já foi... Em sombra estilizada,
A cor morreu — e até o ar é uma ruína...
Vem de Outro tempo a luz que me ilumina —
Um som opaco me dilui em Rei...

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

Etiópia pop

O programa de televisão «Pop Idol», que para mal dos nossos pecados já passou pelos ecrãs portugueses, está agora a ser transmitido na Etiópia, e com grande sucesso, segundo o «The Sunday Times». Se a «trash TV» oferece algum conforto aos etíopes e os distrai de uma realidade quotidiana famélica, triste, opressora e sem horizontes de esperança, que tal contribuirmos um pouco mais para a satisfação deste povo e exportar para a Etiópia o José Eduardo Moniz, a Teresa Guilherme, a Fátima Lopes, etc.?

Puxar pela...


SANTA RITA PINTOR (1889-1918)
CABEÇA, 1912

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Reflexão de final de noite

Somos governados por homens de fatos cinzentos, com corações cinzentos e ideias cinzentas.

Já que estou com a mão na massa...

Porque será que os media se referem sempre a Augusto Pinochet como «o ex-ditador chileno» e a Fidel Castro como «o presidente cubano»?

Responda quem souber

Porque é que os jornais portugueses são cada vez mais ignorantes, mais saloios, menos apetecíveis e menos informativos?

O lago dos sismos

A Cultura que veio do frio

«Eles pensam que estão na RDA, que é de onde vieram», dizia ontem à noite o realizador Fernando Lopes, sobre a ministra da Cultura e o seu secretário de Estado, ambos ex-PCP, a propósito da substituição-surpresa do director do Teatro D. Maria II. É este o estado da Cultura de Estado em Portugal: hoenekeriano.

Três cartazes

Numa rua da cidade, três outdoors lado a lado: Cavaco, Soares e Alegre. Três slogans de fundo: «Sei que Portugal pode vencer», «Porque sabe unir os Portugueses», «Livre! Justo! Fraterno!» Os passantes nem reparam. Já não há palavras, por mais sonoras, que incendeiem os espíritos desenganados. Se um eleitor mais ataviado despertasse agora, depois de três décadas de coma democrático, para a mensagem dos políticos, estranharia decerto a apatia de seus concidadãos. Sentiria vontade de lhes tomar o braço e de lhes bradar na cara: "Por que estão vocês assim tão calmos? Não sabem que Portugal pode vencer? Desconhecem que um dos candidatos sabe unir os Portugueses? E que outro é livre, justo e fraterno? Ignoram que começa, enfim, para todos uma nova era?"
Mas não. Não chegou ninguém de Marte. E os que por cá mourejam, calejados de trinta anos, desfilam indiferentes sob os cartazes garridos. Um casal de namorados lambuza-se mesmo nas barbas de Alegre. Um velhote encanecido urina numa árvore aos pés de Soares. Uma mulher, dois sacos de supermercado numa mão, fala ao telemóvel com um amiga sob o olhar sorridente de Cavaco. Parece que o salpicão é mais barato no Pingo Doce. Nenhum dos candidatos conhece estas verdades elementares da existência.

Reciprocidade blogosférica

O espaço à direita reservado às ligações deixou de estar em branco. O critério para a sua escolha assenta no princípio da reciprocidade blogosférica de “linkar” quem nos “linka” de forma permanente. A lista será actualizada regularmente e baseada em pesquisas feitas por nós ou por indicação dos leitores. Depois de outro passo na construção deste blog, quero agradecer, em nome dos tertuliantes, as referências ao nosso Jantar.

Do português

O português, como os decadentes, só conhece os sentimentos passivos: a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez, e até a inversão. Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.

José de Almada-Negreiros

Ainda a Cultura

Que parte da sociedade portuguesa pode impor um autor ao público? Os homens de verdadeira cultura e espírito crítico encontram-se desligados e dispersos, pela inexistência do meio culto em Portugal; porque a existência do meio culto resultaria de, ou seria, o eles estarem unidos.

Fernando Pessoa

domingo, janeiro 08, 2006

Da Cultura 2

«Vemos instalar-se o mais retrógrado dirigismo populista numa área que o Governo, no seu programa, se comprometeu a tornar 'menos dependente da lógica de nomeação governamental directa'», escrevem personalidades da cultura e artistas num abaixo-assinado de protesto lançado esta noite contra a substituição à queima-roupa, pelo Ministério da Cultura, do director do Teatro Nacional D. Maria II, pelo director do Teatro da Trindade, Carlos Fragateiro. Mas que personalidades da cultura tão ingénuas, que artistas tão cândidos. O que esperavam de um poder de esquerda socialista polvilhado de ex-PCP, em relação à cultura - como a tudo o resto -, senão dirigismo populista e dependência da lógica da nomeação governamental?

Da Cultura

Eu sei que é fraca satisfação, mas os que se exasperam com a falta de jeito do centro-direita para tratar a Cultura quando está no poder, sempre podem contemplar a imensa confusão armada pelos dois ex-militantes do PCP que o governo de esquerda socrática pôs na Ajuda.

Doutrina social

Acabadinho de acontecer.
Encontrei um amigo, de muitas afinidades mas de berço diferente, que não via há muito tempo. O meu filho tratou-o por tio. Ele, espantou-se e disse: «Não me trates por tio, eu sou o Manel». Teve a seguinte ─ certeira e surpreendente ─ resposta duma criança de sete anos: «Trato-o por tio porque o meu pai o trata como irmão».

Voz de veludo

Morreu Lou Rawls, o grande cantor de r&b, «soul» e jazz, conhecido como «a voz de veludo». O mundo está um bocadinho mais cacofónico.

Níveis de pachorra excedidos

De certeza que também há muitos jornalistas fartos quer do Dr. Mário Soares, quer dos outros jornalistas.

Pai da Pátria

Dizia há pedaço Clara Ferreira Alves no «Eixo do Mal» que o Dr. Mário Soares já estava «farto de aturar jornalistas». E o inverso também é verdade.

Outra das minhas frases favoritas

«Democracia é termos o direito de dizer o que queremos e de fazermos o que nos mandam.»

Georges Courteline (Romancista, dramaturgo e humorista)

Uma das minhas frases favoritas

«A liberdade de expressão fez-se para proteger as ideias impopulares. As ideias populares, essas, protegem-se a si próprias.»

Hugh Hefner (Editor da «Playboy» e homem de grande gosto em mulheres e cinema)

sábado, janeiro 07, 2006

Tradição e Vanguarda

AMADEO DE SOUZA-CARDOSO (1887 - 1918)
O CASTELO (1912)
Óleo sobre tela
50 x 61 cm

O salto em frente será sempre dado a partir da espiritualidade ─ e visceralidade ─ que atravessa o Corpo da Pátria.

Foi assim com o Futurismo. Da História para o Futuro, através da Estética.

Olhar e saber ver mais além. Criar novas formas para ideias renovadas e com essas mesmas formas novas recriar mais uma vez as ideias.

Imparável dinâmica.

Com alegria e ironia; mas, com realismo e pessimismo. Com força atlética; mas, com serenidade. Com modernidade; mas, tradicionalmente.

Beber no Passado para voar no Futuro. Sem medo.

O seguro de Vida da Pátria tem Mil Anos.

Novas imagens serão criadas para louvar os Eternos Valores. As palavras bailarão ao som das novas músicas. As belas raparigas redescobrirão o fascínio pelos Heróis do Passado e do Futuro!

A Torre, lá em cima, vigia. E o Castelo lembra-nos que a Nação se forjou na Reconquista e que os tempos são ─ de novo ─ de Refundação: Estética, Cultural, e etc e tal.

Cada um trata da sua menina. Cada macaco no seu galho. Cada soldado na sua trincheira.

Encham-se as canetas de tinta permanente ─ de sangue ─ e: escreva-se, escreva-se, escreva-se.

Pintores: Alerta! Façam-se novos retratos e novas paisagens do agora triste Portugal. Tendes a vista toldada, bem sei. Lavai os olhos; e, olhai de novo ─ e: pintai, pintai, pintai! Ai.

Novos exemplos de anti-semitismo

- Dizer que o Maccabi de Telavive não joga nada.
- Dizer que o último filme de Woody Allen é uma porcaria.
- Dizer que o novo livro de Philip Roth é intragável.
- Dizer que Jorge Sampaio foi um péssimo presidente.

Mais Ferro para o Jantar

«As letras pequeninas, miudas, bisbilhoteiras, negras, são as formigas da Arte...»

De António Ferro para Eurico de Barros

«Ser sincero em arte, é fazer a reportagem da natureza, o carnet-mondain das Almas e das Paisagens...»

A minha pátria é a língua portuguesa

Ouvido ontem ao início da noite, no Marquês de Pombal:
Rapariga: «Óla ali um tásse vazio, mandó parar!»
Rapaz: «Olha o spide do man, não pára nada, hehe, vai maluco! Ganda maluco!»
Rapariga: «Da-se, Fábio! Qual é a tua, man? Pá, man! Já vou atrasada, da-se!»
Rapaz: «Da-se, Vânia, não viste o spide dele? Não viste? Esta gaja, da-se...»
Rapariga: «Os meus pais vão flipar, Fábio!... pá!»
Rapaz: «Oh... dasssse, Vânia!...»

Cultura geral

Ouvido ontem, ao princípio da tarde, na FNAC do Chiado:
Primeira adolescente, brinquinho cravado na narina, olhando a capa de «O Código Da Vinci», de Dan Brown: «Olha este... já lestes?».
Segunda adolescente, umbigo à mostra: «Anhh... não. A minha mãe diz que é muita bom».
Primeira adolescente: «Sobre o que é a história?».
Segunda adolescente, apontando para a capa: «Parece que é sobre esta pintura que aparece nos livros».

Educação nacional

Ouvido ontem de manhã, no Metropolitano:
Primeiro adolescente: «Não sabes quem foi o Marcelo Caetano? Foi o último rei do fascismo e foi morto pela República».
Segundo adolescente: «Não, eles mataram foi o São Carlos!»

Em casa de ferreiro 2

A calinada impressionou-me tanto que até me enganei a teclar: é «Campeonato»! Razão tinha o Groucho Marx: «A televisão é muito educativa. Sempre que ligam o aparelho lá em casa saio da sala e vou ler um livro».

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Em casa de ferreiro...

Lido há pouco, na legenda de uma série do canal de comédia da estação televisiva que está a promover o Campenato Nacional da Língua Portuguesa: «O que fazes hoje há noite?».

À mesa

Conta Giovanni Papini num dos seus livros que, certo dia em Florença, orçava ele pelos 4 ou 5 anos, a mãe levou-o de passeio pelas margens do Arno. Uma roupa domingueira realçava a beleza dos seus cabelos compridos e encaracolados. E, de facto, um ou outro estrangeiro dirigiu-lhe por vezes algumas palavras numa língua que desconhecia, à mistura com sorrisos de afeição. A dado passo, um dos homens estaca diante dele — e contempla-o no fundo dos olhos azuis. Aparenta 50 anos. Usa lentes grossas e uns enormes bigodes. O rosto é largo e gordo. De repente, estende a mão direita e acaricia os caracóis loiros da criança.
Muitos anos depois, Papini viu num livro a imagem acabada do desconhecido desse dia. O coração sobressaltou-se-lhe de comovido pasmo: era o retrato de Nietzsche.
O futuro escritor da "História de Cristo" foi afagado um instante pela mão que escreveu "O Anticristo". Que o episódio sirva de concílio e mote à hora em que nove amigos de tendências várias se atrevem juntos à estrada da blogosfera.

Boa Noite

Ler jornais. Não. Ver televisão. Também não. Folhear revistas culturais. Não, não e não.
Então, o rumo de quem quer manter a mente lúcida — e o bom-gosto a salvo — é este: trocar ideias com gente que pensa pela sua própria cabeça — e que sabe estar à mesa e que aprecia um bom vinho e uma boa conversa —, mas que não se acomoda aos rasteiros confortos pequeno-burgueses, nem embarca em delírios optimistas, nem alinha em salamaleques.
Por mim, continuarei sempre a falar daquilo que gosto, à minha maneira: livros, quadros, filmes. Não necessariamente por esta ordem, ou outra qualquer. Fazê-lo aqui, entre Homens Cultos, é um prazer e uma honra. Além do mais... — Lava-me a alma!

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Ariel mata mais branco

Nesta altura em que o primeiro-ministro de Israel agoniza num hospital, e já anda muita gente pelos media a chamar-lhe «homem de paz» e a louvar-lhe os esforços desenvolvidos para a «resolução do problema do Médio Oriente», é oportuno recordar alguns dos antecedentes «pacifistas» e dos «esforços» beneméritos de Ariel Sharon:

- Em 1953, e após haver integrado, oito anos antes, a organização sionista de luta armada Haganah, Ariel Sharon tornou-se líder da Unidade 101, criada para combater os árabes, tendo comandado um operação sangrenta contra a aldeia de Kibya, na Cisjordânia, fazendo explodir 45 casas e matando 69 moradores. As acções terroristas dessa unidade incluíram tantas mortes de civis palestinianos, que foi emitida uma ordem proibindo matar mulheres e crianças.

- Em 1956, Sharon foi acusado pelos seus superiores de insubordinação e desonestidade na campanha do Canal do Suez. Segundo o historiador militar israelita Martin Van Cheveld, da Universidade Hebraica de Jerusalém, os soldados de Sharon avançaram «da forma mais incompetente possível, resultando tal acção numa batalha totalmente desnecessária, que se tornou a mais sangrenta da guerra». Na ocasião, os seus próprios comandados acusaram Sharon de oportunismo desumano, para tentar construir a sua reputação à custa deles.

- No início dos anos 70, e enquanto comandante militar no sul de Israel, Sharon reprimiu os palestinianos na faixa de Gaza, através de deportações em massa de famílias inteiras, chegando a abrir uma larga avenida no meio de um campo de refugiados, destruindo centenas de casas.

- Entre 1977 e 1981, Ariel Sharon foi Ministro da Agricultura no primeiro governo do Likud e organizou o primeiro grande movimento de colonização judaica nos territórios ocupados.

- Durante a invasão do Líbano em 1982, Sharon era Ministro da Defesa de Menachem Begin, e foi o responsável pelo massacre de mais de dois mil civis palestinianos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, localizados numa região de Beirute controlada por Israel e pelas milícias cristãs libanesas, que agiram durante anos a fio com procuração de Israel em acções assassinas coordenadas pelo exército judeu. O massacre de Sabra e Chatila provocou uma verdadeira comoção mundial, quando a comunidade internacional responsabilizou o governo de Israel pelos massacres. Foi instaurado um inquérito em Israel ao sucedido, que concluiu que Sharon tinha responsabilidade no massacre, sendo sugeriu que ele deixasse a pasta da Defesa.

- Sharon foi ainda ministro do Comércio e da Indústria entre 1984 e 1990, e supervisionou a gigantesca expansão de colónias judaicas no Ministério da Construção, entre 1991 e 1992.

- Ariel Sharon terá também estado na origem da proibição do escritor inglês John Le Carré de visitar Israel, após este ter escrito o livro «A Rapariga do Tambor», altamente crítico das acções clandestinas desenvolvidas pelos serviços secretos israelitas na Europa, visando a eliminação de militantes palestinianos. (Já agora, ver também o excelente filme homónimo de George Roy Hill que adapta o livro de Le Carré, com Diane Keaton, Yorgo Voyagis, Sami Frey e Klaus Kinski, nem por acaso «demolido» pela maioria da crítica americana à altura da sua estreia nos EUA, em 1984).

Aqui fica este material para a devida reflexão sobre este homem da paz (dos cemitérios) e da resolução (à mão armada) do problema do Médio Oriente.

Entrada

Cabe-me a tarefa de abrir as portas e deixar entrar os posts seguintes. Fica, a partir de agora, oficialmente inaugurado um novo blog colectivo. Da mesa para a blogosfera, este é o Jantar das Quartas, para ler, digerir e retorquir, a qualquer hora do dia, a qualquer dia da semana.