quinta-feira, junho 29, 2006
A minha Lisboa está a desaparecer. Todos os anos, desaparece mais um bocado, desde os anos 80. Desapareceu o Cine-Teatro Monumental (e o Satélite) e o Restaurante Monumental, e o Monte Carlo, que até tinha barbeiro lá no fundo e em cuja tabacaria comprei todas as minhas revistas durante anos e anos; desapareceu a leitaria aqui da esquina, com o dono que tratava todas as clientes por «madame»; e desapareceu também a mercearia do Sr. Domingos; desapareceu a Livraria Quadrante; desapareceu o Circuito Mini-Car; desapareceu a Colombo; desapareceu o prédio do anjo no Saldanha, e o Modelo onde a minha mãe encontrava a D. Laura Alves, ficavam a falar as duas e o meu pai, coitado, cada vez mais impaciente junto ao balcão dos frios; desapareceu o sapateiro de vão de escada que ainda me chamava «menino» quando eu lá ia, já matulão; desapareceram o Berna, o Império, o Apolo 70, o Condes, o Eden, o Castil, o Alvalade, o Odeon, o City Cine, o Cinebloco, os ABCine, as salas de reposição de bairro e os «piolhos»; desapareceu o «Panzer Bife»; desapareceu a Feira Popular; desapareceram as lojas de brinquedos clássicas da Baixa; desapareceu o Império, primeiro o cinema, depois o café. E agora vai desaparecer o salão de jogos Monumental, o do «snooker», dos matrecos, do bilhar e dos «pintas» de azeite no cabelo, calça pata-de-elefante, camisa estrelicadinha e palito a bailar no canto da boca, jogando partidas infindáveis. A minha Lisboa está a desaparecer. Todos os anos, aos bocadinhos.
quarta-feira, junho 28, 2006
Heróis da resistência
O compositor antifascista Emerenciano Carrusca, democrata desde o útero materno, abnegado defensor da liberdade, antigo crítico de música do «Avante!» e autor de obras clássicas de resistência como «Tocata e Fuga de Peniche» ou «Serenata à LUAR», celebra, ao teclado, na sala da sua modesta casa da Travessa Heróis dos Movimentos de Libertação, em Almada, a nova pensão extra concedida pelo Estado português.
terça-feira, junho 27, 2006
segunda-feira, junho 26, 2006
sábado, junho 24, 2006
Arrogância de chuteiras
«Vamos espremer os laranjas», «Venham as florzinhas de estufa», «Vamos fazer sumo das laranjas», «Toca a esmagar as laranjinhas», lê-se na imprensa e ouve-se nas televisões a propósito do jogo Portugal-Holanda deste domingo. E se na segunda-feira a selecção nacional voltar para casa com uma derrota no bucho e de monco caído, o que escreverão e dirão os media, já com as chuteiras da arrogância descalçadas?
sexta-feira, junho 23, 2006
Dor de cotovelo (blogosférica)
Tenho de ver se escrevo um livro assim como o do BOS, para os meus "posts" terem mais comentários do que o que o Mendo pôs a anunciar o dele.
quarta-feira, junho 21, 2006
Bom conselho
Poder ler, vertida em letra de forma e impressa no insubstituível suporte que é o papel, a elevada prosa de um Homem Livre, que, ainda para mais, nos dá a alegria de ser nosso Confrade e Amigo, será uma subida honra e um grato prazer para a tertúlia jantarista.
Estou em condições de adiantar (embora me tenham pedido segredo sobre o assunto...) que, cumprindo a velha máxima "livros bons, raparigas boas", haverá um desconto muito especial para todas as piquenas que se apresentarem em bikini no lançamento do Livro.
Estou em condições de adiantar (embora me tenham pedido segredo sobre o assunto...) que, cumprindo a velha máxima "livros bons, raparigas boas", haverá um desconto muito especial para todas as piquenas que se apresentarem em bikini no lançamento do Livro.
Mau Conselho
O recém-formado Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas tem a China, Cuba e a Arábia Saudita entre os seus membros. É um escândalo. E então a Coreia do Norte, a Libéria e a Bielorússia?
domingo, junho 18, 2006
sábado, junho 17, 2006
Jornalismo cómico
O semanário humorístico «Expresso» noticia hoje que o Partido Nacional Renovador (PNR) iria receber dinheiro do governo do Irão para as suas actividades políticas, e nomeadamente para «manifestações contra o Holocausto». O «Expresso», que não refere se juntamente com o caroço virá também, como brinde, algum urânio para o fabrico de uma bombita atómica, está a tornar-se no jornal cómico de referência nacional, ameaçando a hegemonia do «Inimigo Público».
sexta-feira, junho 16, 2006
quarta-feira, junho 14, 2006
Jean Roba (1930-2005)
Morreu hoje, em Bruxelas, cidade onde viu a luz do dia há 75 anos, um grande desenhador do tempo em que a banda desenhada franco-belga era muito melhor e muito mais saudável do que é agora. Um dos insubstituíveis. Além de ter criado os imortais «Boule e Bill», inspirando-se no seu filho e no cão que a família tinha em casa, Roba também colaborou nas aventuras de «Spirou» quando era assinado pelo seu grande amigo Franquin, e desenhou «A Turma» («La Ribambelle»).
terça-feira, junho 13, 2006
Deonto...quê?
Cito d'o Sexo dos Anjos - viriatos.blogspot.com -, de Manuel Azinhal:
«Explicação de Filomena Martins, da direcção do "Correio da Manhã", sobre as formas de trabalhar o noticiário relacionado com a "extrema-direita":
"A melhor forma de lidar com esse fenómeno desprezível, xenófobo e racista, tem duas vias: o ataque, relevando o pior do que defendem sem contemplações e controlando os seus passos ao milímetro, agindo contra todas as ilegalidades; ou o desprezo, cortando-lhe campo de manobra e impedindo qualquer tipo de promoção."
Para além da alternativa entre o ataque ou o desprezo havia uma terceira hipótese, não considerada na tese mas prevista logo no artigo 1º do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, aprovado oficialmente a 4 de Maio de 1993:
"O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público."»
E acrescento: o que fará o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão de Deontologia do mesmo, perante tão descarada e chocante violação da legislação em vigor, tão descomunal atentado às obrigações de rigor e de objectividade que os jornalistas devem a si mesmos, e aos seus leitores? E pergunto: o que iria por aí de escândalo e de protestos, se algo nesta linha fosse escrito num jornal de circulação nacional sobre a extrema-esquerda?
«Explicação de Filomena Martins, da direcção do "Correio da Manhã", sobre as formas de trabalhar o noticiário relacionado com a "extrema-direita":
"A melhor forma de lidar com esse fenómeno desprezível, xenófobo e racista, tem duas vias: o ataque, relevando o pior do que defendem sem contemplações e controlando os seus passos ao milímetro, agindo contra todas as ilegalidades; ou o desprezo, cortando-lhe campo de manobra e impedindo qualquer tipo de promoção."
Para além da alternativa entre o ataque ou o desprezo havia uma terceira hipótese, não considerada na tese mas prevista logo no artigo 1º do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, aprovado oficialmente a 4 de Maio de 1993:
"O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público."»
E acrescento: o que fará o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão de Deontologia do mesmo, perante tão descarada e chocante violação da legislação em vigor, tão descomunal atentado às obrigações de rigor e de objectividade que os jornalistas devem a si mesmos, e aos seus leitores? E pergunto: o que iria por aí de escândalo e de protestos, se algo nesta linha fosse escrito num jornal de circulação nacional sobre a extrema-esquerda?
segunda-feira, junho 12, 2006
Vitórias e vitórias
Pois, está bem, eu sei, os portugueses ganharam ontem 1-0 aos angolanos na bola, mas os espanhóis ganharam o Torneio de Roland Garros e o Grande Prémio de Inglaterra. E como eu gosto infinitamente mais de ténis e de Fórmula 1 do que de futebol... fico chateado. Porque gostava que houvesse também portugueses a ganhar torneios do Grand Slam e corridas do Grande Circo, além de joguitos de bola - mesmo que sejam do Mundial.
sexta-feira, junho 09, 2006
Terrorismo mata a abrir o Mundial
Pelo menos dez palestinianos foram mortos e dezenas ficaram hoje feridos em bombardeamentos da marinha israelita contra uma praia da faixa de Gaza e numa série de ataques aéreos contra activistas. Entre os mortos, conta-se um casal e os seus três filhos, bem como duas outras mulheres. Pelo menos 35 outros palestinianos ficaram feridos. Nesta praia de Al-Sudania, em Gaza, vêem-se apenas mesas de campismo destroçadas e sandálias de crianças. A televisão palestiniana difundiu imagens mostrando os numerosos feridos, entre os quais crianças ensanguentadas, a chegar aos hospitais, bem como mulheres transportadas em cadeiras de rodas. Segundo testemunhas, a força naval israelita lançou pelo menos três bombardeamentos contra a praia da localidade de Beit Lahia, no norte da faixa de Gaza, onde se encontravam centenas de pessoas durante o dia de descanso muçulmano da sexta-feira. Fontes palestinianas disseram que a maioria das vítimas são crianças que brincavam na praia quando ocorreu o bombardeamento.
quinta-feira, junho 08, 2006
A ditadura da bola
Neste preciso momento, nos dois canais da RTP, estão no ar, em simultâneo e em directo, programas sobre o Mundial de Futebol. É a ditadura da bola descaradamente instalada no "serviço público"
segunda-feira, junho 05, 2006
sábado, junho 03, 2006
Más leituras
Que o Ministério da Educação, a entidade que nas últimas décadas se tem esmerado em nivelar pelo mais baixo a qualidade da dita em Portugal, e em que se inclui a erradicação do gosto pela leitura nos estudantes, o saneamento dos clássicos da literatura dos currículos escolares e o desincentivo ao hábito da companhia dos livros, esteja agora envolvido num pomposo Plano Nacional de Leitura, é o equivalente de pôr um pirómano a chefiar os bombeiros.
sexta-feira, junho 02, 2006
Acalmia
Quanto começar o Mundial de Futebol e Portugal iniciar a sua triunfal carreira para o título, a situação em Timor-Leste vai acalmar instantaneamente. Basta instalarem uns telões por lá.