Paris revisitada
Estive, muito recentemente, de novo em Paris, onde passei alguns dias. Paris é uma cidade de que se pode falar no plural, tal como os antigos gregos quando se referiam a Atenas. De facto, Paris há muitas, incluindo a do visitante apressado em correr tudo o que é museu, exposição na moda ou espectáculo “qu’il faut absolument ne pas rater” (espectáculo a não perder em caso algum). Esse, passa por lá e nem sequer se apercebe da presença de um mundo que mal aflora e o rodeia, sem dele suspeitar.
É que não se pode pretender conhecer bem uma cidade sem se estar disposto a “perder tempo”. A alma de um grande burgo não se deixa facilmente apanhar; é preciso comunicar com ela, sofrer um pouco nas paragens, cortejá-la e ter paciência, para que ela se dê, se lhe entregue. Olhar em silêncio. E isto sem guia. A recompensa é vermos o que os outros nunca verão.
Assim, mais uma vez me surpreendeu, com emoção renovada, junto a Notre-Dame, magnífica de juventude, o Sena, verde-amarelado, glauco, de dia, e serpente negra de escamas agitadas, misteriosamente ameaçadora, de noite.
Em contraste com o céu cinzento-escuro que faz de Paris, por vezes, uma cidade toda branca, as fachadas lavadas, amarelo-palha, salpicadas de luz, de alto a baixo, como se lhes tivessem atirado com um grande balde de Sol sobre essas velhas casas a escorrer claridade. Visão magnífica que não posso contemplar sem uma vaga ponta de tristeza, a tristeza que me empresta o Sol. A falta de Sol, estranhamente, aquece-me sempre.
Trago indelevelmente em mim a Paris da minha infância e juventude, pois lá decorreu parte da minha formação, educação e aprendizagem. Reminiscências do vivido naqueles quartos de hotelzinho de estudantes, das deambulações nocturnas e diurnas (depois das noitadas), visões hugolianas das gárgulas de Notre-Dame, tudo isso em palco de filme mudo e surdo, despovoado e soturno, à Bergman, simultaneamente ameno e de terror.
Também comigo o cenário dos meus sonhos de então, com uma secreta preferência pela cidade que assim me habita a memória. E, essa, curiosamente, me aparece sempre mais bela, mais interessante, mais misteriosa, mais mágica do que a dos outros.
É que não se pode pretender conhecer bem uma cidade sem se estar disposto a “perder tempo”. A alma de um grande burgo não se deixa facilmente apanhar; é preciso comunicar com ela, sofrer um pouco nas paragens, cortejá-la e ter paciência, para que ela se dê, se lhe entregue. Olhar em silêncio. E isto sem guia. A recompensa é vermos o que os outros nunca verão.
Assim, mais uma vez me surpreendeu, com emoção renovada, junto a Notre-Dame, magnífica de juventude, o Sena, verde-amarelado, glauco, de dia, e serpente negra de escamas agitadas, misteriosamente ameaçadora, de noite.
Em contraste com o céu cinzento-escuro que faz de Paris, por vezes, uma cidade toda branca, as fachadas lavadas, amarelo-palha, salpicadas de luz, de alto a baixo, como se lhes tivessem atirado com um grande balde de Sol sobre essas velhas casas a escorrer claridade. Visão magnífica que não posso contemplar sem uma vaga ponta de tristeza, a tristeza que me empresta o Sol. A falta de Sol, estranhamente, aquece-me sempre.
Trago indelevelmente em mim a Paris da minha infância e juventude, pois lá decorreu parte da minha formação, educação e aprendizagem. Reminiscências do vivido naqueles quartos de hotelzinho de estudantes, das deambulações nocturnas e diurnas (depois das noitadas), visões hugolianas das gárgulas de Notre-Dame, tudo isso em palco de filme mudo e surdo, despovoado e soturno, à Bergman, simultaneamente ameno e de terror.
Também comigo o cenário dos meus sonhos de então, com uma secreta preferência pela cidade que assim me habita a memória. E, essa, curiosamente, me aparece sempre mais bela, mais interessante, mais misteriosa, mais mágica do que a dos outros.
3 Comentários:
Paris... Infelizmente até hoje só lá estive uma única vez e por trÊs dias apenas. Acho que nunca andei tanto na minha vida... Queria conhecer Paris, tinha fome de ver, ouvir e sentir aquela cidade de que todos tanto me falavam. E devo dizer que não me desiludiu, muito pelo contrário. Foram poucos os dias, mas as memórias que criei foram muitas e as saudades plo que conheci e pelo que deixei por conhcer apertam. Espero la voltar em breve. =)
E Lisboa? Mesmo por antinomia.
Roberto Morais
Os tratamentos estão a fazer efeito. "Chapeau" para este texto tão vivo quanto nostálgico. Continue....
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