sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Ao BOS

Édouard Manet (1832 — 1883)
Olympia, 1863
Óleo sobre tela, 130,5 x 190 cm
Um olhar de dezanove anos — Victorine, modelo e amante do Pintor — desafia o público burguês dos salões e das salinhas de Paris. O corpo nu — ou despido... —, descontraído mas firme, impõe-se como centro de uma composição, só aparentemente académica.
Aqui, a novidade encontra-se, duplamente, na forma e no tema. Não é um nu clássico, de uma qualquer odalisca, que vemos. É uma mulher mundana que nos encara. Os acessórios, adereços e figurantes são escolhidos para — por detrás de um aparente naturalismo — nos desassossegarem: as jóias sobre a nua pele branca, a flor no cabelo e as flores oferecidas, os sapatos-de-quarto anunciando o abandono de alcova, e, ainda, as desconcertantes presenças de uma criada preta — num gritante alto-contraste cromático e social — e de um gato preto eriçado — contra todas as convenções da representação dos animais domésticos na História da Pintura, qual figuração diabólica.
Em três palavras: romântico, moderno e provocador.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo said...

Uma lição do Mendo. Para quem nada percebe de arte, como é o meu caso, estes comentários/notas permitem outra perspectiva.Faz-se luz :)

Rodrigo

2:15 da manhã  

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