domingo, fevereiro 19, 2006

Rodrigo Emílio Vive!

As sucessivas sessões organizadas para celebrar a memória de Rodrigo Emílio — e que já duram há quase dois anos, desde a sua morte física — têm propiciado a convergência de pessoas provenientes de diferentes gerações e sítios, e com diversas posturas e culturas. Desta forma, gente presa às suas rotinas pessoais tem tido a oportunidade de se conhecer entre si; e, assim, descobrir afinidades. Pude hoje ouvir e participar em conversas que começaram entre convivas que nunca se tinham sequer visto e que fluíram como se de velhos amigos se tratasse. Coisa maravilhosa esta de pensamentos, ideias e interesses desinteressados — muitas vezes guardados em silêncio durante anos — poderem subitamente libertar-se e ir ao encontro de ouvintes atentos e com muitíssimas coisas a acrescentar sobre os mesmos assuntos. Andando nós todos os dias a tropeçar, por motivos profissionais e sociais, e, até, familiares, em gente que nada nos diz, é de facto surpreendente podermos — de súbito! — escutar palavras que soam como música nova para os ouvidos — e, principalmente, para o espírito.

É com alegria que sinto estabelecer-se já uma tranquila mas dinâmica sinergia entre toda esta gente; e, talvez por lirismo..., estou profundamente convencido da eficácia destes e doutros movimentos orgânicos, de pura espontaneidade, para lançar os fundamentos culturais da Pátria Portuguesa do século XXI. Aliás, podemos afirmar, com segurança, ser a cultura — tradicionalista ou vanguardista, ou ambas, mas autêntica e nossa — o verdadeiro e único ponto central de atracção que está exercendo o fascínio sobre as largas dezenas de homens e mulheres que têm acorrido a estes in memoriam. E as amostras têm sido impressionantes. A sinistra ditadura cultural, imposta politicamente, foi já furada. Afinal, ao fim de décadas..., continuou a pensar-se, a estudar-se, a escrever-se, a compôr-se. Enfim: foi-se conservando e transmitindo o essêncial (quase clandestinamente), mas não se deixou, também, de criar, inovando! E, quando dois ou mais criadores se encontram, podem lançar-se bases estéticas para o futuro.

Por isto que aqui fica dito — madrugada dentro, a horas bem emilianas... — e por mais tudo o que ficou por dizer, posso concluir agora: Rodrigo Emílio irá colher — lá em Cima — os altos frutos que cá em baixo semeou. Saibamos nós cumpri-lo.

2 Comentários:

Blogger Flávio Gonçalves said...

Deveras agradável, e tive a agradável surpresa de rever camaradas que não via há quase uma década, pessoas que julguei já estarem democratizadas e assimiladas e afinal... o mundo é pequeno =)

2:34 da tarde  
Blogger Paulo Cunha Porto said...

Tive muita pena de não ter podido estar lá. Mas estive-o espiritualmente. Um Grande Poeta, que descobri aos 16 anos.
Ab.

11:33 da tarde  

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