Aperto de mão
Toda a tentativa que visa melhorar o mundo partindo do princípio que a humanidade é capaz de progresso no sentido moral do termo, ou que é boa de origem, está condenada ao fracasso. Crer na bondade original do homem é concepção puramente sentimental, logo estéril e até perigosa.
Mas ainda mais tolo e néscio é o conceito que quer fazer admitir à viva força que aqueles que crêem na humanidade são de natureza mais nobre do que os que nela não acreditam, mas tão só e simplesmente nos homens, caso a caso.
De resto, acho preferível que dois homens se dêem friamente a mão por cima de um abismo de eterna distância, do que caiam nos braços um do outro, enternecidos e levados pelas agitações enganadoras da chamada compreensão.
Mas ainda mais tolo e néscio é o conceito que quer fazer admitir à viva força que aqueles que crêem na humanidade são de natureza mais nobre do que os que nela não acreditam, mas tão só e simplesmente nos homens, caso a caso.
De resto, acho preferível que dois homens se dêem friamente a mão por cima de um abismo de eterna distância, do que caiam nos braços um do outro, enternecidos e levados pelas agitações enganadoras da chamada compreensão.
28 Comentários:
A meu amigo Roberto de Moraes, um abraço bem firme. Gostei dos posts.
"Mas ainda mais tolo e néscio é o conceito que quer fazer admitir à viva força que aqueles que crêem na humanidade são de natureza mais nobre do que os que nela não acreditam, mas tão só e simplesmente nos homens, caso a caso".
Esquecendo o adorno oratório da "viva força" e a questão secundária da nobreza como menor ou maior atributo dos cinismos modernos mais ou menos imaginários, e rumando ao essencial filosófico da questão, parece-me que um tanto tolo, neste campo das inquirições éticas, será um conceito colectivo intitulado "os homens, caso a caso", ignorante da parte de natureza comum que subjaz aos "casos".
É que a hipótese moral só admite duas vias: a ontologicamente solipsista -- que não pode usar plurais e equivale, no fundo, a um estado de singularidade ético-paranóica -- e as outras, muito mais modestas, que requerem necessariamente (e possivelmente não só) a presença da espécie e do intelecto, ou seja do colectivo propriamente chamado "humanidade".
Pensando melhor, "duas vias: a ontologicamente solipsista [...] e as outras" são vias a mais.
Corrija-se pois "as outras" para "a outra", não perdendo de vista as muitas faixas de rodagem possíveis da 2ª via.
Fónix, é só velhadas a falar de cenas esquisitas!
Isto vai dar q falar, isto vai dar q falar! Agitem-se as mãos, as consciências, os ânimos. A ver se se arruma de vez este país à beira de vários estádios de futebol plantado.
billabong said: "Fónix, é só velhadas a falar de cenas esquisitas!"
Billabong, meu, o surf da comezaina tava bera, achei baril postar umas bocas para desencadear a rebentação.
Panfilio von kleighunter y manzanillas:
De acordo, postemos a desarrumação porque, no limite, tudo para lá caminha. Veja-se uma lei simples:
2ª lei da termodinâmica ou o princípio da entropia:
"Em qualquer transformação que se produza num sistema isolado, a entropia do sistema aumenta ou permanece constante. Não há portanto qualquer sistema térmico perfeito no qual todo o calor é transformado em trabalho. Existe sempre uma determinada perda de energia".
Logo, todas as coisas tendem a desarrumar-se ou caminham para a desarrumação.
Pô, cara, vâmo nessa e quebrar a banca!
MSS: "De acordo, postemos a desarrumação porque, no limite, tudo para lá caminha."
Arrumação e desarrumação são conceitos utilitários. E o "tudo para lá caminha" deve ser qualificado através de uma gnose adequada: que sabemos nós do "tudo" e seus misteriosos recursos?
É um pouco como falar de "partículas" (i.e. partes muito pequeninas) sem procurar saber primeiro de que é que essas partes são parte (são partes eventuais do evento-experiência que se insere no evento global, o tal dos misteriosos recursos).
É o mesmo com as perplexidades entrópicas: energia é potencialidade e entropia é aproveitabilidade de potencialidade. Ora o bom zeus. por mais dissipado, não é nenhuma máquina a vapor. Daí as confusões.
E agora tenho que acorrer a umas rebentações que estão a surgir noutro universo aqui próximo.
"Pô, cara, vâmo nessa e quebrar a banca!"
Todos ao surf!
Panfilio von kleigunther y manzanillas:
Não sabemos nada, de facto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Multiverse
Existirão multiversos? (interrogação para o fim-de-semana).
Bom, e agora vou ver se apanho a onda, pq hoje não me apetece quebrar a banca.
P.S. A entropia não é a aproveitabilidade da potecianlidade, so sorry.
Que cena, só cotas a querer falar à surfe, malaico!
Billabong,
Cotas?! Só se for as referidas no post de ontem (acho). Olha, o mar está um bocado 'flat' aqui por estas bandas, vou procurar um oceano com outro tipo de 'swell'.
E fazer publicidade gratuita à billabong?! 'Tá mal, 'tá errado...
Esclarecimento adicional a panfilio von etc:
Aquela dos multiversos vinha a propósito de: "acorrer a umas rebentações que estão a surgir noutro universo aqui próximo".
Como disse lá atrás, hoje o mar está um bocado 'flat'. Enfim. Venha aí o Poseidon a ver se agita as ditas águas.
mms said: "Não sabemos nada, de facto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Multiverse
Existirão multiversos? (interrogação para o fim-de-semana)."
Nem é preciso esperar! Respondo logo que não faço a mínima ideia! Sou mais modesto: referia-me apenas a "universos" on-line que, como sabe, são fantasmáticos...
P.S. A entropia não é a aproveitabilidade da potencialidade, so sorry.
É, na medida em que se relaciona com a disponibilidade da energia de um sistema (no sentido de possibilidade de transferência sob forma de trabalho desse sistema para outros). Se for zero, quer dizer que está tão organizada e à disposição, que bem espremida não fica pinga por aproveitar. Se for máxima quer dizer que está tão desorganizada que não é mobilizável. Isto apenas em função da organização interna do sistema, seja qual for a energia fixa de que estamos a falar. Por isso se diz que a dita entropia é uma "função de estado".
Já agora, porquê o interesse pelo conceito?
Panfilio von whatever:
"Já agora, porquê o interesse pelo conceito?"
Porque é uma lei ou princípio q se pode exportar p outros domínios q não o da física e explicar a degenerescência de muitos sistemas sociais básicos. Basicamente, utilizo-o 'metaforicamente'.
Obrigada pela explicação adicional.
É só malucos! São todos profes, ó quê???
MMS,
Acho que já percebi onde a minha amiga queria chegar (e chegou: eu é que não tinha percebido).
Quando escrevi a propósito da sua intervenção termodinâmica que "energia é potencialidade e entropia é aproveitabilidade de potencialidade" não estava a fornecer definições, nem a sugerir que entropia era uma indicação directa de disponibilidade. Claro que a indicação é inversa: quanto mais entropia, menos energia laboral disponível. Por isso poderá dizer, num jargão físico-sociológico, que, por exemplo, a "Função de Estado" (só para lançar ainda mais confusão!) é mais entrópica que a Privada equivalente...
Falando a sério, o que eu estava a sugerir era a possível diferença de natureza de coisas medidas com conceitos inventados para cavalos-vapor e depois promovidos a atributos de divindades cosmológicas, sem se saber muito bem de que se está realmente a falar (como era o caso das "partículas", por exemplo). Daí a história do bom zeus (*), por mais dissipado, não ser nenhuma máquina a vapor...
Tudo isso por causa do seu "todas as coisas tendem a desarrumar-se ou caminham para a desarrumação" que, pelo tom, me pareceu conter alguma dose de cosmologia atrevidota...
Lembrei-me agora de uma estorinha muito divertida sobre uma intervenção de um jovem teenager num recente encontro científico. Perguntou o jovem ao painel de sábios: "Primeiro precisaram da matéria escura para fazer o universo expandir-se mais devagar, depois precisaram da matéria escura para fazer o universo expandir-se mais depressa. Em que é que ficamos?"
Diz o narrador que, como resposta ao simpático jovem, foi-lhe dito que a sua pergunta era excelente e que se estudasse muito poderia um dia juntar-se ao team de cientistas em busca de respostas...
(ha ha ha, genial!)~~ :D
(*) Precisão: o "bom zeus" era um comodismo formal. Pode até ser que se possa falar de mais do mesmo. E estas coisas só em línguas penadas podem ser designadas, como no Cyrano de Bergerac...
Billabong: "É só malucos! São todos profes, ó quê???"
Excelente pergunta. Eu cá tenho-me por quê. O quid. Mas posso estar enganado.
Billabong,
"São todos profes, ó quê???"
Ou quê...
Se fosse a ti, começava a pensar em pedir um patrocínio à Billabong, q isto de publicidade gratuita não está com nada. Quem te avisa...
Pedro Botelho (ou a identidade revelada),
Afinal o 'amigo' (parafraseando-o) tb pertence à blogoesfera e - para grande espanto meu - vi lá entropianula. Curioso, no mínimo.
"Diz o narrador que, como resposta ao simpático jovem, foi-lhe dito que a sua pergunta era excelente e que se estudasse muito poderia um dia juntar-se ao team de cientistas em busca de respostas...".
Quererá o 'amigo' ajudar-me a compreender isto? Tal como o billabong, agora sou eu q estou às aranhas. Será falta de cafeína? Enigmas.
Ó cotas, falem de coisas que se entendam! São piores que os meus prófes!
Este Pedro Botelho, além de fascista, anti-semita e negacionista, agora anda armado em físico.
Pedro Botelho (ou a identidade revelada),
Sim, é verdade. "Romeiro, romeiro, quem és tu? Ninguém!" como dizia o outro.
A ástucia do velho Odisseus, laertíada, saqueador de cidades, é fazer crer que não existe.
Afinal o 'amigo' (parafraseando-o)
O prazer é todo meu.
tb pertence à blogoesfera
Sim, é verdade, mas um dia a blogosfera será minha.
e - para grande espanto meu - vi lá entropianula. Curioso, no mínimo.
Foi essa curiosa coincidência que me levou a imaginar que a minha identidade secreta tinha sido descoberta. Agora é tarde e terei de patentear outro pseudónimo, mas não é grave.
Quererá o 'amigo' ajudar-me a compreender isto? Tal como o billabong, agora sou eu q estou às aranhas. Será falta de cafeína? Enigmas.
Bem é preciso perceber que as perplexidades do jovem eram inteiramente justificadas e se estendiam ao sábio painel, que, como é hábito nestas tentativas de interpretação das zona limítrofes das novas físicas, não sabia muito bem de que "aspectos de realidade" ao certo estava a falar. Daí a comicidade do elogio à pergunta seguido de um comentário do tipo "estuda, meu malandro, estuda, para um dia te veres às aranhas como nós...", presumivelmente com um sorriso amarelo a acompanhar...
"Billabong said: "Ó cotas, falem de coisas que se entendam! São piores que os meus prófes!"
Billabong, nem só os prófes são incompreendidos.
avi said: "Este Pedro Botelho, além de fascista, anti-semita e negacionista, agora anda armado em físico."
Avi, receio bem que haja aí algum exagero. Por exemplo, alguns dos meus melhores amigos são palestinianos de pura cepa. Além disso, era mais para o lado da meta-física.
Pedro Botelho (former panfilio von...), Billabong e demais:
Ithaka
As you set out for Ithaka
hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery.
Laistrygonians, Cyclops,
angry Poseidon - don't be afraid of them:
you'll never find things like that on your way
as long as you keep your thoughts raised high,
as long as a rare excitement
stirs your spirit and your body.
Laistrygonians, Cyclops,
wild Poseidon - you won't encounter them
unless you bring them along inside your soul,
unless your soul sets them up in front of you.
Hope your road is a long one.
May there be many summer mornings when,
with what pleasure, what joy,
you enter harbors you're seeing for the first time;
may you stop at Phoenician trading stations
to buy fine things,
mother of pearl and coral, amber and ebony,
sensual perfume of every kind -
as many sensual perfumes as you can;
and may you visit many Egyptian cities
to learn and go on learning from their scholars.
Keep Ithaka always in your mind.
Arriving there is what you're destined for.
But don't hurry the journey at all.
Better if it lasts for years,
so you're old by the time you reach the island,
wealthy with all you've gained on the way,
not expecting Ithaka to make you rich.
Ithaka gave you the marvelous journey.
Without her you wouldn't have set out.
She has nothing left to give you now.
And if you find her poor, Ithaka won't have fooled you.
Wise as you will have become, so full of experience,you'll have understood by then what these Ithakas mean.
C.P.Cavafy
P.S. Um tributo aos viajantes e inconformados (e surfistas, vá).
"P.S. Um tributo aos viajantes e inconformados (e surfistas, vá).
Não esqueça o que até os filósofos mais ortodoxos devem à irreverência dos surfistas gregos, como dizia um discípulo liceal de uma amiga, essa sim, prófe, referindo-se à turma do Protágoras...
A propósito: o meu "minha amiga" deveu-se ao seu "obrigada" (não sou bruxo). E o "quid" era o meu, não era o do mundo inteiro, mas tenho presente o vasto confronto cosmológico do Ninguém com o Ciclope.
Very nice site! »
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