sexta-feira, janeiro 26, 2007

Bandeira vermelha

Em 1915, em Genève, Capuchinho Vermelho, de trinta anos de idade, protestante, filha e esposa de banqueiro, oferece a Vladimir Ilitch Oulianov, dito Lenine, a sua capa curta com capuz dos tempos de ninfeta para que dela faça a bandeira da revolução que está para vir. Vladimir Ilitch beija a jovem senhora na boca e diz-lhe: "É um costume lá da minha terra." Agradece-lhe o presente. Ignora ainda se a capinha pairará algum dia, flutuando, nos céus de São Petersburgo. Tem as suas dúvidas mas não quer desencorajar aquela ainda apetitosa burguesa que cheira a perfume caro, discretamente capitoso.

5 Comentários:

Anonymous Anónimo said...

Ahahahaha! Excelente, uma das melhores entradas da série "Capuchinho Vermelho". E agora, com grande ênfase no "vermelho", sem dúvida. Cada vez gosto mais deste blogue, tem coesão política, imenso sentido de humor e grande variedade estilística e de gostos e interesses. E sabem entrar a matar quando é preciso. Parabéns, continuem assim.

10:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pela primeira vez, ao ver-se reflectida no espelho, ela achou a cor da sua capa bastante enervante. “Como é possível uma cor impor-se sem discrição?” considerou, irritada. Mas o vermelho não estava só no tecido que ocultava a sua barriga inchada de vida e de agitação. Em breve – calculava em semanas – esse líquido escarlate cobrir-lhe-ia as virilhas e desceria quente, empurrado pela natalidade que há meses lhe deformava o corpo outrora de sereia. “Talvez por isso te associem ao natal”, especulou olhando ainda com raiva a capa escarlate. “Pelo sangue derramado. Sangue quando parimos ou abortamos, sempre esse líquido primordial no limite do visível. Sim… porque o infra-vermelho já não é mais perceptível.” Nesse momento, repara que também os seus olhos estão encarnados. Talvez tenha chorado. A gravidez torna as mulheres particularmente sensíveis. E nem à capa escapa tamanha perturbação. Capuchinho está grávida e é a favor do aborto. Está de luto também, ao mesmo tempo que se alimenta somente de morangos e cerejas que lhe tingem os lábios. Todas as bocas do mundo deveriam estar em sintonia. As que comem e as que expulsam. “Que violência”, pensa amargurada. “Estarei a ficar comunista?” Olha uma última vez para o ventre que ainda não acredita ser o seu e afaga-o com um sorriso ambíguo. “O bebé chamar-se-á Eritro”, decide enternecida. Mas antes, o que desejo mesmo com muita força, energia e paixão é ver-me livre do Lobo Mau.” E logo arquitecta um plano para seduzir o caçador.

9:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ó Morais:"discretamente capitoso"?Como é possivel uma coisa capitosa ser discreta?É praticamente uma contradição.

11:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Está visto que a desnalgada da Capuchinho,alem de judia dos quatro costados,é comuna e faz campanha pelo "sim" no aborto;a puta da Avozinha era da Carbonária e ia para a cama com o Afonso Costa,cuidar-lhe da disfunção eréctil,quando o gajo estava com os copos;o cabrão do Lobo,que hoje asila no Bloco de Esquerda,entrou no assalto ao Santa Maria,assaltou bancos com o Palma Inácio,conspirou com o Tareco pai na Capela do Rato,andou no MES com o Jorge Sampaio e foi fundador das FP-25de Abril. Com estas companhias permanentes e obsessivas,dá vonta de dizer "tenha vergonha,ó Morais!

12:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

gualter=luis lima;auto-elogio?

10:38 da tarde  

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