Perto do Escorial
Em 1592, no reinado de Felipe II, não muito longe de Madrid, para os lados do Escorial, um lobo cego ouviu, na floresta sombria, o canto do Capuchinho Vermelho que, desta feita, também era invisual. Esta voz, fresca e ligeiramente acidulada, atraiu o lobo. Um pouco mais tarde, já na cama da avozinha (que ostentava um rico baldaquim carmesim), Capuchinho Vermelho, na sua nudez grácil, acariciava com uma lentidão voluptuosa a que não faltava uma pitada de repulsa, as grandes mãos, os grandes pés, as grandes orelhas, as enormes órbitas vazias, os dentes imensos e acerados do lobo.
16 Comentários:
Traduza lá isso por miúdos, que não percebo peva.
O capuchinho,na sua nudez grácil,acariciando com uma lentidão voluptuosa as mãozorras`, os pézões e seguramente a tomatada do ferocíssimo lobão faz-me uma tusa do caraças.Ó Morais acabe lá com essas brincadeiras que eu já não aguento mais.
Não internem o Morais e depois admirem-se.
Então e a avòzinha,essa velha depravada,estava debaixo da cama a masturbar-se que nem uma danada,não era?
Olha, uma adivinha. Boa!
Ora vamos cá ver.
"Em 1592, no reinado de Felipe II, não muito longe de Madrid, para os lados do Escorial, [...] o canto do Capuchinho Vermelho que, desta feita, também era invisual" é capaz de ser o da princesa de Éboli, bonita, culta, enigmática, cega do olho direito e, por essa data fatídica ou enfadada, detida pelo rei no paço ducal de Pastrana, a 15 km da capital.
O "[lobo cego a quem ela] acariciava com uma lentidão voluptuosa a que não faltava uma pitada de repulsa, as grandes mãos, os grandes pés, as grandes orelhas, as enormes órbitas vazias, os dentes imensos e acerados" só pode ser mesmo o que ficou registado no livro de visitas. E o capuchinho é para dar com ele, tal como a avózinha.
Mas há mais qualquer coisa no rico baldaquim carmesim que me está a escapar. Lá se chegará, mais tarde ou mais cedo. Para enojar o tédio, nada como não saber tudo.
Acertei?
Lololol Estes comentários estão um espectáculo!!!! Aposto que o Roberto se fartou de rir. Eu achei-os o máximo. Aproveito para lhe dizer que só pelos títulos já sei quando uma prosa é da sua autoria. Gostava de ler um livro seu. E por falar em livros, deixo-o com um excerto de uma obra de uma amiga minha que partilha consigo esse estranho elo de lobos e cegueira:
"Sonhei que vivia numa cidade, na qual ocorriam inúmeros homicídios e violações. O ambiente pesava como chumbo, as pessoas tinham medo do seu próprio reflexo nos espelhos. Nenhuma força policial conseguia pôr termo à onda de crimes, que considerei típicos de um macho alfa. Decidi, então, ir para o campo e, nessa altura, levei a minha namorada comigo. Ela existe só no sonho – acrescenta, ao ver uma mudança quase imperceptível no rosto de Sara. – E quando estamos no campo, a rapariga volta-se para mim e anuncia-me que está cega. Perco a cabeça e grito-lhe: “Não estás nada cega! Isso é impossível! Porque me mentes?”. Ela assusta-se com a minha reacção e inicia uma corrida louca pelos bosques. Eu vou no seu encalço. Corro tanto como ela e, ao longe, aproximando-se cada vez mais, ambos ouvimos o uivo dos lobos. E de repente, apercebo-me que me transformei, que sou um lobo que a persigo e, nesse momento, tenho a noção clara de que fui eu o autor dos crimes na cidade. Depois, acordei."
Caro Pedro Botelho:
Curiosa a sua associação com a bela, instável e meia-cega Ana de Mendoza, princesa de Eboli, que tantos problemas causou a Santa Teresa D'Ávila. Só que - e corrija-me se estiver errado - a dita princesa foi presa por Filipe II em 1580 (ano fatídico também para Portugal) e terá falecido no Paço de Pastrana no dito ano de 1592.
Também Pastrana fica muito longe do Escorial, a cerca de 100 quilómetros, em linha recta, e a mais de cinquenta de Madrid (para sudeste), na província de Guadalajara.
Por razões meramente geográficas e cronológicas, a misteriosa e complicada Ana de la Cerda ficará assim afastada do papel de Capuchinho Vermelho.
A não ser que o Caro Roberto esteja a utilizar uma liberdade poética como as que Verdi empregou em D. Carlos. Assim sendo, quem seria o lobo? António Perez? Não me parece muito. E a princesa era freira carmelita em 1592.
Abraço a ambos
Tem razão quanto aos pormenores: os 15 km que encontrei eram a partir dos limites da comunidade autónoma e não da cidade, e nem me apercebi disso. E também deve ter razão quanto às liberdades poéticas originais. Mas do outro lado da balança tem a cegueira, o rei, o tempo e a alimária que juntos pesam muito mais.
Uma das curiosidades destas adivinhas é que permitem a quem as imagina -- e a mais ninguém -- verificar que o verdadeiro e o falso não são uma e a mesma coisa, nem nos devem ser indiferentes. E mais não se pode dizer para não deitar tudo a perder.
Sem dúvida, Caro Pedro.
Gostaria de saber o que se ganha com estas entediantes exibições de cultura avulsa, sob a forma de rebuscada adivinha "pour épater"...
Tem toda a razão o António Maria. Porque é que o Pedro Botelho e o Carlos Portugal não escrevem para a
http://www.useless-knowledge.com/ ? :-)
Vocês são uns ignorantes que não percebem mesmo nada.
Anónimo: «Tem toda a razão o António Maria. Porque é que o Pedro Botelho e o Carlos Portugal não escrevem para a useless knowledge ? :-)»
Cá vai uma história utilitária para fazer concorrrência aos UFOs do anónimo: a história de Misha Defonseca.
Ganda barrete, esse da Misha! Antes o Mogli do Kipling.
E não sei se reparou no mais fascinante de tudo que está aqui nesta notícia.
«E não sei se reparou no mais fascinante de tudo»
As minhas desculpas. Não é nessa página que o mais fascinante de tudo se encontra. Aí refere-se apenas a vigarice da editora Daniel, mas as co-vigarices de autora e editora estão mais bem explicadas aqui.
Onde também se referem os blurbs do Nobel Wiesel, o tal que acha, como muitos dos nossos amigos bloguistas mais combustíveis, que nunca se deve tentar visualizar (e muito menos investigar) as monstruosas câmaras de gás do «Holocausto». E que consegue escrever a sua «Noite» auto-biográfica falando apenas em crianças sacrificadas vivas pelo fogo, para variar...
É caso para perguntarmos o que seria, por exemplo, este filme (premiado com globos de ouro) se o homem lobo do Homem não fosse alemão e as vítimas judias:
Não há bebés em Sobibor!
Alerta ao gás!
Libelo de sangue? Bom, felizmente os governantes alemães estão atentos e fazem os seus possíveis para meter na cadeia os revisionistas do «Holocausto» que querem atomizar Israel (com palestinianos a bordo e tudo) a partir de Teerão...
Como diz o britânico David Irving, com bastante piada: "Memo to Berlin: you blew it last time you tried to dictate the rules, in 1945; remember?..."
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