A direita detergente

A nossa direitinha lava mais branco. Tão branco, que até compete com a esquerda na lavagem do passado. Hoje, no Panteão Nacional, com o "Alto Patrocínio" do Presidente da República (bem feita, que é para aprenderem a não votar!), vai haver uma grande sessão de homenagem ao general Humberto "Coca-Cola" Delgado, do qual a História oficial omite o passado de apoiante duraço e "ultra" do antigo regime (até esteve no Alcazar de Toledo após a vitória franquista, e disse certa vez a um visitante espanhol que achava o salazarismo "pouco fascista"), para salientar apenas o troca-tintas ideológico e "kamikaze" político que cuspiu no prato onde andou a comer anos e anos, e manter a todo o custo o polimento do conveniente mito do "sem medo". Pois a nossa direitinha "Omo" vai alinhar com a esquerda que estimulou, manipulou, apoiou e depois abandonou Humberto Delgado, mas despudorada e hipocritamente o celebra sempre que pode, e dedicar-lhe uma grande barrela... perdão, cerimónia, com apresentação, leitura de poemas e evocação de palavras do autor do "Manual da Legião Portuguesa" por actores e actrizes sortidos (o drama!), com uma discursata "do centenário" por Pacheco Pereira (a "cultura"!) e uma "actuação" do conhecido cantor antifascista Miguel Ângelo (o horror!). O que se segue para a nossa direita "Fairy Ultra"? Uma homenagem a Álvaro Cunhal nos Jerónimos?