domingo, fevereiro 18, 2007

A última carta do General Kuribayashi


"Among the men who fought on Iwo Jima, uncommon valor
was a common virtue" - Chester Nimitz, Almirante

«Cartas de Iwo Jima» parece-me ainda melhor que “As Bandeiras dos nossos Pais”, o da perspectiva ianque do assalto a Iwo Jima. Agora, Clint Eastwood quis fazer uma homenagem ‘aos do outro lado’, àqueles que aí tombaram pelo Imperador sob o heroísmo sereno e a inteligência do Tenente-General Tadamichi Kuribayashi, o comandante japonês. Esse fundo trágico, o realismo das cenas e a excelente dramatização despertam-nos uma empatia profunda com o estilo exemplar de Kuribayashi durante toda a missão – que ia ser a última e «até ao último homem». «Não esperem voltar vivos para casa», assim os avisou a todos lealmente.

Os detalhes dos preparativos de defesa são escassos, se comparados com o formidável esforço historicamente registado, mas é destacada a decisiva inovação estratégica realizada por Kuribayashi, que opta por iludir os Marines e o poder aeronaval do inimigo durante o desembarque e atacá-lo só depois, de forma substantiva e fulminante, quando as praias estiverem já pejadas de invasores mais ou menos confiantes. Uma complexa rede de casamatas para fogo cruzado, túneis e abrigos subterrâneos, foram especialmente construídos para apoiar uma guarnição inteiramente entrincheirada que assim permaneceu incólume sob os mais pesados bombardeamentos. Uma defesa que resistiria tenazmente nas posições preparadas, sem autorização para realizar contra-ataques em larga escala ou ‘cargas Banzai’. Toda a eficácia para servir dois objectivos: provocar baixas terríveis e ganhar o máximo de tempo para a defesa do Japão. O inimigo apenas podia ser atrasado e Kuribayashi não tinha ilusões. (*)
Por outro lado, o filme desenha um percurso de situações sucessivas que parecem conjugar-se numa tentativa de devida separação do Trigo e do Joio nessa 'Via Heróica'. É uma mensagem que se vai definindo mediante a dissidência assumida ou o comportamento errático de alguns oficiais. Sem filosofar, Kuribayashi acaba por se tornar um Mestre na “Tradição em Acção" e actua pedagogicamente. Ele não diz que o caminho do Dever tem que submeter a ânsia de afirmação pessoal, que não se podem trair os objectivos que o Serviço impõe, que a Fidelidade manda cumprir e que a Honra está nessa condição. Que sem a disciplina de procedimentos, ditada pelo Conhecimento nas circunstâncias da Acção, não há obediência aos objectivos, não há 'Via' - apenas alguma arrogância insolente e ignorância; que assim não há Serviço, e o Sacrifício é inútil. Ele não diz. Mas cumpriu o Destino sob este implícito 'Código Invisível'.

Talvez pudessem ser essas as linhas de uma última carta de Iwo Jima, escrita no tempo pelo exemplo de Kuribayashi e só agora bem entregue por tão boas mãos.
VL

(*) Dos 22.000 elementos da guarnição, apenas se renderiam 216. Os cerca de 70.000 efectivos americanos desembarcados, de um total de 110.000, sofreram 25,851 baixas, incluindo quase 7.000 mortos, durante 35 dias de duros combates que, segundo o previsto, não deveriam ter durado mais de 5. Foi o único grande confronto da guerra em que os Estados Unidos tiveram mais baixas que os japoneses. E aquele que, só por si, concedeu 25% das Medalhas de Honra atribuídas aos Marines em todo o conflito.

24 Comentários:

Blogger Pedro Botelho said...

As minhas principais críticas ao filme são duas:

1) Continua-se a americanizar exageradamente os «bons inimigos».

2) Continua-se a falsificar o carácter total e racial da Guerra do Pacífico, transformando práticas muito generalizadas (e mesmo fomentadas aos mais altos níveis, o que não é o mesmo que dizer «por toda a gente a esses ou outros níveis) como a não tomada de prisioneiros, em episódios incaracterísticos e relativamente excepcionais.

O mesmo se poderia dizer -- embora já não se aplique de forma relevante ao presente filme que diz respeito apenas à pequena ilha de Iwo Jima -- da habitual «cassette» da «inclinação natural ao sucídio» das populações civis japonesas (como em Okinawa), ocultando-se o que foi na realidade uma das mais impiedosas guerras raciais da História. Para mais informação sobre este assunto, recomenda-se vivamente este livro: War Without Mercy: Race and Power in the Pacific War, de John W. Dower, Pantheon 1987 (ISBN-13: 978-0394751726).

2:14 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

E não viesse este cromo chatear com minhoquices... Ó Botelho, és um velho onanista!

1:38 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

«Minhoquices», prezado Radikal, são em minha opinião as futilidades que se opõem ao essencial.

3:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Grande filme, apesar de tudo. Banzai!

5:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

7:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ó sr. Botelho...

Um tão notável louvou à honra, à valentia e ao espírito militarista, por contraponto ao poderio massificado e sem valores da democracia ianque, e o sr vem estragá-lo com pormenores?...

Se o filme fosse sobre Vassalo e Silva, viria o sr. dizer que os indianos se queixam dos crimes genocidas de Vasco da Gama? claro que não...

7:55 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

«Se o filme fosse sobre Vassalo e Silva, viria o sr. dizer que os indianos se queixam dos crimes genocidas de Vasco da Gama? claro que não...»

Julgo que não me terá entendido. Quando falava em guerra racial e total, não me referia apenas a um dos lados, ou melhor dizendo, referia-me a ambos através do carácter da guerra em si. Por isso recomendei um livro cujo título diz tudo: War Without Mercy: Race and Power in the Pacific War.

Para responder à sua pergunta: se o filme fosse sobre Vassalo e Silva, diria eu que os indianos, de um modo geral, não se queixaram muito de Vasco da Gama, nem do dito governador do Estado da Índia. Do que eles se queixaram, e com razão, foi do estatuto colonial da parcela da sua terra que conseguiram recuperar com um mínimo de violência.

8:37 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

«Um tão notável louvo[r] à honra, à valentia e ao espírito militarista, por contraponto ao poderio massificado e sem valores da democracia ianque, e o sr vem estragá-lo com pormenores?...»

Faltou a resposta a esta parte do seu comentário, que já não tem muito a ver com o filme: um dos valores da «democracia ianque» (eu preferiria dizer «revolução americana»), a de 1776 e não alguma das suas paródias mais recentes, consiste justamente na oposição dos conceitos de «guerra de libertação» e «espírito militarista».

9:10 da tarde  
Blogger Vítor Luís said...

«da sua terra que conseguiram recuperar com um mínimo de violência.»

Sorte a deles. Mas para escrever 'pérolas' destas não vale a pena perder tempo. São lugares comuns que se explicam pela ignorância - ou pela petulância...

Tudo na Índia era já praticamente gerido pelos naturais. E, ao que fui informado, só não estava lá um general goês porque aquele a quem se poderia ter dado o governo-geral era "ainda mais duro que o Afonso de Albuquerque", num cargo que exigiria grande flexibilidade.
O Pedro Botelho percebe da América, percebe de Guerra do pacífico, e de 'Holocáustico' também. O que me parece é que de Portugal não percebe nada. E da Índia ainda menos.

VL

4:54 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11:34 da manhã  
Blogger Pedro Botelho said...

«Sorte a deles. Mas para escrever 'pérolas' destas não vale a pena perder tempo. São lugares comuns que se explicam pela ignorância - ou pela petulância...»

Serei o primeiro a conceder o meu erro se o prezado VL (que até pode ter estado na Índia e conhecido tudo aquilo em primeira mão) quiser contribuir para o meu melhor esclarecimento com alguns dados contrários ao «mínimo de violência» que referi, mas até lá continuarei a pensar que, por exemplo o gen. Francisco Cabral Couto (que também lá esteve, como capitão, em 1961) não se afasta muito da verdade quando no seu livro recente «O Fim do Estado Português da Índia -- 1961» escreve -- a propósito de um episódio em que um pelotão indiano de carros de combate se apercebe de que poderia destruir facilmente («em um minuto») um pelotão de reconhecimento portuguêse e contudo não o faz -- que «todas as tropas [indianas] têm instruções severas para só provocarem baixas em situações extremas».

Parece-me que «petulância» é querer ignorar os factos: a quase ausência de combates em 1961 não se deveu só à desobediência ao «Senhor Professor» cuja estratégia suicida -- a mesma que redundou em imensa catástrofe em África -- não foi seguida; deveu-se também à inegável moderação por parte das forças indianas. Parece-me que não teria custado nada vingar os séculos de ocupação (do seu ponto de vista) esmagando as poucas forças portuguesas através, por exemplo, da força aérea que poderia actuar sem o mínimo risco...

«Tudo na Índia era já praticamente gerido pelos naturais. E, ao que fui informado, só não estava lá um general goês porque aquele a quem se poderia ter dado o governo-geral era "ainda mais duro que o Afonso de Albuquerque", num cargo que exigiria grande flexibilidade.»

Já agora: que lhe aconteceu depois? Veio para a metrópole? Foi executado pelos indianos? Ou integrou-se no exército do «inimigo»?

«O Pedro Botelho percebe da América, percebe de Guerra do pacífico, e de 'Holocáustico' também.»

Obrigado. Vou fazendo os possíveis, mas todos não somos demais...

«O que me parece é que de Portugal não percebe nada.»

Bem, não me posso igualar de modo algum à portuguesíssima «brigada da saudade» com o seu fadinho do «Portugal do Minho a Timor». Mas esse Portugal, das duas uma: ou descobriria uma forma da fazer parar o tempo, ou se conformaria a uma nova condição africana que nunca foi a sua...

«E da Índia ainda menos.»

Nem todos podemos perceber de tudo, mas como disse, sempre podemos ir tentando...

11:04 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Perguntava eu próprio: "Já agora: que lhe aconteceu depois? Veio para a metrópole? Foi executado pelos indianos? Ou integrou-se no exército do «inimigo»?"

Já agora, explico melhor as razões da pergunta, a propósito do tal general goês que invoca. Como não me ocorre nenhum militar português de origem goesa conhecido e com patente de oficial general em serviço na metrópole depois da queda do Estado da Índia, inclino-me a acreditar que a tal figura que cita sem nomear, não terá seguido esse caminho. O que deve querer dizer que, ou foi executado, o que certamente provaria a tese da vindicta e falta de generosidade por parte dos indianos; ou então até é capaz de ter sido integrado no exército indiano, o que provaria pelo menos que afinal não era «ainda mais duro que o Afonso de Albuquerque»...

11:28 da tarde  
Blogger C said...

Caro VL,

http://cachimbodemagritte.blogspot.com/2007/02/na-segunda-feira-o-new-york-times.html

Creio que este tema interessá-lo-á de certeza, "criacionistas fora da Universidade". Trata-se de um postal a denunciar mais um caso e desta vez na terra dos "gringos".

Saudações,

1:11 da manhã  
Blogger Vítor Luís said...

O «mínimo de violência» ficou a dever-se à «resistência mínima» que as fraquíssimas forças portuguesas opuseram...
E nem foi Vassalo e Silva o autor da rendição, é de justiça dizê-lo: quando ordenou o cessar fogo já a defesa se tinha desmoronado há horas, por via das rendições em cadeia. Desde a falta de equipamento básico, munições e instruções precisas, tudo preparava o desastre. De resto, pesem as atitudes de Salazar, a Índia estava praticamente desarmada. Já hoje se sabe como e porquê. Costa Gomes, o 'agente americano', teve a ver com isso.

Da Índia sei tudo em «segunda mão» é certo, mas por via de muitos oficiais que lá serviram. Um deles, Óscar Cardos, chegou a ter que arrombar um armário que tinha sido fechado a cadeado para obter armas para se bater - dever que outros oficiais recusaram. Quanto ao nome do general, infelizmente não o sei, quem me informou também não o sabia. Mas não é relevante para a qualificação da Índia Portuguesa como um exemplo de administração autónoma. Ela valia por si. A invasão foi uma manobra do 'pacifista' Nehru para superar problemas internos. Mas, ainda que explicável politicamente, ainda que "moderada", é isso aceitável? Deve um português admitir que se tratou de uma excelente «rectificação da História?» Refiro-me a um português, não a um "cidadão consumidor"...

A 'estratégia de Salazar' era «suicida», pois claro. Mas a de Churchill, que ordenou à guarnição de Hong kong que resistisse atá à morte aos japoneses, seria mais 'prática'? A dimensão destas questões escapa-lhe, 'cidadão Botelho'. Não se pronuncie. Coce só o seu umbigo, não diga nada.

E a 'imensa catástrofe em África' foi um resultado da mesma 'diabólica' 'estratégia suicida'? Ou não terá sido uma tão lógica como criminosa consequência do processo do 25 de Abril e dos seus trapalhões? Mas então Salazar também tem culpa do 25 de Abril? E por que não D. Manuel I, esse imperialista 'fora do tempo', que teve a 'culpa' do Império?
Pedro Botelho, não percebes nada, mesmo nada, de Portugal.

Trato-te por tu, Pedro Botelho, porque sei muito bem quem és - e tu sabes muito bem quem eu sou. Num ponto concordo contigo, mesmo quando não escreves a sério: é óbvio que não te podes igualar à portuguesíssima gente que tem saudades de Portugal «do Minho a Timor». Mas nunca foi um 'fado', foi uma Missão, um grande Desafio que não era para medíocres. Hoje, resta defender a Memória do que foi e o Sonho do que poderia ter sido.

Agora já vemos a Verdade: é muito melhor morrer na Bósnia ou no Afeganistão, nas guerras dos outros. É muito mais 'do tempo', é mais 'avançado'.

'Cidadão Botelho', continua a ler o teu 'Skeptical Inquirer' e não venhas 'debater'. Eu não vou 'debater' mais nada contigo, porque é inútil.
VL

2:09 da manhã  
Blogger Pedro Botelho said...

VL: «A 'estratégia de Salazar' era «suicida», pois claro. Mas a de Churchill, que ordenou à guarnição de Hong kong que resistisse atá à morte aos japoneses, seria mais 'prática'?»

Com certeza que era, por duas razões básicas:

1) A estratégia militar do Churchill no Extremo Oriente apoiava-se na Índia e na Austrália, e os japoneses operavam ofensivamente longe da su própria pátria, com linhas de comunicação ainda mais delicadas. Muitos analistas diriam até que a Guerra do Pacífico estava perdida a partir do momento em que o Japão se encontrou em guerra simultaneamente com os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a China, para já nem falar na provável entrada em guerra da União Soviética se o desastre a Oeste fosse evitado. Portanto as chances de vitória a prazo eram bem melhor que inexistentes. E a resistência em praticamente todos os locais onde fosse possível resistir fazia todo o sentido. Por exemplo: o Yamashita tomou Singapura, defendida por 90.000 homens, com efectivos de apenas 65.000, a maior derrota da História do Império Britânico (pela qual pagou com a vida, no julgamento-fantoche aliado do pós-guerra). Aliás é interessante notar que não foi só o Churchill que ficou furioso com o desastre europeu no Extremo Oriente: o Hitler parece que também, como concordam vários testemunhos directos! E claro que teria feito imenso sentido o velho Perceval sair do casulo em vez de se encerrar à espera de oportunidade de rendição!

2) As perspectivas políticas britânicas também estavam longe de ser desesperadas porque, ao contrário dos portugueses, os britânicos perceberam que apesar de todas as «conversas imperiais», existem «ventos da História» que não se podem ignorar. Daí a promoção atempada das colónias a domínios independentes, e (mais tarde) a nações dentro de um "Commonwealth". Claro que muitas descolonizações europeias podiam ter corrido melhor, mas poucas decorreram de forma tão catastrófica como a portuguesa: as sequelas ainda estão à vista nos martirizados países africanos que resultaram da quebra generalizada da ordem, seguida da retirada sem rei nem roque do pós-25 de Abril.

«A dimensão destas questões escapa-lhe, 'cidadão Botelho'. Não se pronuncie. Coce só o seu umbigo, não diga nada.»

Prezado VL: «coçar o umbigo» foi o que Salazar & Caetano fizeram, e os resultados estão à vista.

«E a 'imensa catástrofe em África' foi um resultado da mesma 'diabólica' 'estratégia suicida'? Ou não terá sido uma tão lógica como criminosa consequência do processo do 25 de Abril e dos seus trapalhões?»

Vamos lá ver se nos entendemos. Quando se tem a responsabilidade de governar um país, «nobreza obriga» e as responsabilidades históricas da estratégia do «círculo de carroças até ao último homem» devem ser assumidas por quem não soube prever os resultados, ou se mostrou indiferente a eles, pelas clássicas razões, bem egoístas e provincianas, do «depois de mim, o dilúvio» (como salientou, a meu ver muito bem, Rui Ramos numa pequena colecção de excelentes ensaios históricos intitulada «Outra Opinião»). Ora o 25 de Abril não foi um fenómeno meteorológico imprevisível. Pelo contrário!

Um dos problemas das descolonizações europeias foi frequentemente não se ter percebido que as «guerras de libertação» de tipo colonial, uma vez iniciadas, só podem ser derrotadas se se consegue canalizar as forças que as animam em nosso favor, rumo basicamente a esse bem inestimável que é a independência, mas concedendo-a em condições que salvaguardem também os interesses legítimos dos países colonizadores. Não quer dizer que resulte sempre, mas às vezes resulta: resultou por exemplo na Malásia, onde os ingleses derrotaram os comunistas com a ajuda dos restantes malaios, rumo à independância; resultou também nas Filipinas, onde os americanos e um estadista inteligente chamado Ramón Magsaysay derrotaram as guerrilhas dos Huks etc..

«Trato-te por tu, Pedro Botelho, porque sei muito bem quem és - e tu sabes muito bem quem eu sou.»

Não o quero desiludir, mas neste momento somos três a usar o nome do Pedro (incluindo o próprio!). E ainda menos o desejaria desiludir ao confessar-lhe humildemente que não faço ideia de quem o prezado VL seja, para além do nome e de algumas coordenadas que um amigo comum (nenhum de nós os três, mas provavelmente esse em que está a pensar, já que só conheço duas pessoas que o conhecem a si!) me forneceu, por altura da polémica em torno das razões por que o misterioso Jansenista se recusava a comer sandes mistas. Penso aliás que os nossos interlocutores mais atentos se apercebem rapidamente que existem muitas nuances váriaveis nas opiniões da «troika». Pudera! Combine um jantar com o nosso amigo comum um dia destes e terei muito prazer em comparecer.

«Agora já vemos a Verdade: é muito melhor morrer na Bósnia ou no Afeganistão, nas guerras dos outros. É muito mais 'do tempo', é mais 'avançado'.»

Concordo inteiramente com a sua ironia. Penso que os EUA e a UE teriam feito bem em não meter o bedelho no que não lhes diz respeito. Como penso que a NATO devia ter sido extinta com o Pacto de Varsóvia. Perderam-se oportunidades valiosas de construir coisas realmente importantes e de alcance histórico, só para se ganhar um minuto ilusório de poder absoluto que não vai durar muito. E esses erros, como outros no passado, vão ser pagos.

«'Cidadão Botelho', continua a ler o teu 'Skeptical Inquirer' e não venhas 'debater'. Eu não vou 'debater' mais nada contigo, porque é inútil.»

«Cidadãos» se faz favor. E tudo vale a pena quando a ialma não é pequena.

4:49 da manhã  
Blogger C said...

"os britânicos perceberam que apesar de todas as «conversas imperiais», existem «ventos da História» que não se podem ignorar. Daí a promoção atempada das colónias a domínios independentes, e (mais tarde) a nações dentro de um "Commonwealth"."

Quem diz isso é porque na verdade não sente Portugal do Minho a Timor, que Portugal e sua alma são unas e indivisíveis e já deu para ver que nem muito menos conhece as gentes do Império...Não vale a pena mesmo discutir. Um dia, tal como todos nós, teremos de prestar contas aos nossos antepassados...

Viva Portugal!

8:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

cidadão vl e cidadão botelho, olhem que isto é só uma joke!

os inimigos são os gajos e as gajas de esquerda.

não se enxofrem, por favor!

viva o carnaval.

12:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Judeus de Direito, só à cachaporrada!

2:15 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Pois é. São estas coisas que dão mau nome ao antisemitismo nazifascista. A história das sandes era uma simples e transparente brincadeira, mas é claro que tinham logo que aparecer os mal humorados para estragar tudo.

3:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

sr. Botelho, o camarada foi impiedosamente insultado pelo jans, por isso não venha agora solidarizar-se com quem tão mal o tratou.

4:44 da tarde  
Blogger Vítor Luís said...

INSULTOS
Estas áreas de comentários livres a cada post são agora administradas directamente pelos autores do post.
O meu critério é muito simples: eliminarei qualquer tipo de 'comentários' com insultos, explícitos dirigidos a qualquer dos participantes, individualmente ou ao seu conjunto, e a autores de blogs que eu considere merecedores de respeito, independentemente das suas ideias.
O comentário de 'Acção directa' poderia caber neste neste âmbito, mas mantem-se para que o post seguinte entretanto inserido, de Pedro Botelho, não perca o sentido.
VL

1:15 da manhã  
Blogger Vítor Luís said...

Regressando a Curchill
e para terminar o debate com o cidadão Tricéfalo (?) Botelho


« Never give in. Never give in. Never, never, never, never - in nothing, great or small, large or petty - never give in, except to convictions of honour and good sense. Never yield to force. Never yield to the apparently overwhelming might of the enemy… »
Winston Curchill - Discurso na Harrow School, a 27 de Outubro de 1941

Esta frase de Churchill poderia também justificar as decisões de Salazar sobre o Ultramar.E é também uma homenagem aos soldados ingleses que tombaram em Hong kong 'apesar de tudo'. Quanto 'tempo' foi preciso para os aliados voltarem a Hong Kong? A resistência inglesa foi praticamente fútil. O que sobra são as 'justificações branqueadores' que, aliás, também não faltaram em Iwo Jima para tornar aceitáveis as terríveis baixas americanas.

Do ponto de vista do Estado a situação da Índia Portuguesa de 1961 é relativamnente equivalente à de Hong Kong em 1941, na perspectiva da defesa do conjunto territorial. Que não é a tua, mas era a de Salazar. Também Salazar procurava ganhar tempo - 7 a 10 dias, salvo erro, para resultar a pressão diplomática, segundo apurei. A situação no terreno não o permitiu. A sabotagem tinha sido realizada ao mais alto nível militar. Não é por acaso que o general Botelho Moniz seria demitido, falhado o 'golpe de Março/Abril de 61, e Salazar assumiria também a pasta da Defesa. Como Churchill em 1940.

Aproveito para referir o exemplo de Oliveira e Carmo, comandante da lancha Vega e o da tripulação do 'aviso' Afonso de Albuquerque, que lutaram até ao fim. Também eles poderiam ter escrito, como nas Termópilas: «estrangeiro, vai a Lisboa dizer que morremos aqui por obedecer às suas leis». Outros exemplos houve, menos conhecidos, e são todos dignos de respeito.

Quanto aos "Ventos da História", francamente, há que os desmistificar. O recuo da Europa, a reordenação das grandes potências, após Bandung, o fracasso do Suez e a 'descolonização' neo-colonialista nunca impediram Portugal de defender militarmente os territórios africanos ainda dependentes da Metrópole para um desenvolvimento efectivo. Seriam precisos, talvez mais 10 ou 15 anos para a sua maturidade política e institucional, a paz defendida com o sucesso possível,
numa conjuntura internacional mais favorável dominada por Reagan e Tatcher, por exemplo.

Entretanto, ao ver a situação actual da África, eu diria que não foram bons 'ventos', mas sim uma crise aguda de flatulência política e estratégica. É dela que deriva a degradação e a miséria que hoje obriga milhares de desgraçados a uma desesperada 'fuga em frente' para a Europa.

Finalmente, dado o grau da nossa divergência, este debate não tem mais sentido assim porque os pressupostos subjacentes são muito diferentes, de parte a parte. É deles que tudo decorre e é nesse nível que está a raíz da oposição.
Haveria que os discutir primeiro.

Recuso as visões românticas oitocentistas, utópicas, igualitárias, libertárias ou socialistas, combinadas com um racionalismo positivista e redutor. Nem falo do 'Materialismo Dialético' ou do Marxismo, esse 'ópio dos intelectuais'. És demasiado individualista para isso. Mas o resto, domina a tua argumentação. Creio que tudo isso está ultrapassado, é hoje apenas a base do discurso 'politicamente correcto' e não serve para explicar a realidade.

É precisamente Nesse plano que aqui não quero discutir. Não faço debates sobre esses temas com 'tricéfalos assumidos'(olha a promiscuidade: três em um!) 'embuçados', 'jansenistas','Corcundas' ou repentistas anónimos em geral. Portanto, cidadão tricéfalo Botelho, eu não vou 'debater' mais nada contigo. Fica-te com a tua, que eu fico com a minnha. Dou por encerrada a questão sans rancune, e não aceitarei mais comentários nesta linha, como é aqui meu direito.

No teu blogue tens toda a liberdade de expressão.

VL

4:10 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Disse o VL: «O comentário de 'Acção directa' poderia caber neste âmbito, mas mantem-se para que o post seguinte entretanto inserido, de Pedro Botelho, não perca o sentido.»

Claro que concordo com a retirada dos insultos. No caso vertente, recomendaria mesmo a retirada da sequência, incluindo o tal post que, por mim, não só pode «perder o sentido» sem problema nenhum, como até pode desaparecer, uma vez que se torna inútil. Há certas regras que os comentários devem respeitar sob pena de isto se tornar uma galeria de mud-fighting e tricas de comadres. O resto interessa-me muito pouco. Interessam-me ideias, não me interessa minimamente saber quem é quem, ou quem é o quê. Se alguém quiser nomear um comité à la Nicholas Bourbaki para discutir alguma coisa específica, é a discussão que me interessa, não é o comité: é uma posição como outra qualquer e melhor que muitas.

4:55 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home