Insegurança crescente em Lisboa
A minha mãe, uma senhora quase octogenária, foi alvo de uma tentativa de assalto na rua onde vive - Rua Latino Coelho, centro de Lisboa, zona do Saldanha, bairro normalíssimo de classe média -, às 10 da manhã de ontem. Seguia pelo passeio quando um carro potente, de vidros fumados, passou junto a ela e, lá de dentro, por um vidro apenas entreaberto, alguém disse: "Como vai, está boa? Como vão os filhos?".
A minha mãe não identificou o carro nem a voz, e como além de desconfiada e precavida, está a par das notícias de assaltos a idosos, respondeu que não estava a ver quem era e continuou a seguir o seu caminho. De dentro do carro, insistiram: "Não me diga que não me está a conhecer... Se se chegar aqui e entrar para o carro, vê logo quem é". Aí, a minha mãe já nem respondeu e seguiu direita para um hotel que há na rua, para estar junto de pessoas. Do carro, insistiram: "Vou ali parquear e a senhora vê logo quem sou". Por esta altura já a minha mãe estava à porta do hotel e o carro seguiu rua abaixo. É mais do que óbvio que os ocupantes andavam à procura de senhoras de idade incautas, que se chegam à beira do vidro para ver quem as está a interpelar, e ficam sem a carteira num abrir e fechar de olhos.
Chegada a casa, a minha mãe ligou para a esquadra da PSP mais próxima - situada na Avenida Miguel Bombarda -, comunicou o caso e aproveitou para perguntar porque é que não se tem visto polícia no bairro há muitos meses. Dantes, costumava inclusivamente haver sempre polícias de piquete às embaixadas da África do Sul e do Vaticano, situadas no eixo da Rua Latino Coelho com a Avenida Luís Bivar.
O agente, sempre muito simpático e prestável, assinale-se, pediu alguns segundos para consultar o mapa de rondas, e informou a minha mãe que, efectivamente, não havia policiamento no bairro "há bastante tempo", e que até os referidos polícias de serviço permanente às embaixadas haviam sido retirados. Ambas as coisas devidas "à falta de dinheiro". E mais disse: a própria esquadra do bairro de onde estava a falar vai fechar em breve. "E a quem recorremos quando acontecer alguma coisa grave aqui no bairro, ou for preciso polícia com urgência?", inquiriu a minha mãe. Resposta do agente: "Pois é, minha senhora... não sei o que lhe dizer. O que pode tentar é fazer um abaixo-assinado com mais pessoas do seu bairro, o maior número que puder juntar, e entregá-lo na Junta de Freguesia. De resto, não a posso ajudar com mais nada".
Curiosamente - ou talvez não - a falta de dinheiro para assegurar o policiamento regular do bairro onde a minha mãe mora parece não afectar a embaixada de Israel, situada na Rua António Enes. Certamente por se temer um ataque terrorista, ou talvez uma missão suicida de comandos iranianos, parte da António Enes está fechada com barreiras desde a fracassada invasão do Líbano pelos israelitas, faz agora dois anos, e há polícia pesadamente armada de guarda ao edifício, 24 horas sobre 24 horas.
Que Câmara Municipal é esta, que privilegia uma representação diplomática estrangeira com condições de segurança excepcionais, e deixa sem policiamento os moradores de um bairro inteiro, ignorando também outras embaixadas situadas nesta zona?
De certeza que se neste bairro residisse um membro do governo, estava a casa do dito guardada de sol a sol. Não há por aí um senhor ministro que queira vir para aqui morar? A zona é boa e sossegada. E era maneira de, pelo menos, a vizinhança ver polícia na rua todos os dias.
A minha mãe não identificou o carro nem a voz, e como além de desconfiada e precavida, está a par das notícias de assaltos a idosos, respondeu que não estava a ver quem era e continuou a seguir o seu caminho. De dentro do carro, insistiram: "Não me diga que não me está a conhecer... Se se chegar aqui e entrar para o carro, vê logo quem é". Aí, a minha mãe já nem respondeu e seguiu direita para um hotel que há na rua, para estar junto de pessoas. Do carro, insistiram: "Vou ali parquear e a senhora vê logo quem sou". Por esta altura já a minha mãe estava à porta do hotel e o carro seguiu rua abaixo. É mais do que óbvio que os ocupantes andavam à procura de senhoras de idade incautas, que se chegam à beira do vidro para ver quem as está a interpelar, e ficam sem a carteira num abrir e fechar de olhos.
Chegada a casa, a minha mãe ligou para a esquadra da PSP mais próxima - situada na Avenida Miguel Bombarda -, comunicou o caso e aproveitou para perguntar porque é que não se tem visto polícia no bairro há muitos meses. Dantes, costumava inclusivamente haver sempre polícias de piquete às embaixadas da África do Sul e do Vaticano, situadas no eixo da Rua Latino Coelho com a Avenida Luís Bivar.
O agente, sempre muito simpático e prestável, assinale-se, pediu alguns segundos para consultar o mapa de rondas, e informou a minha mãe que, efectivamente, não havia policiamento no bairro "há bastante tempo", e que até os referidos polícias de serviço permanente às embaixadas haviam sido retirados. Ambas as coisas devidas "à falta de dinheiro". E mais disse: a própria esquadra do bairro de onde estava a falar vai fechar em breve. "E a quem recorremos quando acontecer alguma coisa grave aqui no bairro, ou for preciso polícia com urgência?", inquiriu a minha mãe. Resposta do agente: "Pois é, minha senhora... não sei o que lhe dizer. O que pode tentar é fazer um abaixo-assinado com mais pessoas do seu bairro, o maior número que puder juntar, e entregá-lo na Junta de Freguesia. De resto, não a posso ajudar com mais nada".
Curiosamente - ou talvez não - a falta de dinheiro para assegurar o policiamento regular do bairro onde a minha mãe mora parece não afectar a embaixada de Israel, situada na Rua António Enes. Certamente por se temer um ataque terrorista, ou talvez uma missão suicida de comandos iranianos, parte da António Enes está fechada com barreiras desde a fracassada invasão do Líbano pelos israelitas, faz agora dois anos, e há polícia pesadamente armada de guarda ao edifício, 24 horas sobre 24 horas.
Que Câmara Municipal é esta, que privilegia uma representação diplomática estrangeira com condições de segurança excepcionais, e deixa sem policiamento os moradores de um bairro inteiro, ignorando também outras embaixadas situadas nesta zona?
De certeza que se neste bairro residisse um membro do governo, estava a casa do dito guardada de sol a sol. Não há por aí um senhor ministro que queira vir para aqui morar? A zona é boa e sossegada. E era maneira de, pelo menos, a vizinhança ver polícia na rua todos os dias.
5 Comentários:
O custo da segurança exterior de representações diplomáticas e residências particulares de membros do governo está a seu cargo e não do contribuinte. Se a embaixada da África do Sul ou do Vaticano considera que não há motivo para custear o policiamento das suas embaixadas e Israel sim, é com eles e não com o comando da PSP (apenas o permitido ao agente fora do seu horário de serviço).
No caso da embaixada dos EUA esta tem direito a protecção policial permanente concedida pelo governo português. Depende do grau de risco atribuido a cada país.
Antigamente as embaixadas e consulados em Lisboa tinham, obrigatoriamente, presença policial providenciada pelo município e governo. Morei muito tempo perto da embaixada italiana e a presença policial era custeada oficialmente. Só se as regras mudaram recentemente.
Dorean Paxorales: «O custo da segurança exterior de representações diplomáticas [...] está a seu cargo e não do contribuinte».
E o custo do encerramento de uma rua, também está incluído?
Pergunto porque o encerramento da rua da embaixada de Israel ocasiona transtornos e o pessoal -- uma vez que isto por cá ainda não é própriamente uma Palestina murada -- pode querer saber se deve enviar a conta e a exigência de indemnização ao estado judeu (como ele próprio se intitula).
Basta de exploração! A constituição dá o direito à habitação e não fala nos 6 euros de renda obrigatória. Que podem duas etnias oprimidas fazer senão exigir o seu cumprimento e desatar aos tiros por um amanhã melhor num Portugal mais multi-habitacional?...
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