terça-feira, fevereiro 27, 2007

Afro-Wagner

Alguém me pode explicar o que está a fazer um cantor negro na 'Valquíria' do São Carlos? Aquilo é Wagner, não é o 'Otelo' - muito menos o 'Porgy e Bess'.

29 Comentários:

Anonymous Anónimo said...

Coitado do Wagner! Deve estar aos saltos no túmulo.

4:24 da tarde  
Blogger Leocardo said...

Não é por nada, mas desde quando um "cantor negro" é "negro" antes de ser "cantor"?

4:40 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Abre perspectivas absolutamente inovadoras. Para já porque o seu papel é o de Siegmund, marido de Sieglinde e pai do herói Siegfried que só nasce na ópera seguinte do Ciclo. Se nascer loirinho a coisa vai-se complicar na família Sieg...

4:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Na 'Valquiria' é como o anúncio do Restaurador Olex, ó Leocardo.

5:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um preto na 'Valquíria'? Não é natural... Hehehehehe!

5:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Leocardo és mesmo uma besta pá.
Já vistes algum preto a fazer de branco (tirando o mickael jackson que se pintou todo de branco)?

8:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estão a mandar a cultura Ocidental pelo cano multicultural abaixo.

8:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Apoio com muita convicção, dado ser a mais cruel realidade dos tempos "actuais" dos pseudo culturais Ocidentais! Apoio o comentário feito pela Truta.

9:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Suponho que esteja tão deslocado como aqueles lourinhos de olhos azuis estão na maioria das gravuras de Cristo que era judeu, semita e não-louro.
Ai pessoal, como eu vos adoro. Este blogue é o melhor site satírico nacional. Nunca saio daqui mal-disposto. Só tenho pena que haja tanta gente que não perceba a vossa fina ironia e ache, por exemplo, que este post do Abreu é sério, em vez da excepcional piada que é.

11:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A próxima foto do Wagner é de rastas e a fumar um joint....

5:41 da manhã  
Blogger Pedro Botelho said...

«Só tenho pena que haja tanta gente que não perceba a vossa fina ironia e ache, por exemplo, que este post do Abreu é sério, em vez da excepcional piada que é.»

Vamos lá ver se se consegue explicar em poucas palavras.

A crítica do Victor Abreu tem cabimento pelas seguintes razões:

1) O Wagner, mais do que ninguém, encarava a ópera como a arte de palco total em que às palavras e à presença teatral dos intérpretes se junta a música e o canto, os cenários e a encenação, formando um todo onde a fidelidade ao libretto e à música adquire uma grande importância. Por outras palavras: uma ópera não é só o som, é também a integração do som com o espectáculo visual, a coerência da encenação com a história que nos é contada etc..

2) O que se critíca, se bem entendo, não é a pessoa de cor negra, que até pode ser um excelente intérprete, como tal, mas sim a sua escolha para distribuição de um papel característico num ciclo baseado -- livremente, é verdade, mas não sob esse aspecto -- no mito germânico. Porquê? Porque falseia aspectos essenciais da história que nos é contada. Não haveria objecção de maior se, por exemplo, o papel do intérprete negro fosse o de alguma das personagens que se torna necessário mostrar como «diferentes» na ambiência mitológica do ciclo, como por exemplo o anão Alberich (proveniente das forjas subterrâneas e à falta de um genuíno cantor anão, como, por motivos óbvios, é normalmente o caso!) ou por exemplo Loge (a versão germânica do deus Loki dos escandinavos, pérfido, excêntrico e astuto). E isto não por os negros serem particularmente anões, pérfidos ou astutos, mas simplesmente por serem estrangeiros, exteriores, à ambiência principal do mito.

3) Não quer isto dizer que não seja lícito e desejável que se procurem variações e até novas formas de encenar os mitos wagnerianos, quiçá contra os desejos do próprio autor/compositor (senão ninguém podia ver o Parsifal fora de Bayreuth, nem se podiam fazer adaptações cinematográficas etc.), porque o génio tem um preço. O problema é que a criatividade, à semelhança da fidelidade, não existe, a regra foi destruída e as «variações re-desconstrutivistas sistematizantes» (como diria Yarra) passaram a imperar em exclusivo. Esse é que é o problema. Quando foi a última vez que o meu amigo ouviu falar de alguma representação de Wagner com heróis, deuses, capacetes e lanças, em vez de chefes de repartição, prostitutas e chapéus-coco? Essa versão -- a original, para o caso de não saber -- desapareceu da história. E daí a irritação, perfeitamente compreensível, do Victor Abreu com mais um aspecto que, no fundo, não seria grave se não viesse na peugada de tanta trafulhice.

4) Dou-lhe mais um exemplo: considere o Mahabharata (o colossal épico nacional indiano). Peter Brooke fez, há alguns anos atrás, uma excelente adaptação para palco (três peças ao longo de 9 horas) e televisão (5 horas), que se caracterizava precisamente pela participação de intérpretes das mais variadas origens e etnias (a própria génese indo-europeia do mito e seu crescimento numa Índia que é, ela própria, um labirinto de etnias diversas, poderiam aliás ser invocados em favor de uma tal visão). O resultado, em minha opinião, foi brilhante: um magnífico exemplo -- de resto repleto de adereços guerreiros, como carroças de combate, armas e outros equipamentos -- de como uma «variante» pode trazer a universalidade dos grandes mitos à tona. Mas essa variante não se tornou única: o mesmo épico e partes dele continuam a ser abordados regularmente pelos indianos, com todos os seus «trajes e adereços originais», em versões com intérpretes locais. E note que não se trata aqui de uma ópera ou ciclo de óperas bem delimitado, mas de todo um enorme ciclo épico sem um autor único e intenções bem identificáveis.

Penso que não se tratará portanto de «racismo» no caso da reacção a um Siegmund negro no meio dos restantes intérpretes brancos, e sim de notar mais uma incongruência, depois de todo um rol interminável de traições e viciações cénicas à la longue irritantes.

11:27 da manhã  
Blogger Pedro Botelho said...

«como aqueles lourinhos de olhos azuis estão na maioria das gravuras de Cristo que era judeu, semita e não-louro.»

Permita-me que discorde.

Concordarei consigo num primeiro aspecto: o de que a tipologia física de fantasmas extra-históricos só pode depender das convenções culturais que os criam.

Mas não concordarei com a sua conclusão: primeiro porque o mito cristão tem uma génese sincrética, sobretudo judaica, mas não unicamente (são notórias as contribuições de numerosos cultos helenísticos, não necessariamente de origem judaica e que não sobreviveram como religiões até aos tempos modernos, para o seu nascimento e crescimento); e segundo porque a mitologia do cristianismo se desenvolveu basicamente no Ocidente (chamemos-lhe assim) latino e grego, onde a figura principal do mito adquiriu feições não-judaicas (no seu sentido de «judeu semita» anterior ao influxo kazar visível no ramo asquenaze) e até claramente «arianas» no cristianismo católico europeu.

É portanto inteiramente correcto representar Jesus Cristo como ele se encontra representado em quase toda a pintura e estatuária medievais europeias. De idêntico modo se representa Buda com feições orientais, apesar da sua origem indiana e até da sua possível existência histórica com feições de pessoa real, coisa que nem sequer poderia ser invocada a propósito de Jesus Cristo, cuja origem é claramente mitológica, por razões irrelevantes para o presente debate.

12:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ai,ai, estes racistas armados em intelectuais de direita ...
Quem vos ler até pode pensar que são arianos puros ( se é que isso existe)!

12:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bem, Sr. Botelho, é isso mesmo. Não é racismo, é incongruência.

1:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pedro Botelho, és um arrogante nazi-fascista xenófobo com conversa de intelectual finaço. Tens dinheiro para ir à ópera e ainda te queichas!

1:36 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Martim: «Ai, ai, estes racistas [...]. Quem vos ler até pode pensar que são arianos puros ( se é que isso existe)»

Martim, a sua noção de «raça pura» não é lógica, a não ser numa perspectiva criacionista, porque o próprio conceito de «raça» (ou «etnia» se preferir) só pode, para fazer algum sentido, implicar um longo influxo de contribuições para uma determinada herança genética. Outra coisa será dizer, por exemplo, que certas características hereditárias predominantes num determinado grupo étnico parecem mais desejáveis que determinadas características de outro. Claro que não me parece justo nem desejável que se estendam implicações estatísticas a indíviduos, e é por aqui que passa o problema do racismo: dizer que os «suecos são mais altos que os portugueses» pode perfeitamernte fazer sentido, mas não faria sentido pretender que não existem muitos portugueses mais altos que muitos suecos. E também não parece justo que se construam sociedades baseadas em imposições de quotas raciais como muitas vezes pretendem os anti-racistas de opereta (na realidade os piores racistas, que poderiam por vezes ser chamados de racial-masoquistas), no que respeita, por exemplo, à restrição do acesso à universidade ou ao emprego das etnias que obtêm melhores resultados, de forma a incrementar o acesso das que obtêm os piores.

Mas que tem o problema do racismo a ver com a desconstrução sistemática do Wagner? Se a Carmen nos trajes espanhóis que o seu autor lhe atribuíu tivesse desaparecido dos palcos e dos écrans, para dar lugar a toda uma série de «deturpações livres», cada uma delas pior que a anterior, não lhe parece compreensível que um chinês a tourear sem capa ou uma esquimó a tocar castanholas sem castanholas, pudessem irritar um pouco? Note que coloquei a minha ênfase no se e no desaparecido.

1:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Barreiro vermelho: «Pedro Botelho [...] Tens dinheiro para ir à ópera e ainda te queichas!»

Isso de queichas não era na Sra. Manteiga Voadora?

1:43 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Disse eu próprio: «e segundo porque a mitologia do cristianismo se desenvolveu basicamente no Ocidente (chamemos-lhe assim) latino e grego, onde a figura principal do mito adquiriu feições não-judaicas»

Deveria ter dito: «prosseguiu» ou «se implantou», melhor do que «se desenvolveu». Aqui não havia revisões da História ou do papel dos principais inventores do cristianismo, como o São Paulo histórico e os primeiros evangelistas (canónicos ou não), na sequência da tradição essénica.

2:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não polemizo com a extrema-direita.

5:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

«Barreiro vermelho: «Não polemizo com a extrema-direita.»

Ó Sr. Vermelho, olhe que esse tipo é mais para os lados do ambidestro fruta-cores. É uma confusão que ninguém o entende!

7:28 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Hehehe, estes dois fazem-me lembrar uma resposta do Cesário Verde a quem o interpelou como «Sr. Azul»: «Diga lá, Sr. Troca-Tintas»...

9:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ò Botelho, mostra-te como és e não te escondas sob pinturas quinhentistas; bem podias era ter escolhido no avatar uma foto ou pintura do tempo do socialista Hitler e do seu III Reich, que tanto pareces admirar, não?

O tal que tinha como compositor favorito o sr. ... Wagner!

11:18 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

«bem podias era ter escolhido no avatar uma foto ou pintura do tempo do socialista Hitler»

O melhor avatar é o que faz esgravatar.

«e do seu III Reich, que tanto pareces admirar, não?»

Não. Um regime horrível que punha tudo a marcar passo, valha-nos zeus!

12:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Então "esgravata" à vontade ò Botelho, podes por exemplo ver se encontras muitas dissemelhanças entre o socialiasmo do III Reich alemão e a III Républica.
Ou sobre o papel dos "Media" na ascensão e imposição do da ditadura socialista do III reich e o papel dos Media na na a. e imp. da ditadura socialista portuguesa desta III Répública.

Cala o bico Botelho, e reduz-te à tua insignificância pré-formatada!

9:51 da tarde  
Blogger Pedro Botelho said...

Carlosi: «podes por exemplo ver se encontras muitas dissemelhanças entre o socialismo do III Reich alemão e a III Républica.

Ora vamos lá ver. Parece-me que concordaremos, mais coisa menos coisa, e todos os descontos feitos às diferentes épocas em apreciação, que de facto, em matéria de «comparação de socialismos», não haverá grande diferença. E o mesmo pode ser dito de praticamente todos os regimes ocidentais do pós-guerra. Se é aí que quer chegar, o liberalismo económico setecentista parece de facto ter passado à história, como até as próprias reformas que os liberais modernos propõem parecem demonstrar. E depois? Não percebi onde quer chegar.

«Ou sobre o papel dos "Media" na ascensão e imposição do da ditadura socialista do III reich e o papel dos Media na na a. e imp. da ditadura socialista portuguesa desta III Répública.»

Idem.

2:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vai-te catar, facho pedante!

7:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Porquê tanto ódio aos fachos pedantes, amigo Tovaritch? Não é melhor a paz e a concórdia à sombra dum fascismo de rosto humano?

9:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que nojo! Não volto mais aqui, é um esgoto ideológico!

10:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tovarich, fique por favor. Os fascistas de rosto humano não são tão maus como os faz. Mas se tiver que ir, seja, vá e que deus o acompanhe.

11:13 da tarde  

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