quarta-feira, janeiro 31, 2007
A cereja no topo do bolo (do 1.º ano)
Acabámos de receber o visitante n.º 45.500 (quarenta e cinco mil e quinhentos)!
terça-feira, janeiro 30, 2007
Sóclates na China
Chinês mais velho: Que chatice, a visita desse Sóclates, logo agola que andamos tão ocupados com a nossa ofensiva em Áflica, a plepalal os jogos olímpicos e a fingil que sabemos o que são os dileitos humanos! Vamos fazel assim: telefonas ao tio Fu e ao plimo Lin, dizes-lhes para fingilem que são ministlos, mostlam umas vistas ao homem e à comitiva dele, vão comel pato à pequinense a uns lestaulantes típicos, fazem-lhes muitas vénias e soliem-lhes semple, lepetem a flase «choque tecnológico» sem palal, e depois assinam uns contlatos de expoltação de bolas de pingue-pongue e de pauzinhos pala eles voltalem pala Poltugal a julgalem que fizelam uns negócios da China.
Chinês mais novo: Sim, senhol ministlo!
Entretanto, no Brasil...
Vinicius e Toquinho, 'Tarde em Itapuã'. Numa noite gelada e chuvosa, saudades de onde nunca estive: «ao sol que arde em Itapuã».
Leitura recomendada
Acabadinho de sair na Assírio e Alvim. Inclui, entre muitos outros textos (são quase 400 páginas), o 'Manifesto Anti-Dantas', o 'Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX', 'Modernismo' e, para os cinéfilos, 'Desenhos Animados Realidade Animada'. Trata-se de uma conferência escrita «expressamente a convite da Empresa do Cinema Tivoli para a apresentação do filme de Walt Disney 'Branca de Neve e os Sete Anões'», proferida a 21 de Novembro de 1938 no referido cinema. Almada interrompeu-a a meio e despediu-se elegantemente, segundo o testemunho de João Gaspar Simões, presente na sala, devido aos «catarros» e «más-criações» de um público que elegantíssimo «por fora mostrou ser grosseiríssimo por dentro». Hoje, seriam os telemóveis a apitar.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Grandes Portugueses
Escrevia o insuspeito 'Sol' no fim-de-semana que Salazar comanda a votação final do programa 'Grandes Portugueses', com significativa vantagem sobre Álvaro Cunhal. Ó diabo! Será mais uma cabala dos "blogues nazis"?
Xeque-mate
No pátio de uma casa grande e apalaçada de Odessa, numa noite de 1925, à luz do petróleo, em presença do comissário do povo e de alguns agentes da polícia política (GPU) disfarçados de vendedores de castanhas assadas, o Lobo e o Capuchinho Vermelho jogam xadrez. Quem ganha pode comer o outro. O Lobo perde. Capuchinho preferia não comer o animal pois a sua carne repugna-lhe um pouco. Tenta falar de perdão, de esquecer as ofensas, de generosidade. Aí nota um leve franzir de sobrolhos do mais gordo dos vendedores de castanhas, aquele que os outros parecem respeitar. Muda então de opinião. Pede ao comissário do povo que mande chamar o carniceiro mais próximo para que degole o Lobo e um cozinheiro para que confeccione um guisado. Vê então que o vendedor gordo, que é também aquele que tem o bigode maior, lhe sorri com um ar bonacheirão.
domingo, janeiro 28, 2007
Combata o frio
'Fever', Peggy Lee. Afasta o frio e não quer nada com a gripe. Esta "febre" é outra e também aquece muito.
Cartão vermelho
Georges Frêche, presidente da região do Languedoc-Roussillon do Partido Socialista francês, disse em Montpellier que havia negros a mais e brancos a menos na selecção nacional de futebol: "Nove 'blacks' num onze". O partido mostrou-lhe o cartão vermelho directo.
sábado, janeiro 27, 2007
Ó da guarda!
Chocadíssima com a revelação, feita pela sua camarada Helena Pinto, de que o Blogue do Não estava a dar voz a "blogues nazis", Leopoldina Cascagrossa, militante de base do Bloco de Esquerda, percorreu ontem as ruas de Lisboa no seu potente automóvel, gritando a quem a queria ouvir: "Não dêem voz à extrema-direita! Cortem-lhe a língua! Arranquem-lhe as cordas vocais! Ó da guarda! Os nazi-fascistas! Eles defendem o Holocausto! O genocídio dos arménios! O massacre das focas no Alasca! O suicídio dos lémingues! Protejam a vida! Votem sim no referendo do aborto!". A alterada bloquista acabou por esmagar o seu bólide contra uma parede do Estádio do Restelo, julgando ver uma cruz gamada na Cruz de Cristo de "Os Belenenses".
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Bandeira vermelha
Em 1915, em Genève, Capuchinho Vermelho, de trinta anos de idade, protestante, filha e esposa de banqueiro, oferece a Vladimir Ilitch Oulianov, dito Lenine, a sua capa curta com capuz dos tempos de ninfeta para que dela faça a bandeira da revolução que está para vir. Vladimir Ilitch beija a jovem senhora na boca e diz-lhe: "É um costume lá da minha terra." Agradece-lhe o presente. Ignora ainda se a capinha pairará algum dia, flutuando, nos céus de São Petersburgo. Tem as suas dúvidas mas não quer desencorajar aquela ainda apetitosa burguesa que cheira a perfume caro, discretamente capitoso.
A citação da semana
«Nasci na religião hebraica mas depois converti-me ao narcisismo.»
Woody Allen, no filme 'Scoop'
Woody Allen, no filme 'Scoop'
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Onde não há história possível
Há regiões em que os lobos se comem entre si e detestam a carne humana. Ali as borboletas voam sem que ninguém as olhe. As avelãs aborrecem-se e apodrecem nas aveleiras. As avós fazem paciências nas suas casas isoladas, dispondo as cartas em cruz. Ninguém acciona os trincos das portas para as abrir de fora. É também lá que os celibatários têm que moer o seu próprio chocolate que depois aquecem e bebem sózinhos. Lá ainda que os Capuchinhos Vermelhos se fecham na cozinha da mamã, miúdas inchadas, balofas, opadas, que se abarrotam de bolachinhas, manteiga e marmelada. Aí não há história possível.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Vox Populi
Ouvido hoje de manhã, no Metropolitano:
Primeira jovem: "Vais votar 'sim' no referendo ao aborto, é?"
Segunda jovem: "Sim, votar 'sim' é o que está a dar. É 'fashion', amiga!"
Primeira jovem: "Tá-se!"
Primeira jovem: "Vais votar 'sim' no referendo ao aborto, é?"
Segunda jovem: "Sim, votar 'sim' é o que está a dar. É 'fashion', amiga!"
Primeira jovem: "Tá-se!"
Porque hoje é quarta (8)
Penso no Roberto de Moraes, que em tempos me convocou para este seu Jantar — de onde há mais de um ano saiu este nosso Blog —, e daqui lhe envio um forte abraço.
terça-feira, janeiro 23, 2007
Conspiração
Moshe Katsav, o Presidente de Israel, vai ser acusado de abuso de poder e de violação. Mais uma escandalosa conspiração anti-semita da extrema-direita. E a União Europeia, não se mexe?
segunda-feira, janeiro 22, 2007
domingo, janeiro 21, 2007
Inelutável
Na constelação do Leão, o Capuchinho Vermelho é uma poça redonda e vermelha, formada por um líquido cujo sabor e cheiro evocam simultaneamente o mar e o mel. O Lobo é um triângulo negro sedento que, atraído pelo cheiro do Capuchinho fluido, desliza silenciosa e inelutavelmente sobre o solo, percorrendo milhares de quilómetros para o saborear.
Viver à Custa do Estado
«Quase metade dos portugueses vivem à custa do dinheiro do Estado,
entre salários, reformas e subsídios do orçamento.
As contas foram feitas pelo Jornal de Notícias.
Ao todo, mais de quatro milhões e meio de portugueses têm como principal fonte de rendimento dinheiro que vem do orçamento de Estado.
A maior fatia vai para os reformados e funcionários públicos.
No final de 2006, contavam-se cerca de dois milhões
e setecentos mil reformados e 737 mil funcionários públicos.»
É assim que a 'classe politica' compra os votos enquanto Portugal estagna, afogado nas dívidas e na corrupção.
Um Estado transformado numa vasta gamela, um 'monstro' torpe e improdutivo que asfixia as energias e consome os recursos nacionais.
As 'más notícias', entretanto, chegaram: não é possível manter este Cancro, desenvolvido há décadas pela voracidade dos 'gestores' públicos, por políticos mentirosos e pela ilusão popular.
Reconhecer a Verdade
É preciso reconhecer a verdade, os portugueses não foram apenas enganados - enganaram-se.
Em todas as eleições correm de partido para partido, como 'baratas tontas' à procura de uma solução impossível, almejando uns 'trocos' para uma sobrevivência cada vez mais problemática, alimentando todavia as mais irrealistas ambições, num inconsciente jogo bacoco, a tentar enganar a Vida e a Morte. É preciso dizer-lhes, francamente, que se consideram muito 'espertos' mas nunca estiveram tão vulneráveis à demagogia e à manipulação, nunca foi tão fácil iludí-los e explorá-los. E foi assim mesmo que escolheram o 'semi-engenheiro' Sócrates. Bravo!
As 'más notícias', entretanto, chegaram: não é possível manter este Cancro, desenvolvido há décadas pela voracidade dos 'gestores' públicos, por políticos mentirosos e pela ilusão popular.
As Alternativas Envenenadas
A 'Direita' e a 'Esquerda' que temos são coniventes em muito mais que o essencial, são as duas faces de um 'Janus' ignóbil que se alimenta do Estado, do estado 'a que isto chegou'. Do Estado e das Empresas públicas. Os ineptos instalam-se em tudo o que 'valha', com o pragmatismo e a habilidade dos enxames de gafanhotos...São públicos e notórios a ineficiência, o nepotismo e a corrupção. Mais a Justiça que não funciona, ou é inócua, e a Saúde, e a Educação, e...É o reino da mediocridade e da clientela. Qual é o espanto? «É fartar, vilanagem!» Para quê dizer mais?
Este é o Estado 'deles', é um 'estado de térmitas', não é o Estado de Portugal. Para quem queira guardar Integridade, Inteligência e Honra esta situação e os seus agentes inibem o necessário consenso para uma qualquer 'Nova Política', inibem qualquer capacidade de acção, qualquer 'realismo' contemporizador. É inútil, tudo haveria de falhar. Eles não suscitam senão um profundo vómito, tão intenso que exclui qualquer pragmatismo...
Outra atitude, menos radical mas equivalente, detecta-se no despovoamento silencioso do aparelho político por parte daqueles para quem a competência e a dignidade ainda contam.
As 'más notícias', entretanto, chegaram: não é possível manter este Cancro, desenvolvido há décadas pela voracidade dos 'gestores' públicos, por políticos mentirosos e pela ilusão popular.
Já só nos resta, 'vivo e activo', metade de Portugal, mas as 'más notícias' afinal são boas.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Cenas tristes no Canadá
A peça 'My Name is Rachel Corrie', sobre a activista americana de 23 anos que morreu esmagada em 2003 por um 'bulldozer' israelita na Faixa de Gaza, quando tentava impedir a demolição de casas de palestinianos, já foi encenada e premiada em Londres e em Nova Iorque (aqui, «off-Broadway», após ter sido boicotada nesta). Mas quando a CanStage, a maior companhia teatral amadora canadiana, quis levar a peça ao palco em Toronto, incluída na sua temporada 2007-08, viu-se impedido de o fazer. Isto porque, segundo a insuspeita revista 'Variety', 'My Name is Rachel Corrie' "poderia alienar a comunidade judaica de Toronto". E as maiores pressões vieram de dentro da própria companhia, nomeadamente de alguns membros do conselho de administração e da filantropa Bluma Appel, que deu o nome ao teatro-sede da CanStage e afirmou: "Disse-lhes que reagiria muito mal a uma peça que fosse ofensiva dos judeus". E assim os membros da CanStage ficaram a saber que o melhor mesmo é optarem uma adaptação teatral de 'Os Diários de Anne Frank'.
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Em plena Floresta Negra
Na província de Württemberg, em plena Floresta Negra, no dealbar do século XIX, Capuchinho Vermelho inventava músicas para todos os momentos da sua existência quando, cantarolando, trauteava para os seus botões: um hino para despertar, uma tiroleza para se vestir, uma melopeia lenta para cozer os pãesinhos e bater a nata para fazer manteiga, uma salmodia para dizer adeus à mamã, um blues inquieto para penetrar na floresta ameaçadora, uma balada alegre e fresca para correr atrás das borboletas, uma arieta mais murmurada que cantada para perguntar à avózinha como accionar o trinco da porta, uma barcarola voluptuosa para se despir em frente do Lobo, uma litania em forma de ladainha para o questionar, enfim um breve réquiem à espera de ser comida. O Lobo, esse, só conhece uma cantiga: a do mal-amado.
A anedota do dia
«O Partido Socialista está unido no combate à corrupção»
Ricardo Rodrigues, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, há bocado na SIC Notícias
Ricardo Rodrigues, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, há bocado na SIC Notícias
quarta-feira, janeiro 17, 2007
À defesa
E o defensor de Aristides de Sousa Mendes no concurso 'Grandes Portugueses' da RTP é... José Miguel Júdice.
QREN
O governo de José Sócrates tem uma fixação a roçar o erótico por siglas. A mais recente é QREN. O que significa? Significa apenas que, envolvido no pomposo "tecnocratês" do costume ("sustentabilidade estrutural", "gestão das intervenções", "implantação operacional", "visão integradora", etc, etc.), vem aí mais dinheiro da Europa para ser desperdiçado, desaproveitado, desviado, mal aplicado, queimado, desastradamente investido ou indevidamente empochado. E que daqui a uns quantos anos a coisa será apontada, analisada e descrita como mais "uma oportunidade perdida", "um exemplo negativo de utilização" ou "má gestão de fundos comunitários". QREN, pois... Seguinte!
terça-feira, janeiro 16, 2007
Passagem para a Índia
Será que Cavaco Silva e a sua comitiva tiveram tempo para apreciar a produção de Bollywood?
A "liberdade de expressão" na Europa
"A Alemanha, o país que preside este semestre à União Europeia, quer que negar o Holocausto seja convertido em delito nos 27 países que desde Janeiro formam a União. Assim o fizeram saber ontem, membros da delegação alemã que assistiram em Dresden ao conselho dos ministros da Justiça e do Interior da União Europeia." ('El País' de 15 de Janeiro)
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Grandes Portugueses
Isto agora vai ser um taco-a-taco Prof. Salazar/Dr. Cunhal. A menos que, como diz um bem-humorado amigo meu, houver uma imprevista vaga de fundo, fruto de uma desinteressada coligação entre a tampa e a calota - com alguns cândidos hemofílicos do humanismo à mistura-, e o maior português da História venha a ser o comerciante de vistos de Bordéus e herói antifachonazi pré-fabricado. Ah, grandes portugueses!
Sem hesitação
Outra história, versando o tema do Capuchinho Vermelho e do Lobo, conta que, por alturas em que o Capuchinho Vermelho está deitada, nua, já muito chegada ao Lobo, no momento exacto em que a conversa começa a versar sobre os dentes do animal, Capuchinho bruscamente se levanta. Sem cuidar sequer de enfiar as cuequinhas (de simples algodão branco), vestir a saia e ajustar o corpete escarlate, sai de rompante da cabana da avozinha e deita a correr pela floresta fora. Rápida. Muito rapidinha. Aí, ao chegar a uma clareira, dá com as três casas dos Três Porquinhos. Então, sem uma hesitação, entra na mais sólida.
domingo, janeiro 14, 2007
Imigrex (II)
No final do ano passado falei aqui das benesses que o (des)governo se prepara para dar aos imigrantes em terras lusitanas. No início de 2007, somos brindados com as notícias que revelam a intenção governamental de fechar quase duas dezenas de consulados, como oportunamente alertara em comentário um leitor deste blog. Simplificando — como está tão em voga, nos tempos que correm — preferem-se os imigrantes em Portugal aos emigrantes portugueses: os enteados aos filhos. É a demonstração clara da colaboração do (des)governo com as políticas de substituição demográfica praticadas por toda a Europa, de uma forma declarada, descarada, desavergonhada.
As caçadas de Scheidenstern
Em 1921, o astrofísico alemão Wolfgang von Hertzmuschel zu Sproß, da Universidade de Göttingen e do Instituto Max Planck, descobriu uma estrela dupla, situada a doze anos-luz da Terra, a que deu o nome de Scheidenstern.
Ali, os lobos assemelham-se aos daqui apesar de serem, pelo menos, duas vezes maiores. São céleres e uivam como os nossos. Têm órbitas oblíquas e inclinadas e seus olhos chamejantes brilham na noite com cintilações azul-turquesa. Apesar de possuírem poderosíssimas maxilas, são vegetarianos, medrosos e tímidos.
Vivem também em Scheidenstern pequenas e esbeltas criaturas que mal atingem um metro e vinte de altura e se dedicam à caça ao lobo. Usam capuz e mini-saias vermelha e, de maminhas ao léu, perseguem-nos e abatem-nos com setas certeiras e inexoráveis, devorando depois a sua carne crua, apesar do seu aspecto repugnante, rijeza, sabor infecto e cheiro nauseabundo.
Arrancam então os corações daqueles lobos cobardes, metem-nos em potes que fazem lembrar os nossos boiões de manteiga e vão levá-los às velhas da sua tribo que já não dispõem de forças suficientes para caçar.
Glossário
Wolfgang – Wolf (lobo) + Gang (caminho); aquele que se bate como um lobo nos caminhos da vida, seja na guerra, seja na paz.
Scheide – Vagina.
Stern – Espelho.
Hertzmuschel – Berbigão.
Sproß – Grelo.
Universidade de Göttingen – Na Baixa-Saxónia. Fundada em 1737, ligada à Sociedade Max Planck (autor da Teoria dos Quanta e prémio Nobel da Física de 1918) e a um célebre observatório astronómico.
Ali, os lobos assemelham-se aos daqui apesar de serem, pelo menos, duas vezes maiores. São céleres e uivam como os nossos. Têm órbitas oblíquas e inclinadas e seus olhos chamejantes brilham na noite com cintilações azul-turquesa. Apesar de possuírem poderosíssimas maxilas, são vegetarianos, medrosos e tímidos.
Vivem também em Scheidenstern pequenas e esbeltas criaturas que mal atingem um metro e vinte de altura e se dedicam à caça ao lobo. Usam capuz e mini-saias vermelha e, de maminhas ao léu, perseguem-nos e abatem-nos com setas certeiras e inexoráveis, devorando depois a sua carne crua, apesar do seu aspecto repugnante, rijeza, sabor infecto e cheiro nauseabundo.
Arrancam então os corações daqueles lobos cobardes, metem-nos em potes que fazem lembrar os nossos boiões de manteiga e vão levá-los às velhas da sua tribo que já não dispõem de forças suficientes para caçar.
Glossário
Wolfgang – Wolf (lobo) + Gang (caminho); aquele que se bate como um lobo nos caminhos da vida, seja na guerra, seja na paz.
Scheide – Vagina.
Stern – Espelho.
Hertzmuschel – Berbigão.
Sproß – Grelo.
Universidade de Göttingen – Na Baixa-Saxónia. Fundada em 1737, ligada à Sociedade Max Planck (autor da Teoria dos Quanta e prémio Nobel da Física de 1918) e a um célebre observatório astronómico.
sábado, janeiro 13, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Paris revisitada
Estive, muito recentemente, de novo em Paris, onde passei alguns dias. Paris é uma cidade de que se pode falar no plural, tal como os antigos gregos quando se referiam a Atenas. De facto, Paris há muitas, incluindo a do visitante apressado em correr tudo o que é museu, exposição na moda ou espectáculo “qu’il faut absolument ne pas rater” (espectáculo a não perder em caso algum). Esse, passa por lá e nem sequer se apercebe da presença de um mundo que mal aflora e o rodeia, sem dele suspeitar.
É que não se pode pretender conhecer bem uma cidade sem se estar disposto a “perder tempo”. A alma de um grande burgo não se deixa facilmente apanhar; é preciso comunicar com ela, sofrer um pouco nas paragens, cortejá-la e ter paciência, para que ela se dê, se lhe entregue. Olhar em silêncio. E isto sem guia. A recompensa é vermos o que os outros nunca verão.
Assim, mais uma vez me surpreendeu, com emoção renovada, junto a Notre-Dame, magnífica de juventude, o Sena, verde-amarelado, glauco, de dia, e serpente negra de escamas agitadas, misteriosamente ameaçadora, de noite.
Em contraste com o céu cinzento-escuro que faz de Paris, por vezes, uma cidade toda branca, as fachadas lavadas, amarelo-palha, salpicadas de luz, de alto a baixo, como se lhes tivessem atirado com um grande balde de Sol sobre essas velhas casas a escorrer claridade. Visão magnífica que não posso contemplar sem uma vaga ponta de tristeza, a tristeza que me empresta o Sol. A falta de Sol, estranhamente, aquece-me sempre.
Trago indelevelmente em mim a Paris da minha infância e juventude, pois lá decorreu parte da minha formação, educação e aprendizagem. Reminiscências do vivido naqueles quartos de hotelzinho de estudantes, das deambulações nocturnas e diurnas (depois das noitadas), visões hugolianas das gárgulas de Notre-Dame, tudo isso em palco de filme mudo e surdo, despovoado e soturno, à Bergman, simultaneamente ameno e de terror.
Também comigo o cenário dos meus sonhos de então, com uma secreta preferência pela cidade que assim me habita a memória. E, essa, curiosamente, me aparece sempre mais bela, mais interessante, mais misteriosa, mais mágica do que a dos outros.
É que não se pode pretender conhecer bem uma cidade sem se estar disposto a “perder tempo”. A alma de um grande burgo não se deixa facilmente apanhar; é preciso comunicar com ela, sofrer um pouco nas paragens, cortejá-la e ter paciência, para que ela se dê, se lhe entregue. Olhar em silêncio. E isto sem guia. A recompensa é vermos o que os outros nunca verão.
Assim, mais uma vez me surpreendeu, com emoção renovada, junto a Notre-Dame, magnífica de juventude, o Sena, verde-amarelado, glauco, de dia, e serpente negra de escamas agitadas, misteriosamente ameaçadora, de noite.
Em contraste com o céu cinzento-escuro que faz de Paris, por vezes, uma cidade toda branca, as fachadas lavadas, amarelo-palha, salpicadas de luz, de alto a baixo, como se lhes tivessem atirado com um grande balde de Sol sobre essas velhas casas a escorrer claridade. Visão magnífica que não posso contemplar sem uma vaga ponta de tristeza, a tristeza que me empresta o Sol. A falta de Sol, estranhamente, aquece-me sempre.
Trago indelevelmente em mim a Paris da minha infância e juventude, pois lá decorreu parte da minha formação, educação e aprendizagem. Reminiscências do vivido naqueles quartos de hotelzinho de estudantes, das deambulações nocturnas e diurnas (depois das noitadas), visões hugolianas das gárgulas de Notre-Dame, tudo isso em palco de filme mudo e surdo, despovoado e soturno, à Bergman, simultaneamente ameno e de terror.
Também comigo o cenário dos meus sonhos de então, com uma secreta preferência pela cidade que assim me habita a memória. E, essa, curiosamente, me aparece sempre mais bela, mais interessante, mais misteriosa, mais mágica do que a dos outros.
Gato Araújo
Eu acho muita piada a Ricardo Araújo Pereira quando ele faz humor sobre tudo e mais alguma coisa. Já não acho piada nenhuma quando ele fala a sério sobre Álvaro Cunhal. A verdade é esta: consegue-se tirar o humorista do PCP, mas não se consegue tirar o PCP do humorista.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
“Historical sense”
Penso por vezes experimentar aquilo a que os ingleses chamam “historical sense” e os franceses chamam “déjà vu”, embora o sinta fugitivamente pois, ao que creio, é dom bastante raro.
Quero dizer que, de tempos a tempos, ao ouvir uma voz, o som de uma melodia, ao ver uma casa, ao deparar com um recanto de jardim ou ângulo de paisagem, tenho o sentimento exacto (ou julgo tê-lo) de já ter vivido aquele instante, habitado aquela casa, visitado esses sítios, ouvido tais vozes, em tempos recuados.
De resto, nunca tive a impressão de ser um indivíduo completamente despegado, isolado, desligado do mundo, mas, tão somente, um dos anéis de uma longa, extensa corrente.
Dentro dos dons que recebi e sou depositário, leio em mim próprio uma parte imensa de recordações e fundo, de lembranças, de memórias hereditárias.
Quero dizer que, de tempos a tempos, ao ouvir uma voz, o som de uma melodia, ao ver uma casa, ao deparar com um recanto de jardim ou ângulo de paisagem, tenho o sentimento exacto (ou julgo tê-lo) de já ter vivido aquele instante, habitado aquela casa, visitado esses sítios, ouvido tais vozes, em tempos recuados.
De resto, nunca tive a impressão de ser um indivíduo completamente despegado, isolado, desligado do mundo, mas, tão somente, um dos anéis de uma longa, extensa corrente.
Dentro dos dons que recebi e sou depositário, leio em mim próprio uma parte imensa de recordações e fundo, de lembranças, de memórias hereditárias.
Bernardo Marques (1898-1962)
Um dos homens escolhidos 'a dedo' por António Ferro, Bernardo Marques ilustrador, criador publicitário, pintor, decorador, designer gráfico autor de capas fantásticas na década de Vinte e Trinta, foi um artista excepcional, temas e estilos sempre renovados até final dos anos 50.
«Mas as melhores são as que desenhou para as publicações ruidosas do seu amigo António Ferro, que são também do melhor grafismo moderno feito em Portugal. Ninguém melhor que Bernardo Marques podia então inventar as imagens certas para o elogio de Ferro do savoir faire urbano e do seu novo herói, a Imagem.»
António Rodrigues, in Catálogo da Exposição do Centenário do Nascimento de Bernardo Marques, Centro de Arte Moderna da Fundação C. Gulbenkian, Lisboa 1998.
«Mas as melhores são as que desenhou para as publicações ruidosas do seu amigo António Ferro, que são também do melhor grafismo moderno feito em Portugal. Ninguém melhor que Bernardo Marques podia então inventar as imagens certas para o elogio de Ferro do savoir faire urbano e do seu novo herói, a Imagem.»
António Rodrigues, in Catálogo da Exposição do Centenário do Nascimento de Bernardo Marques, Centro de Arte Moderna da Fundação C. Gulbenkian, Lisboa 1998.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Porque hoje é quarta (6)
O Glorioso Sport Lisboa e Benfica trouxe mais uma Taça para Portugal e, simultaneamente, arrecadou mais um «prize money». Coisas estas só acessíveis aos verdadeiramente Grandes.
Perto do Escorial
Em 1592, no reinado de Felipe II, não muito longe de Madrid, para os lados do Escorial, um lobo cego ouviu, na floresta sombria, o canto do Capuchinho Vermelho que, desta feita, também era invisual. Esta voz, fresca e ligeiramente acidulada, atraiu o lobo. Um pouco mais tarde, já na cama da avozinha (que ostentava um rico baldaquim carmesim), Capuchinho Vermelho, na sua nudez grácil, acariciava com uma lentidão voluptuosa a que não faltava uma pitada de repulsa, as grandes mãos, os grandes pés, as grandes orelhas, as enormes órbitas vazias, os dentes imensos e acerados do lobo.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Funções
Foi ministro dos Negócios Estrangeiros e agora é comissário das Sete Maravilhas de Portugal. O que irá o tio Diogo fazer a seguir? Ser apresentador do Circo Chen?
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Viajar, viajar
Quando vejo gente a mais em aeroportos, comboios ou estradas, pergunto-me invariavelmente o que a faz mudar incessantemente de sítio e sou levado a crer que, na maior parte dos casos, não há razão válida a não ser a necessidade de se deslocar para enganar o tédio, o terrível tédio que se encontra no fundo de toda a vida humana onde Deus não está.
Sei bem que há os negócios, os afazeres profissionais, os encontros amorosos ou de família, que pedem viagens, mas muitas vezes tudo isso é invocado como mero pretexto.
Porque não teve ainda tempo para descer ao fundo das coisas, a juventude não sente o tédio na sua dimensão mais terrível, em tudo o que tem de metafísico.
Todavia, com os anos, o homem a quem assiste um mínimo de reflexão, apercebe-se que o tédio é pura e simplesmente uma das faces da morte. Morte essa de que tenta fugir, viajando.
Sei bem que há os negócios, os afazeres profissionais, os encontros amorosos ou de família, que pedem viagens, mas muitas vezes tudo isso é invocado como mero pretexto.
Porque não teve ainda tempo para descer ao fundo das coisas, a juventude não sente o tédio na sua dimensão mais terrível, em tudo o que tem de metafísico.
Todavia, com os anos, o homem a quem assiste um mínimo de reflexão, apercebe-se que o tédio é pura e simplesmente uma das faces da morte. Morte essa de que tenta fugir, viajando.
domingo, janeiro 07, 2007
'Apocalypto'
Recomendo vivamente a nova realização de Mel Gibson, 'Apocalypto'. Além de cumprir uma das vocações naturais do cinema, mas que tem andado esquecida nos últimos tempos - a recriação de culturas ancestrais e a evocação de mundos e modos de vida desaparecidos, numa escala espectacular e em enquadramento aventuroso, mergulhando-nos no seu interior -, é um empolgante filme de acção e não se verga ao "antropologicamente correcto", mostrando a civilização maia muito próximo do que ela deve mesmo ter sido, tirando algumas incorrecções de pormenor e simplificações inevitáveis. O facto da fita ser toda falada em língua maia iucateca também contribui muito para a sua veracidade. Exageramente acusado de ser "muito violento", 'Apocalypto' é, pelo contrário, bastante menos brutal e explícito do que a maior parte do cinema de acção e de terror que se vê pelas telas, esse sim, insistente e gratuitamente cru e sádico. A violência, aqui, é toda justificada pelo enredo, bem como pelas características da sociedade que se reconstitui, simultaneamente desenvolvida e bárbara. (Curiosidade: a páginas tantas, no meio de uma das sequências mais tremendas do filme, Mel Gibson faz uma homenagem a Hergé, a Tintin e a 'O Templo do Sol'). O facto de 'Apocalypto' e do seu realizador estarem sob o ataque dos suspeitos do costume, por contrariarem as piedades multiculturalistas e as visões distorcidas pela correcção política das culturas nativas ancestrais, e por não fazerem o necessário acto de contrição histórico (o filme até já foi criticado por omitir o "genocídio" cometido pelos Conquistadores...) só abonam a favor de ambos.
sexta-feira, janeiro 05, 2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Bach e um copo
Chego a casa, noite dentro, depois de um dia em que vi muita coisa feia, mesmo muito feia, com um pé no Inferno, não longe de visões boscheanas e pitadas de cheiro a enxofre. Será que os crimes dos homens glorificam Deus?
Antes do difícil sono, que livro escolher? Percorro as estantes sabendo bem que, nessas fileiras cerradas, há milhares de livros que nunca mais abrirei. Talvez reler algum filósofo que me rediga: “Nada existe, portanto tudo pode acontecer e, além disso, a importância é nula; o preço é o mesmo.”
Mas não. Antes deitar a mão a um copo de bom tinto e pôr um Bach que, esse, está sempre ao serviço quando se trata de reconfortar a alma.
Antes do difícil sono, que livro escolher? Percorro as estantes sabendo bem que, nessas fileiras cerradas, há milhares de livros que nunca mais abrirei. Talvez reler algum filósofo que me rediga: “Nada existe, portanto tudo pode acontecer e, além disso, a importância é nula; o preço é o mesmo.”
Mas não. Antes deitar a mão a um copo de bom tinto e pôr um Bach que, esse, está sempre ao serviço quando se trata de reconfortar a alma.
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Mais uma do Bloco
Depois do embuste do multiculturalismo, a esquerda folclórica quer agora impôr o multilinguismo no ensino público. O Bloco de Esquerda vai apresentar hoje no parlamento um projecto-lei que defende que os filhos dos imigrantes tenham aulas também nas suas línguas maternas. Qualquer dia, já nem vale a pena ensinar-lhes português.
A escolinha do professor Sócrates
O PS foi governo durante 10 dos últimos 12 anos. Nesses 12 anos, Portugal deixou de ser o tão repetidamente elogiado "bom aluno da Europa", para se transformar no "cábula da turma", o mau exemplo da União Europeia. Por espantoso que pareça, ainda há quem acredite que "desta é que vai ser" com o governo Sócrates. Vamos é acabar, por este andar, postos fora da sala de aula, à chuva, com os sapatos rotos, a bata esgarçada e sem dinheiro sequer para os lápis de cor. E a seguir, a escola é vendida a Espanha.
Porque hoje é quarta (5)
O desenho do primeiro ano de vida do Jantar das Quartas:
entre a montanha-russa e o Olrik n' A Marca Amarela...
terça-feira, janeiro 02, 2007
Natalidade (4)
Em 2006, pela primeira vez, o nome Muhammad entrou na lista dos 50 nomes mais populares dados a rapazes recém-nascidos na Grã-Bretanha.
Natalidade (3)
Os nomes mais populares para rapazes recém-nascidos em Bruxelas em 2005 foram: Muhammad, Adam, Ayoub, Rayan e Mehdi.
Natalidade (2)
Os primeiros bebés nascidos em 2007 em Valência e Palma de Maiorca são filhos de pais marroquinos.